quinta-feira, 28 de julho de 2016

Terrorista aqui não sobe ao pódio


por  Célio Heitor Guimarães


Ao capturar e prender uma dúzia de aprendizes de terrorista, em operação voltada para a mídia, a Polícia Federal e particularmente o atual ministro da Justiça instituíram o terrorismo no Brasil. Valeram-se, para tanto, da proximidade da Olimpíada, marcada para agosto no Rio de Janeiro. Para prevenir ou prevenir-se, saíram na dianteira.

Quer dizer, teria sido uma advertência aos meliantes internacionais. Coisa assim como não vem que aqui tem (vigilância, segurança e reação imediata).

Perda de tempo e dinheiro, além de susto desnecessário. O Brasil não tem terroristas nem os terá. Aqui, eles não se criam. Muito menos no Rio de Janeiro. E se o leitor duvida, relembro o ocorrido algum tempo atrás, após a derrubada das torres do World Trade Center, em Nova York.

Entusiasmada com a tragédia cometida, a Al Qaeda, de Osana Bin Laden, resolveu repetir a façanha no Brasil. O alvo seria a estátua do Cristo Redentor, no Rio. E, para tanto, foram destacados dois mujahedins, que deveriam sequestrar um avião e lançá-lo contra “a estátua-símbolo dos infiéis cristãos”. Os arquivos da Polícia Federal dão conta de que os dois terroristas chegaram ao Rio no domingo, 5 de setembro, às 21h47m, num voo da Air France.

Entretanto, a missão começou a sofrer embaraços já no desembarque dos elementos, quando a bagagem deles foi extraviada, seguindo para o Paraguai. Após quase seis horas de peregrinações por guichês, os dois foram aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte, com um intérprete.

Os terroristas tomaram, então, um táxi pirata na saída do aeroporto. O motorista, vendo que eram estrangeiros, rodou duas horas, até abandoná-los num lugar ermo da Baixada Fluminense. Ali, eles foram assaltados e espancados, e obrigados a pegar carona num caminhão de entrega de gás.

Na segunda-feira, às 7h33m, graças ao treinamento de guerrilha no Afeganistão, os terroristas conseguiram chegar a um hotel de Copacabana. Alugaram um carro e voltaram ao aeroporto, determinados a sequestrar logo um avião e jogá-lo no Cristo Redentor. Só que uma manifestação monstro de estudantes e professores paralisou-os por três horas na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios foram roubados em um arrastão.

Às 12h30m, resolveram ir ao centro da cidade e procurar uma casa de câmbio para trocar os dólares que lhes restaram. Receberam notas de R$ 100 falsas, dessas feitas grosseiramente de notas de R$ 1.

Às 15h45m, chegaram finalmente ao Tom Jobim. Os pilotos da Gol estavam em greve por mais salário e menos trabalho. Os controladores de voo também haviam parado (queriam equiparação com os pilotos). O único avião na pista era um antigo, da Transbrasil, que estava sem combustível. A PM chegou em seguida, batendo em todos, inclusive nos terroristas. Os árabes foram conduzidos à delegacia da Federal no aeroporto e acusados de tráfico de drogas – haviam plantado papelotes de cocaína nos seus bolsos.

Às 18h02m, graças a um resgate de presos pelo Comando Vermelho, os muçulmanos conseguiram fugir. Às 19h05m, ensanguentados, dirigiram-se ao balcão da TAM para comprar as passagens. Mas o funcionário que as vende omitiu a informação de que os voos da companhia estavam suspensos.

Às 23h30m, sujos e mortos de fome, eles decidem comer alguma coisa. Pediram sanduíches de churrasquinho com queijo de coalho. Só na terça-feira se recuperaram da intoxicação de proporções equinas. Aí, foram levados ao Miguel Couto, onde esperaram mais de cinco horas por socorro.

Deixaram o hospital no domingo, 18h20m. O Flamengo acabara de perder de 6×0 para o Paraná Clube. A torcida rubro-negra confunde os terroristas com integrantes da galera paranaense e lhes dá uma surra sem precedentes. Um tal de “Pé de Mesa” até abusou sexualmente deles.

Na segunda-feira, os terroristas fogem do Rio escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos, que é assaltado na Serra das Araras. Chegam a São Paulo, onde, depois de perambularem o dia todo à procura de comida, acabam adormecendo debaixo de uma marquise de loja.

A PF não revelou onde os dois foram internados, depois de espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos. Mas há notícia de que, assim que deixaram a UTI, foram recolhidos ao setor de imigrantes ilegais, em Brasília, até que o Ministério da Justiça autorizasse a deportação dos infelizes.

Nada mais se soube dos desventurados agentes do terror. A não ser que conseguiram enviar uma urgente mensagem à comunidade internacional de terroristas, alertando a categoria da necessidade de ficar o mais longe possível do Brasil.


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