sexta-feira, 30 de março de 2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Escorpião

Mirou e deu o tiro na cara. Estava a quinhentos metros. Ficou olhando pela lente o impacto, feito soco, e a cabeça se desfazendo. Miolos ao ar. Sangue. Seguranças em polvorosa e patéticos, como se esperava. Riu. Deixou a arma ali, no alto do prédio. As luvas cirúrgicas enfiou no bolso. Vestia um terno Ermenegildo Zenga. Para a ocasião especial. Não riu. Não chorou. Cumpriu a missão que o anjo lhe deu. O anjo do mal. Naquela noite de insônia e raios vistos pela janela do sótão. Não era filme. Não era sonho. Ser assassino de assassino. O outro, um genocida. Por não cumprir leis. Por inventar leis em benefício próprio. Por isso ele beijou a ponta da bala. Aquela. Que penetrou bem entre os olhos e arrancou o tampo e o fundo da cabeça. Ao sair do prédio sentiu vontade de Eskibon. Comprou. Foi andando pela ciclovia. Um pedaço da fina camada de chocolate se desprendeu. Caiu na ponta do sapato de cromo alemão. Ele parou, olhou e riu. Uma sabiá pousou ao lado, na grama. Ele olhou e achou que a vida vale a pena. Sirenes ao longe. Faziam o estardalhaço inútil. Ele foi para casa e dormiu. O anjo não apareceu naquela noite.

Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/2011/01/27/horoscopo-282/

VINCENT

VAN GOGH

quarta-feira, 28 de março de 2012

PRO MILLÔR

Arte em Photoshop CS4 - Ricardo Silva

Millôr Fernandes

A ponte entre o Méier e a Vila Alpina foi construída em letras e desenhos impressos. Houve um longo abraço de décadas depois de escancarada a porteira do gueto da ignorância. Ele continuou à frente e eu fui para trás em busca do Vão Gogo. O autodidata mais lúcido deste país sempre a surpreender pela capacidade de criar e, principalmente, se indignar com a incapacidade do ser humano. Digno até a última hora. Trabalhador braçal cuja obra é uma catedral onde devemos rezar sempre e beber os ensinamentos de um verdadeiro gênio brasileiro que nos fez rir e chorar.  Como agora. Obrigado, Millôr.

Por Roberto José da Silva

MILLÔR FERNANDES, ADEUS

O escritor carioca Millôr Fernandes morreu aos 88 anos, às 21h de terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho do escritor, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. Millôr era casado com Wanda Rubino Fernandes, e tinha dois filhos, Ivan e Paula, e um neto, Gabriel.
De acordo com a família, o velório está marcado para quinta-feira (29), das 10h às 15h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. Em seguida, o corpo será cremado.

Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.

Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.
Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Atualmente ele mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.


ADEMILDE FONSECA


FALSIDADE

Por Ticiana Vasconcelos Silva

Meu rapaz,
Eu venho lhe pedir a gentil compreensão
De não me dizeres sim
Querendo dizer não
Por favor, chega de respostas prontas
De que tudo vai dar certo
Pois confesso que agradar não é consolo
E muito menos resignação
É falta de tato e - pior!
Problemas com a imaginação
Faça-me amar-te por não ter resposta
Ou por ser grosso sem razão
Mas não me toques sem jeito
E não se faça de um sujeito que tem boa afeição
Que o sol vai nascer amanhã, eu sei
Mas se estarei viva é que o X da questão.

Fonte: http://paradoxodoser.blogspot.com.br/2012/03/falsidade.html

TARRAFEANDO

 NO MANGUE DA PRAIA DA TABUBA, ALAGOAS





Fotos de Ricardo Silva

domingo, 18 de março de 2012

L7

MONSTER

SOLDA

VÊ TV

Bico-de-pena, nanquim sobre papel A|3, 42 x 29, 7. Década de 90

Fonte: http://cartunistasolda.com.br/2012/03/15/solda-ve-tv-92/

sábado, 17 de março de 2012

ARTHUR RIMBAUD

ADORMECIDO NO VALE
 
Tradução: Ferreira Gullar
   
É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,

Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente

Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio

Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito.



Fonte: http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet091.htm

CINE CENA

CHARLIE CHAPLIN

sexta-feira, 16 de março de 2012

ARTHUR SARON SARNOFF

PALHAÇOS







INDIANA

 





Fonte: http://biertijd.com/index.php?itemid=33710

BASEADO NA RUA

por Sergio Brandão

Já estou atrasado para minha última consulta no dentista. Caminho com pressa e, na minha frente, também no mesmo passo, um cara alinhado, boa pinta. Não muito próximo dele sinto um cheiro forte de maconha. Imediatamente olho em sua mão e vejo algo queimando, soltando fumaça. Aperto o passo, me aproximo e vejo que é mesmo um baseado. Em sentido contrário, do mesmo lado da calçada, vem uma senhora que, ao ver o cidadão, diminui o passo, abre um baita sorriso como se já o conhecesse . Eles se cumprimentam, se beijam, falam algo rapidamente e seguem cada um o seu caminho. A breve parada  me deixa mais próximo dele e do cheiro de maconha. Assim que se despede da mulher, retoma a sua “pira”. Entre eu e ele  também caminham várias pessoas. Percebo que ninguém se importa com o cheiro, só eu. Nem a senhora que brevemente trocou umas palavras com ele me pareceu indignada com a coisa. Aliás, não é com o cheiro que me incomodo. O cheiro até que é bom, mas a cara de pau do sujeito, fazendo aquilo ali, no meio da rua, sem se importar com nada? Na minha época lembro que a gente se escondia nos lugares mais absurdos para fazer isso. Mesmo assim, quando era flagrado, dava “cana”. Na rua?  Assim como o cara estava fazendo? Nem pensar! Não lembro de alguém que tenha ousado tanto assim. Só lembro que assim, como ele, não podia, mas os tempos são outros – e agora pode. Não importa mais se incomoda os outros, não importa se a polícia te pegar, nada mais importa. Hoje, em qualquer lugar, você pode fumar a sua maconha  sem ser incomodado. A cena é mais uma entre tantas que vejo há anos – e parece que a cada dia vejo mais. Aquilo me faz lembrar que anos atrás peitei um garotão que queimava seu fuminho numa praça, sentado tranquilo e calmo. Na passagem pelo garotão eu disse: “Cara de pau, heim?” Ele me olhou  e disse que não estava fazendo nada de mais. Deu um sorriso cínico e, ainda me olhando, deu uma tragada bem profunda. Parei, voltei e disse pra ele: “Cara, você vai fumar a vida inteira e não vai conseguir somar nem ¼ dos baseados que fumei. Pra você conseguir isso, fumar aqui, nesta paz, sem ter que se preocupar com nada, talvez deva isso também a mim. Porque me escondi durante a minha adolescência inteira fazendo isso. Na minha época isso era vergonhoso, criminoso, coisa de gente perigosa, que não tinha compromisso nenhum com a vida. Lembro que quando decidi que ia parar, parei. Nunca mais fumei. Festejei e festejo isso sempre. Lembro que o que mais me intrigava era que diziam exatamente tudo que devem dizer pra vocês, hoje. Que não faz mal, que relaxa, que fumar de vez em quando é até bom. Só que quando eu fumava, me sentia mal. Incapaz de algumas coisas. Lembro de uma taquicardia que me preocupava. Depois de anos, comecei a ficar burro. Não rendia o mesmo nem no trabalho e nem na escola. Gostava de dormir, e quanto menos responsabilidade, melhor. Tenho filhos e não quero que façam o mesmo que você que eu fiz”.  O cara continuou fumando e o negão na minha frente também. Chegamos num cruzamento. Parei.  O negão atravessa a rua. Fiquei observando. Ele segue em direção a uma estação tubo. Como quem apaga um cigarro, joga a bagana no chão, pisa nela com a ponta do pé, lembrando a clássica cena de cinema. Claro, penso eu. Dentro do ônibus não pode. Sempre teve a placa advertindo que ali não pode.

Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/2012/03/15/baseado-na-rua/

quinta-feira, 15 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

SOLDA

VÊ TV

Fonte: http://cartunistasolda.com.br/2010/01/27/solda-ve-tv-61/

HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Escorpião

Era um selo. Pequeno. Passou na língua. Grudou e dissolveu. Jack Kerouac e Jimi Hendrix se encontraram. Allen Ginsberg assistiu. Raul Seixas escreveu Gita. O som do atabaque atraiu. Ele olhou pela janela e viu a Pomba Girar. Na descida um patinete de rolimãs passou a toda. Crumb pilotava uma bunda. Glauco Mattoso se escondeu no terreno baldio para chupar um dedo. Ele entrou num caleidoscópio e ouviu Santana falar em anjos. Quando saiu estava abrindo uma geladeira. Uma dúzia de ovos explodiram no teto da cozinha. Era outra a casa. Alguém o acordou e o cheiro entrou no quarto. Onde estou? Golias na praça. A fofoqueira chamando Pelé de Beckenbauer. Ele ouviu um programa inteiro da PRK-30. Mas era Benjor narrando a bola vai, a bola vai; a bola vem, a bola vem. O selo! Lembrou. Foi numa praia. Alguém lhe deu. Quantos dias? Quantos meses? Quantas vidas? Então, mergulharam-no em leite. Ele ainda ouviu acordes de Pink Floyd. Depois, dormiu como um bebê. Até que voltou.

Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/2012/03/13/horoscopo-333/

terça-feira, 13 de março de 2012

JOSÉ MOJICA MARINS (76 ANOS)


Data de Nascimento: 13 de Março de 1936 (76 anos)
Local de Nascimento: São Paulo, Brasil

Biografia

José Mojica Marins (São Paulo, 13 de março de 1936), conhecido como Zé do Caixão, é um ator e diretor de cinema brasileiro.
"Zé do Caixão", seu personagem mais conhecido, foi criado por ele em 11 de outubro de 1963, após ser atormentado por um pesadelo no qual um vulto o arrastava até seu próprio túmulo. A primeira aparição do personagem foi no filme "À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1963). Desde então, ele apareceu em diversos filmes.
Apresentou, na década de 1990, os programas Cine Trash e Cine Sinistro, ambos na Rede Bandeirantes.
Mojica teve seus títulos lançados na Europa e nos Estados Unidos da América, onde participou de mostras, festivais e recebeu prêmios. No Brasil, Mojica não conseguiu o mesmo sucesso e reconhecimento. Existem poucos títulos de seus filmes disponíveis no mercado, o que tornou sua obra pouco conhecida. Sua participação na mídia se dá quase sempre de maneira cômica, fato que teve que abraçar por necessidades financeiras.
Atualmente, tem um programa de entrevistas chamado "O estranho mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil.

Fonte: http://filmow.com/jose-mojica-marins-a89382/

BASIL WOLVERTON







segunda-feira, 12 de março de 2012

C.S.E. 4 x 1 C.R.B. (10/ 03/ 2012)

TRICOLOR PALMEIRENSE GOLEIA O GALO E LIDERA O SEGUNDO TURNO









Fotos de Ricardo Silva

domingo, 11 de março de 2012

MOEBIUS

Morre Moebius, um dos grandes gênios dos quadrinhos.


Jean Henri Gaston Giraud tinha 73 anos; causa ainda não é divulgada



A rádio Europe1 anunciou nesta manhã de sábado que faleceu Jean Henri Gaston Giraud, o quadrinista que há mais de cinquenta anos assinava suas obras como Jean Giraud, Gir ou com o pseudônimo Moebius. O falecimento foi confirmado pela esposa e pela filha do artista. A causa da morte não foi divulgada, mas a revista Le Point fala em "uma longa enfermidade" - eufemismo que a imprensa francesa costuma usar para câncer. Giraud tinha 73 anos.

Desde que vendeu suas primeiras ilustrações, aos 18 anos, Jean Giraud era dedicado aos quadrinhos. Começou carreira nas HQs de western, como sua criação Frank et Jeremie, mas chamou atenção a partir do momento em que virou aprendiz de Jijé, um dos nomes mais famosos do quadrinho francês. Blueberry, que criou junto a Jean-Michel Charlier em 1963, foi seu primeiro sucesso.

Nesta mesma época, o artista começou a assinar o pseudônimo Moebius para HQs de fantasia. Aí, ficou praticamente desaparecido durante uma década, retornando com destaque em 1975 como co-fundador da Métal Hurlant (ou Heavy Metal), a famosa revista com ênfase em HQs de ficção científica e fantasia. Lá desenvolveu obras como Arzach e A Garagem Hermética, que lhe renderam um público internacional por conta da criatividade e da imaginação sem limites nos cenários e figurinos.
Reconhecido internacionalmente, Giraud trabalhou com Ridley Scott na criação gráfica do filme “Alien”, além de ter desenhado uma aventura do famoso super-herói dos quadrinhos Surfista Prateado.

Condecorado com a ordem de Cavaleiro das Artes e das Letras pelo presidente francês François Mitterand em 1985, Moebius teve seus trabalhos expostos em vários países. Em 2010, a Fundação Cartier realizou uma grande retrospectiva de sua obra.
Nota do autor: É pessoal; ficamos órfãos de mais um grande mestre dos quadrinhos, Jean Henri que descanse em paz, pois suas obras agora fazem parte da historia dos quadrinhos.



 
Arte de Fracesco Francavilla

Fonte: http://portadisquete.blogspot.com/2012/03/morre-moebius-um-dos-grandes-genios-dos.html