sábado, 9 de novembro de 2019

FOTOGRAFANDO

Em Palmeira dos Índios

Fotografias de Ricardo Silva








quarta-feira, 17 de julho de 2019

CATS

Por  Ricardo Silva












terça-feira, 26 de março de 2019

ZÉ DA SILVA



Poeta, profeta, pateta. O som das palavras me espeta. Não navego no ego da escrita porque a maioria faz isso. Mesmo o careca de saber que é uma besta. Mas ele sabe escrever e vê publicado. Na nova bíblia, a do estafeta que preside. Eca! Vai dar merda; estou andando porque sempre fui perdido. No caminho que nunca é reta, pois se fosse cravaria a baioneta na costela. E sairia por aí à procura de um esteta. Para quê? A pintura que não chegaria aos pés de Romário na Copa de 94 depois do passe de Bebeto. Nenhum bailarino do mundo faria aquilo, o tempo, o voo, o peito do pé beijando ela, a esfera, para ser abraçada pela rede depois que Pelé disse love, love, love. O que será que não tenho? Sou pateta, sou profeta – e poeta. Para mim mesmo, porque não abro a janela e muito menos o cofre. Carrego. É pesado. Afundo para emergir. Talvez seja isso.

segunda-feira, 18 de março de 2019

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

METRÓPOLES


por  Yuri Vasconcelos Silva


A cidade falhou. Lugar insensível que amontoa pessoas, umas sobre as outras, em torres de pedra fria com discursos na casca, só para vender. Não se enxerga mais o céu, apenas fiapos de azul ou um punhado de estrelas esmaecidas. O olhar não vai longe, sempre esbarra num absurdo construído, um muro ou miséria. Tanta gente junta e não há encontros. A praça abarca solitários em bancos ou em passos corridos. Todos estão sempre atrasados. Mas para o quê? Não se sabe o nome nem de meia dúzia de vizinhos, da moça que serve o almoço ou que abre a porta pro mundo passar. Todos se olham com desconfiança, segurando frouxo uma espécie de ódio latente que preserva a própria sobrevivência. A cidade idolatra o indivíduo. O ego. É o centro da publicidade e da política. Da ilusão e da mentira. Pretende-se um modelo da civilização, mas é um simulacro xucro. Para os seres, há mais dor que alívio dentro destas células pulsantes de pedra e energia. A cidade falhou. Quando será dado o próximo passo?

L7


"Burn Baby" from L7's upcoming full-length album 'Scatter The Rats' Out May 3rd on Blackheart Records





quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

ZÉ DA SILVA

por  ROBERTO JOSÉ DA SILVA


Foi logo cedinho que disseram que eu estava estranho. Foi a diarista, que me conhece tanto que na primeira vez fez quiabo gosmento com frango sem eu pedir. Estranhei o estranho. Mas depois que tomei o segundo balde de café… Socorro! Descobri que perdi a cor da vida. Nunca tinha acontecido antes. Não estava nas catacumbas ou no céu, o corpo sem dor, cabeça tranquila, mas… O que é isso? Olhei para Nossa Senhora Aparecida, Xangô, todos os santos, meus pais, filhos nas fotografias e nada de sentir. Ah, não, isso não é bom! Mas foi assim o dia inteiro. Eu perguntando para amigos se já tinham passado por isso – e ninguém entendia. Caiu um toró daqueles na cidade, tirei a roupa e tomei banho de chuva para ver se as cores voltavam… e nada! Pedi que o chão se abrisse para eu ficar na fossa. Pedi que um cavalo alado me levasse para as nuvens da mania. Nada. Então fui dormir muito cedo, no quarto bem escuro, para ver se acordava comigo mesmo. Foi um sonho? Não sei, mas tive a sensação de que no meio da noite meu corpo entrou no meu corpo. Ao acordar a primeira coisa que fiz foi gritar um palavrão, bem alto, daqueles cabeludos. Então ouvi uma voz que veio da rua dizendo: “Ele voltou!”