segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
PAULO FRANCIS
AFORISMOS
— O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle.
— É preciso ter mingau na cabeça para acreditar em astrologia.
— Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo.
— Quando ouço falar em ecologia, saco logo meu talão de cheques.
— Todo otimista é um mal-informado.
— A ignorância é a maior multinacional do mundo.
— O filme é uma merda, mas o diretor é genial.
— A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar.
— Apenas os idiotas não se contradizem.
— Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo.
— Ignorância é o nosso grande patrimônio nacional.
— Não vi e não gostei.
— A vida é muito mais variada, anárquica e imprevisível do que sonham os ideólogos.
— Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.
— O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle.
— É preciso ter mingau na cabeça para acreditar em astrologia.
— Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo.
— Quando ouço falar em ecologia, saco logo meu talão de cheques.
— Todo otimista é um mal-informado.
— A ignorância é a maior multinacional do mundo.
— O filme é uma merda, mas o diretor é genial.
— A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar.
— Apenas os idiotas não se contradizem.
— Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo.
— Ignorância é o nosso grande patrimônio nacional.
— Não vi e não gostei.
— A vida é muito mais variada, anárquica e imprevisível do que sonham os ideólogos.
— Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
CHICO NUNES
Nasceu em Palmeira dos Índios, no dia 04 de maio de 1904, na Rua Costa Rego, filho de José Nunes da Costa e Francisca Nunes de Oliveira.
Tido como o maior repentista em todos os tempos do nordeste brasileiro na opinião de Câmara Cascudo, que o considerou como o “Bocage do repente nordestino” e Mário Lago.
Aliás, na época, o escritor e ator global, Mário Lago, compositor da eterna música “Amélia”, ao fazer um filme em Alagoas, se apaixonou pelas glosas de Chico Nunes.
Mário Lago estava em Viçosa filmando “São Bernardo” filme de Leon Hirszman, (baseado no livro de outro palmeirense Graciliano Ramos).
Como não conseguia dormir cedo, ficava perambulando pelas ruas de Viçosa, ao ouvir uma música seguiu o rastro e viu no fim da rua uma porta entreaberta.
Na música e nas conversas, o dono do bar, Zé Cavaquinho lembrava versos de improviso de Chico Nunes.Resolveu conhecer a história dele.
Escreveu em 1975, o livro: “Chico Nunes das Alagoas”, que virou bestseller no gênero.
Em Palmeira, a rua do baixo meretrício, conhecida como Pernambuco Novo, onde Chico Nunes gostava de viver, depois de sua morte, recebeu o nome do poeta improvisador.
Pelo seu lado pejorativo e imoral para declamar suas poesias, era visto com receio pela Igreja católica e pelas famílias locais, embora fosse tratado como um rei pelas prostitutas. Seu apelido era Rouxinol de Palmeira.
Certa feita, o governador Costa Rego, foi rigoroso no combate ao jogo de bicho em Alagoas, e depois de acaba-lo sob forte coação e perseguição aos contraventores da época, esteve em visita a Palmeira dos Índios, em uma visita ao prefeito da época. Ouvira falar da fama de Chico Nunes e quis conhece-lo.
Chico por sua vez, atendeu o pedido e fez muitos repentes para o governador, mas também guardava mágoa do mesmo, pelo fato de ter acabado com o jogo do bicho. Mesmo sabendo da sua brabeza, pediu ao governador que não ficasse com raiva da glosa que iria fazer e então declamou num improviso:
“Existe um governadô
Que se chama Costa Rego
Que tomou o meu emprego
Porque o jogo acabou
Isso me desmantelou
Pois o destino assim quis
A sorte me contradiz
Eu fiquei desmantelado
Largue de ser desgraçado
Seu Costa Rego infeliz.”
Tido como o maior repentista em todos os tempos do nordeste brasileiro na opinião de Câmara Cascudo, que o considerou como o “Bocage do repente nordestino” e Mário Lago.
Aliás, na época, o escritor e ator global, Mário Lago, compositor da eterna música “Amélia”, ao fazer um filme em Alagoas, se apaixonou pelas glosas de Chico Nunes.
Mário Lago estava em Viçosa filmando “São Bernardo” filme de Leon Hirszman, (baseado no livro de outro palmeirense Graciliano Ramos).
Como não conseguia dormir cedo, ficava perambulando pelas ruas de Viçosa, ao ouvir uma música seguiu o rastro e viu no fim da rua uma porta entreaberta.
Na música e nas conversas, o dono do bar, Zé Cavaquinho lembrava versos de improviso de Chico Nunes.Resolveu conhecer a história dele.
Escreveu em 1975, o livro: “Chico Nunes das Alagoas”, que virou bestseller no gênero.
Em Palmeira, a rua do baixo meretrício, conhecida como Pernambuco Novo, onde Chico Nunes gostava de viver, depois de sua morte, recebeu o nome do poeta improvisador.
Pelo seu lado pejorativo e imoral para declamar suas poesias, era visto com receio pela Igreja católica e pelas famílias locais, embora fosse tratado como um rei pelas prostitutas. Seu apelido era Rouxinol de Palmeira.
Certa feita, o governador Costa Rego, foi rigoroso no combate ao jogo de bicho em Alagoas, e depois de acaba-lo sob forte coação e perseguição aos contraventores da época, esteve em visita a Palmeira dos Índios, em uma visita ao prefeito da época. Ouvira falar da fama de Chico Nunes e quis conhece-lo.
Chico por sua vez, atendeu o pedido e fez muitos repentes para o governador, mas também guardava mágoa do mesmo, pelo fato de ter acabado com o jogo do bicho. Mesmo sabendo da sua brabeza, pediu ao governador que não ficasse com raiva da glosa que iria fazer e então declamou num improviso:
“Existe um governadô
Que se chama Costa Rego
Que tomou o meu emprego
Porque o jogo acabou
Isso me desmantelou
Pois o destino assim quis
A sorte me contradiz
Eu fiquei desmantelado
Largue de ser desgraçado
Seu Costa Rego infeliz.”
O governador o contemplou com uma nota de mil réis que naquela época era muito dinheiro.
Sua irreverência muitas vezes descia as palavras de baixo calão.
Uma vez foi até Gerum de Itabaianinha, em Sergipe enfrentar desafios de repentistas locais que acabaram derrotados pelo seu talento. Hospedado num hotel, cuja dona não gostou da derrota dos conterrâneos, provocou:
“Se o senhor é um poeta afamado, digaí alguns versos. Chico respondeu:” Dona eu só falo a verdade “– Pois então diga”.
Diante da mulher e dos sergipanos presentes, Chico Nunes mandou ver:
“Só quero que o Criador
No mundo jogue uma gripe
Se eu voltar a Sergipe
De onde agora me vou
Prefiro ver o horror
Do mundo em peste daninha
Com uma febre e uma morrinha
Destruindo tudo que é lar
A ter que um dia voltar
Em Gerum de Itabaianinha
Mas se apesar disso tudo
Eu a vergonha perder
E por aqui aparecer
Quero que um jegue raçudo
Muito fogoso e taludo
Sem piedade e receio
Me pegue pra seus anseios
Bem de eito pelos quartos
Me bote no chão de quatro
Me atoche e me rasgue no meio ...”
Em 1942, a 2ª Guerra Mundial ameaçava a todos e o temido capitão Lucena provocou Chico Nunes dizendo que iria leva-lo para a Itália para participar da Guerra. Chico se defendeu com um improviso:
“Não me levem para a guerra
Não me façam essa surpresa
Que eu não tenho a natureza
Pra ver meu sangue na terra
Me deixem viver na serra
Por dentro desses buracos
Misturado com os macacos
Sujeito à sede e a fome
Depois coloquem o meu nome
No livro dos homens fracos"
Outra vez um time de futebol de Palmeira dos Índios, foi jogar em Santana do Ipanema e levaram Chico Nunes.
Foram almoçar no hotel de Zé Petronilo, que ficava próximo a um chiqueiro e já era conhecido como pela falta de higiene reinante no local. Chico reagiu ao convite dizendo:
“Prefiro entregar meu pé
Prá uma serpente morder
Com Cristo me malquerer
E acabar perdendo a fé
Brigar com uma cascavé
Me atracar com um crocodilo
Beber toda a água do Nilo
Do boi só comer o osso
Mas não me falem em almoço
No hotel de Zé Petronilo”.
Num épico desafio com o também poeta Pedro Basílio cujo o mote era “Melhor do que tu”, Pedro Basílio afirmou:
“ Sô rico, sô potentado
Só um poeta do direito
sô um homem de respeito
Sempre fui considerado
Como um cantador honrado
Desde o norte inté o sú
Inté o Barão de Traipú
Me daria confiança
Vivo cheiro de esperança
Eu sô mio do que tu.”
Assim Chico Nunes finalizou:
“Já perdi a cirimônia
Eu ando cambaliando
Andam até me chamando
De fumado de maconha
Ajuntei-me com uma sem vergonha
Levei ponta pra chuchu
Fui corno em Caruaru
Viado no Maribondo
Mas mesmo dando o redondo
Eu sô mió do que tu ...”
A platéia foi ao delírio!
Em 1951, foi acusado da morte do jogador de baralho Leopoldo, que havia roubado umas galinhas.
O motivo do crime: Chico tirou onda de Leopoldo chamando-o de velha raposa em suas rimas e a coisa desandou em briga. Chico tinha um braço aleijado e o jeito foi apelar para uma faca peixeira.
Foi preso e depois que saiu da cadeia tentou o suicídio atirando-se de cima do prédio da Maçonaria, hoje sede da OAB.
Faleceu no dia 21 de fevereiro de 1953, aos 49 anos de idade, sendo a causa de morte: nefrite crônica (inflamação dos rins).
Não deixou uma única linha publicada.
Era racista, mas ironicamente morreu nos braços de uma preta, Maria Tercília de Oliveira, a quem ele chamava carinhosamente de “Nega”.
Em seus últimos momentos de vida assim se expressou:
" Quando badalar o sino
Da catedral ou matriz
Um pergunta e outro diz
Quem tomou novo destino?
Então responde o menino:
Foi Chico, não pôde viver
Dizem que sabia fazer
Tanto verso improvisado
É certo, está sepultado
Faz pena Chico morrer
Felicidade chegou
Em minha porta bateu
Entrou e não me conheceu
No mesmo instante voltou
O castigo se aproximou
Sem nada também dizer
Foi somente pra trazer
Doença triste para mim
Até que estou vendo o fim...
Faz pena Chico morrer”
Sua irreverência muitas vezes descia as palavras de baixo calão.
Uma vez foi até Gerum de Itabaianinha, em Sergipe enfrentar desafios de repentistas locais que acabaram derrotados pelo seu talento. Hospedado num hotel, cuja dona não gostou da derrota dos conterrâneos, provocou:
“Se o senhor é um poeta afamado, digaí alguns versos. Chico respondeu:” Dona eu só falo a verdade “– Pois então diga”.
Diante da mulher e dos sergipanos presentes, Chico Nunes mandou ver:
“Só quero que o Criador
No mundo jogue uma gripe
Se eu voltar a Sergipe
De onde agora me vou
Prefiro ver o horror
Do mundo em peste daninha
Com uma febre e uma morrinha
Destruindo tudo que é lar
A ter que um dia voltar
Em Gerum de Itabaianinha
Mas se apesar disso tudo
Eu a vergonha perder
E por aqui aparecer
Quero que um jegue raçudo
Muito fogoso e taludo
Sem piedade e receio
Me pegue pra seus anseios
Bem de eito pelos quartos
Me bote no chão de quatro
Me atoche e me rasgue no meio ...”
Determinado dia participava de uma festa na casa de um cidadão chamado Zé Nicolau, que não nutria bom relacionamento com o poeta.
No auge da festa, comeram um bacalhau e deram a espinha para Chico que se sentindo humilhado reagiu com poesia:
"Da espinha do bacalhau
Mandei fazer uma vareta
Pra enfiar na boceta
Da mãe de Zé Nicolau
Saí da minha cidade
Pra vir dançar neste forno
Onde a dona da casa é puta
O dono da casa é corno
E a filha mais nova que tem
Já sabe fuder no torno.”
No auge da festa, comeram um bacalhau e deram a espinha para Chico que se sentindo humilhado reagiu com poesia:
"Da espinha do bacalhau
Mandei fazer uma vareta
Pra enfiar na boceta
Da mãe de Zé Nicolau
Saí da minha cidade
Pra vir dançar neste forno
Onde a dona da casa é puta
O dono da casa é corno
E a filha mais nova que tem
Já sabe fuder no torno.”
Em 1942, a 2ª Guerra Mundial ameaçava a todos e o temido capitão Lucena provocou Chico Nunes dizendo que iria leva-lo para a Itália para participar da Guerra. Chico se defendeu com um improviso:
“Não me levem para a guerra
Não me façam essa surpresa
Que eu não tenho a natureza
Pra ver meu sangue na terra
Me deixem viver na serra
Por dentro desses buracos
Misturado com os macacos
Sujeito à sede e a fome
Depois coloquem o meu nome
No livro dos homens fracos"
Outra vez um time de futebol de Palmeira dos Índios, foi jogar em Santana do Ipanema e levaram Chico Nunes.
Foram almoçar no hotel de Zé Petronilo, que ficava próximo a um chiqueiro e já era conhecido como pela falta de higiene reinante no local. Chico reagiu ao convite dizendo:
“Prefiro entregar meu pé
Prá uma serpente morder
Com Cristo me malquerer
E acabar perdendo a fé
Brigar com uma cascavé
Me atracar com um crocodilo
Beber toda a água do Nilo
Do boi só comer o osso
Mas não me falem em almoço
No hotel de Zé Petronilo”.
Num épico desafio com o também poeta Pedro Basílio cujo o mote era “Melhor do que tu”, Pedro Basílio afirmou:
“ Sô rico, sô potentado
Só um poeta do direito
sô um homem de respeito
Sempre fui considerado
Como um cantador honrado
Desde o norte inté o sú
Inté o Barão de Traipú
Me daria confiança
Vivo cheiro de esperança
Eu sô mio do que tu.”
Chico Nunes, respondeu na bucha humildemente:
“Sô ladrão de mandioca
Só a lama de um barreiro
Sô do tipo cachaceiro
Sô imbuiá, Sô minhoca
Sô como sapo na toca
Sô badalo de cururu
Sô puleiro de urubu
Sô chocalho sem badalo
Sô um ladrão de cavalo
Eu sô mio do que tu”
“Sô ladrão de mandioca
Só a lama de um barreiro
Sô do tipo cachaceiro
Sô imbuiá, Sô minhoca
Sô como sapo na toca
Sô badalo de cururu
Sô puleiro de urubu
Sô chocalho sem badalo
Sô um ladrão de cavalo
Eu sô mio do que tu”
Ainda nessa mesma disputa, versejou:
“Sô um tipo sem futuro
Desses que não vale nada
Sô igual a uma levada
Como bagaço de munturo
Sô um recanto de muro
Onde só tem cururu
Só igual a um tatu
Dentro do buraco fundo
Sô a desgraça do mundo
Eu sô mio do que tu”.
“Sô um tipo sem futuro
Desses que não vale nada
Sô igual a uma levada
Como bagaço de munturo
Sô um recanto de muro
Onde só tem cururu
Só igual a um tatu
Dentro do buraco fundo
Sô a desgraça do mundo
Eu sô mio do que tu”.
Assim Chico Nunes finalizou:
“Já perdi a cirimônia
Eu ando cambaliando
Andam até me chamando
De fumado de maconha
Ajuntei-me com uma sem vergonha
Levei ponta pra chuchu
Fui corno em Caruaru
Viado no Maribondo
Mas mesmo dando o redondo
Eu sô mió do que tu ...”
A platéia foi ao delírio!
Em 1951, foi acusado da morte do jogador de baralho Leopoldo, que havia roubado umas galinhas.
O motivo do crime: Chico tirou onda de Leopoldo chamando-o de velha raposa em suas rimas e a coisa desandou em briga. Chico tinha um braço aleijado e o jeito foi apelar para uma faca peixeira.
Foi preso e depois que saiu da cadeia tentou o suicídio atirando-se de cima do prédio da Maçonaria, hoje sede da OAB.
Faleceu no dia 21 de fevereiro de 1953, aos 49 anos de idade, sendo a causa de morte: nefrite crônica (inflamação dos rins).
Não deixou uma única linha publicada.
Era racista, mas ironicamente morreu nos braços de uma preta, Maria Tercília de Oliveira, a quem ele chamava carinhosamente de “Nega”.
Em seus últimos momentos de vida assim se expressou:
" Quando badalar o sino
Da catedral ou matriz
Um pergunta e outro diz
Quem tomou novo destino?
Então responde o menino:
Foi Chico, não pôde viver
Dizem que sabia fazer
Tanto verso improvisado
É certo, está sepultado
Faz pena Chico morrer
Felicidade chegou
Em minha porta bateu
Entrou e não me conheceu
No mesmo instante voltou
O castigo se aproximou
Sem nada também dizer
Foi somente pra trazer
Doença triste para mim
Até que estou vendo o fim...
Faz pena Chico morrer”
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Para Além da Curva da Estrada
Alberto Caeiro/Fernando Pessoa
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
DUAS VIDAS
Álvaro de Campos/Fernando Pessoa
Temos todos duas vidas: a verdadeira, que é a que sonhamos na infância, e a que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa; a falsa, que é a que vivemos em convivência com outros, que é a prática, a útil, aquela em que acabam por nos meter num caixão.
GANDAHAR
Data de lançamento: 28 de janeiro de 1988 (EUA)
Direção: René Laloux
Música composta por: Gabriel Yared
Roteiro: René Laloux, Raphael Cluzel
Autores: Jean-Pierre Andrevon, Isaac Asimov
Direção: René Laloux
Música composta por: Gabriel Yared
Roteiro: René Laloux, Raphael Cluzel
Autores: Jean-Pierre Andrevon, Isaac Asimov
Desenhos originais: Philippe Caza
Gandahar é um mundo utópico de rara beleza e tranquilidade, o resultado de uma mutação genética. Mas a perfeita paz é quebrada quando uma força misteriosa invade esta serenidade idílica, transformando as pessoas em pedra com raios petrificante. O Conselho da Mulher decide enviar Sylvain, filho da rainha Ambisextra, numa missão para destruir o inimigo. Juntamente com a bela e aventureira Arielle, o inimigo que Sylvain finalmente descobre muito longe de sua casa é o fracasso final da experimentação científica Gandaharian. É um cérebro gigante conhecido como o Metamorphis, que criou um exército de homens de metal indestrutível para destruir Gandahar. Sylvain deve combater o Metamorphis, mas não antes de 1000 anos no futuro.
Um filme futurista, genial. NÃO PERDER!!!
domingo, 23 de outubro de 2016
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
CONFISSÃO
Charles Bukowski
esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama
sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco
vai sacudi-lo talvez
sacudi-lo de novo:
hank!
e hank não vai responder
não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.
no entanto
eu quero que ela
saiba
que dormir todas as noites
a seu lado
e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas
e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora ser ditas:
eu te
amo.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
CHUCK BERRY, 90 ANOS
Charles Edward Anderson Berry
(Saint Louis, 18 de outubro de 1926)
JOHNNY B. GOOD (1958)
(Saint Louis, 18 de outubro de 1926)
JOHNNY B. GOOD (1958)
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Você acha que 7 bilhões de pessoas querendo ser felizes pode dar certo?
por Luiz Felipe Pondé
Na vida existem várias perguntas que não querem calar: “Dinheiro compra amor verdadeiro?”, “vale a pena ser honesto?”,”o povo, de fato, sabe o que fala?”. Enfim, muitas. Uma pergunta dessas é aquele tipo de pergunta que você reza para seu filho não lhe fazer. O normal é que você minta, mesmo: “Não, dinheiro não compra amor verdadeiro”, “sim, vale a pena ser honesto”, “sim, o povo sabe, de fato, o que fala”.
Não, não quero parecer cínico, pelo menos não hoje. Dessas três perguntas, apenas a última me parece ter uma resposta mais evidente, se sincera: “Não, não acho que o povo saiba, de fato, o que fala”. As outras são muitos mais sérias e complexas. Todavia, as respostas dadas acima, quando ditas assim, são mentiras. Às vezes, dinheiro parece comprar amor verdadeiro, e ser honesto nem sempre vale a pena. É normal mentir às vezes. O drama contemporâneo, parece-me, é que a mentira tomou conta do próprio pensamento dito qualificado. Todo mundo quer agradar, logo, só se fala o que parece legal para a sensibilidade infantil do “povo”.
Repito, caso você não tenha entendido: será que cabem 7 bilhões de pessoas no pacote da riqueza? Dá para todo mundo ter tudo que quer? Ou, desgraçadamente, muitos ficarão sempre de fora? Será que todo mundo pode ter saúde, comida, lazer, casa, ar-condicionado, dinheiro, roupa, escola, direitos, aposentadoria, garantia de emprego?Mas não quero falar dessas perguntas; quero falar de outra, tão infernal quanto essas. A pergunta que não quer calar de hoje é: “Será que dá para todo mundo ser feliz e ter o que quer?”. Sim, sei que é uma pergunta difícil de engolir. Inteligentinhos logo ficarão indignados com a simples questão posta assim. Mas inteligentinhos são infantis, quando não são eles mesmos os grandes mentirosos.
Sim. Talvez algumas dessas coisas, sim. Mas será que dá para todo mundo ter tudo que seremos capazes de produzir no futuro? Digo isso porque, à medida que produzimos mais riqueza, o teto da demanda aumenta. Não é por acaso que há anos podemos falar de gente que considera injustiça social todo mundo não ter iPhone ou bolsa Prada.
Não se pode pensar numa questão como essa sem um certo sofrimento. Mas, é justamente a dimensão sombria da vida que é recusada pela sensibilidade fortemente retardada da contemporaneidade. Nunca houve tanta gente incapaz de pensar a ambivalência, contingência e insuficiência da vida como hoje em dia.
Mas façamos um reparo. Sim, reconhecer que não vai dar para todo mundo ter o que quer pode sim ser usado por gente que quer tudo para sua turminha. Este fato é que dificulta a percepção de que nunca vai dar para todo mundo ter o que quer. Você acha que sete bilhões de pessoas querendo ser felizes pode dar certo? Claro que não. Uma hora a conta estoura. Este é o verdadeiro problema da sustentabilidade: a insustentabilidade do desejo de 7 bilhões de pessoas querendo ser felizes.
Mas podemos pensar em opções para tornar mais viável “incluir” todo mundo. Primeiro, a tentativa de diminuir o número de “excluídos”. Essa opção não é boa o suficiente porque sempre deixará um número grande de gente fora da festa. Sim, festa, porque o capitalismo é uma festa de riqueza que o mundo nunca viu antes, apesar de todo o “mimimi” generalizado sobre desigualdade social.
O “ideal” mesmo é se alguma instituição, sei lá, a ONU (essa estatal global) ou similar passasse a “distribuir” (termo amado pelos inteligentinhos) a riqueza. Como faríamos? Criaríamos uma burocracia infernal que controlaria a riqueza do mundo? Taxaríamos as grande fortunas (só ricos idiotas ficariam para ver isso acontecer). Quem decidiria quem recebe o que e quem perderia o que para que os “outros” recebessem o que?
Ou que tal reduzir por meio da força o número de pessoas no mundo? Esterilização compulsória de homens e mulheres? Quem decidiria quem seria esterilizado? Ou, mais fácil ainda, que tal determinar que o justo é todo mundo ser pobre?
Mas muita gente ainda vai ganhar muito dinheiro e poder dizendo que tem a solução para todo mundo ter tudo o que quer.
*Publicado na Folha de S.Paulo
sábado, 15 de outubro de 2016
Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios…
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos…
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
O ÚLTIMO PORTAL
FICHA TÉCNICA
Ano do lançamento: 1999
Produção: Espanha, Estados Unidos
Gênero: Suspense
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Anthony Powell, Arturo Pérez-Reverte, Darius Khondji, Enrique Urbizu, John Brownjohn e Roman Polanski
Sinopse:
Dean Corso (Johnny Depp), um especialista em livros raros, é contratado por Boris Balkan (Frank Langella), um milionário de Nova York que tem uma imensa coleção sobre ocultismo e um especial interesse em “Os Nove Portais Para o Reino das Sombras”, livro este que,reza a lenda, foi co-escrito pelo próprio Satanás e Aristide Torchia, um autor veneziano, e publicado em 1666. O livro é ilustrado com nove gravuras que, quando corretamente interpretadas e combinadas com o texto original, teriam o poder de invocar o Diabo e abrir as portas para o mundo das sombras. Torchia pagou caro por sua transgressão, pois a Santa Inquisição o queimou em uma estaca. Existem apenas três cópias e Andrew Telfer vendeu a sua para Balkan dias antes de se suicidar. Porém, Balkan não tem certeza que a sua seja autêntica, assim Corso seria regiamente pago para ir até a Portugal e França, onde estão as outras duas cópias e determinar qual é a verdadeira. Corso, que não acredita no diabo e sim em dinheiro, aceita o trabalho. Inicialmente Corso visita Liana Telfer (Lena Olin), a viúva de Andrew, que demonstra um desejo quase ensandecido de ter o livro de volta (ela não sabia da venda). Logo Bernie (James Russo), um amigo de Corso, aparece morto e seu corpo estava como uma das gravuras do livro. Mas esta seria apenas a primeira de algumas mortes misteriosas, que Corso presenciaria. Tendo em seu poder o livro, para poder comparar com as outras cópias, Corso descobre que está no meio de uma estranha trama na qual há uma loira misteriosa sempre surgirá no seu caminho para protegê-lo.
Por Davi Gonçalves
Todas as biografias de Roman Polanski afirmam que o diretor tenha feito um pacto com o demônio em troca da fama. Não se pode afirmar ao certo se tal pacto realmente existiu, mas é fato incontestável que Polanski tem uma vida fora dos palcos muito mais polêmica do que sua própria obra. Em O Último Portal, de 1999, o diretor retoma um tema que abordara (ainda que parcialmente) trinta anos antes, em seu cultuado O Bebê de Rosemary: o satanismo, o sobrenatural, o além.
O Último Portal é uma viagem ao reino das trevas. Na trama, Dean Corso (Johnny Depp, antes da saga Piratas do Caribe) é um especialista e negociante de livros raros de caráter duvidoso e despudorado, contratado pelo milionário Boris Balkan (Frank Langella) para confirmar a autenticidade de um livro raro que, segundo consta, teria sido co-escrito por Aristide Torchia e o próprio demônio. Na realidade, Boris possui um dos três únicos exemplares do livro de Torchia dos nove escritos em 1966 que teriam o poder de invocar o diabo e abrir as portas para o inferno.
Essa é a primeira incursão séria de Polanski ao sobrenatural. Boa parte da obra mais autoral do diretor já tem alguns elementos essenciais em thrillers de mistério ou sobrenatural (como o já citado O Bebê de Rosemary ou O Inquilino). No entanto, em O Último Portal, Polanski vai mais a fundo, quase caindo nos clichês do gênero. Não fosse pelo talento do cineasta, O Último Portal teria tudo para ser mais um filme de suspense a tratar temas sobrenaturais – mas Polanski conduz tão bem a tensão e o clima decadente da história que o filme se torna uma obra que te deixa atordoado (positiva ou negativamente).
Polanski torna o livro misterioso no principal personagem de seu filme. Dean Corso é um anti-herói, que vai ganhando mais empatia à medida que se torna mais decadente como ser humano. A frieza de Corso (e sua moral cínica) deixa o personagem ainda mais interessante, enquanto ele se vê cada vez mais determinado a encontrar uma resposta para o enigma que tenta desvendar, ainda que não saiba exatamente o porquê. Aliás, não há porquês – e com isso, Polanski cria um suspense aterrorizante. Tudo aqui está sujeito a interpretações, afinal o diretor não explica nenhum dos acontecimentos que há em cena – o que abre margem para as mais diversas hipóteses. Há grupos de debates na rede que tentam decifrar alguns enigmas do filme, como a identidade da personagem de Emannuelle Seigner ou a pessoa por trás dos assassinatos da trama. A interpretação é exigida até mesmo no final do filme – de uma ambiguidade que divide os fãs, deixando uns fascinados e outros decepcionados.
Polanski cria ainda um ambiente recheado de sugestões: a obra é repleta de referências e citações, com pistas escondidas que conduzem às mais diversas leituras. Deixando as soluções muito fáceis de lado (uma constante no cinema norte-americano), Polanski é um deus fanfarrão que deixa suas personagens como marionetes, manipulando-os da maneira que bem entender para criar seu suspense – que ainda é mais atenuado com a excelente trilha sonora do polonês Wojciech Kilar (um subestimado que, entre outros, assina a trilha de Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Copolla), com toda sua erudição e mistério. O bom uso das locações e decoração de interiores ajudam a melhorar a fotografia do longa, acentuando o ocultismo por trás da tela.
Para muitos um ótimo filme – para outros um fiasco na carreira do diretor (de fato, o filme tem uma das piores avaliações da filmografia do cineasta), O Último Portal não é um filme ruim – para quem não está totalmente inundado com o cinema “fácil” norte-americano. É um filme que abre margem para diversas suposições – e cabe ao expectador decidir qual delas é a mais adequada. Com ótimas cenas (o suicídio no começo do filme já diz bastante do que se vem por aí) e boas sacadas de câmera (a cena em que Dorso é atacado com um golpe na cabeça) são exemplos do talento do diretor para criar sequências de suspense que não menosprezam a inteligência do expectador – algo que, como cinéfilo, eu admiro profundamente. Apesar do ritmo lento em alguns momentos, O Último Portal é um thriller que proporciona um bom debate sobre as forças ocultas e satanismo – o que aumenta ainda mais os mitos acerca da obra e, principalmente, da vida de Polanski.
FONTE: http://www.ccine10.com.br/o-ultimo-portal-critica/
CASAMENTO, RECEITA DE BOLO
por Zé da Silva
Colecionava primeiras páginas de jornais sangrentos. Mas só aquelas onde se descrevia e mostrava fotos de crimes passionais. Gostava quando havia uma combinação de degolação com suicídio por formicida. Esquartejamentos também o atraíam. Ele tinha uma certeza: o amor não existe, assim como muitas outras coisas, mas tem gente que acredita e até mata por ele. Namorou, sim. Chegou a casar, mas aquilo para ele era algo como se fosse uma receita de bolo, que tinha que ser seguido nos trâmites escritos pela tal sociedade. Sorte que não teve filhos. Ficou na dele, mas atento aos crimes, porque achava o esgarçamento total da inteligência humana – ainda mais por ser o motivo aquele inventado pelo próprio homem. Pra que? Respondia secamente: para facilitar o coito. Um dia teve um ataque cardíaco. No hospital achou que os remédios tinham lhe afetado, pois se apaixonou por uma enfermeira. Durante uma madrugada cortou os tubos.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
SONETO
por Ana Cristina César
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
MOJICANDO
*Photoshop criado mesclando uma imagem minha com a do personagem Zé do Caixão. Uma pequena homenagem a seu criador, o ator e cineasta, José Mojica Marins.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
ZÉ DA SILVA
Morava no casebre do outro lado do trilho do trem que não passava mais. Não havia mais mato por ali. Uma mangueira aqui, um cajueiro ali, uma goiabeira mais adianta quebravam a monotonia da paisagem. Tinha uns olhos grandes e negros como jabuticabas das boas. Andava descalça no areião da estradinha que ligava a casa dela à minha. Eu, sozinho, por opção. Ela, com os pais já velhinhos, por necessidade. Muda. Eu a entendia pelo olhar, alguns gestos das mãos de dedos longos, a linguagem do corpo. Havia um entendimento no ar. Isso aconteceu durante meses, anos. Até que durante uma madrugada de calor insuportável, ouvi o grito. Nunca escutara nada parecido. Lavei o rosto na água que estava na bacia e saí para o terreiro da casa. Logo vi a figura dela olhando para o alto a poucos metros de casa. Fui até lá – ela com os olhos pregados na lua cheia. Apontou. Olhei também. Não gritei, mas fiquei com o coração disparado. Uma mancha de sangue estava lá – e ela escorria pela escuridão da noite e caía em algum lugar do horizonte da Terra. Ela me abraçou. Eu retribuí. Ela foi para minha casa e nunca mais saiu.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
DISCOTECA BÁSICA
Roberto Menescal e Andrea Amorim
Acabo de receber por e-mail o press release de lançamento no exterior do CD “Bossa de alma nova”, disco comemorativo dos 75 anos de vida do Roberto Menescal. Convidada pelo próprio mestre da Bossa Nova, a cantora e compositora pernambucana Andrea Amorim interpreta 14 de suas músicas, compostas em parceria com Ronaldo Boscoli, Chico Buarque e Oswaldo Montenegro, entre outros. Todos esses clássicos trazem novas texturas e arranjos renovados, feitos pelo próprio Menescal, mostrando que a Bossa Nova está mais viva do que nunca. O disco já tem turnê de lançamento marcada em 2013 no Japão, Coreia, Tailândia e Dubai. Para esse CD e os shows, a cantora conta com Adriano Giffoni (no baixo), Reginaldo Vargas (na percussão) e, é claro, Roberto Menescal no violão, conforme foto ao lado de autoria de Sávio Figueiredo.
Andrea Amorim nasceu em Garanhuns, no interior de Pernambuco, e vem trilhando seu caminho há treze anos. Gravou cerca de 50 músicas autorais. Em maio de 2009, um vídeo seu foi indicado por Nil Bernardes para o quadro "Garagem do Faustão", da TV Globo. Logo em seguida, foi entrevistada na mesma emissora por Jô Soares. Já morando no Rio, em 2011, Andrea firmou parceria com a Gravadora Albatroz, de Roberto Menescal, quando gravou um disco autoral, com versões em inglês, japonês e espanhol para o mercado internacional. Viajou duas vezes para os Estados Unidos, onde foi receber o Prêmio Rising Star, conferido aos novos talentos brasileiros, e fez uma turnê no Japão de 24 apresentações por todo o país. Na volta ao Brasil, Andrea recebeu o convite para a presente parceria com Roberto Menescal.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
PAULO LEMINSKI
Dor elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra