quarta-feira, 6 de abril de 2016

FOTOS

NO QUINTAL DE DONA ZEFA





Fotografias de Ricardo Silva

terça-feira, 5 de abril de 2016

DISCOTECA BÁSICA

Tetê Espindola
Pássaros Na Garganta (1982)

por  Augusto TM

Existem discos que, para mim, são obras mais que preciosas. Discos que estão na minha lista dos ‘1000 melhores da música brasileira’. Pode soar esquisito dizer assim, mas mil me pareceu uma média boa, considerando a variedade e qualidade musical na nossa terra. Chego às vezes a pensar que este número ainda é pequeno, mas vou pegando por aí… Se considerarmos este disco da Tetê Espíndola como um trabalho regional, nesta classificação por géneros, posso afirmar que ele está entre os dez mais originais e melhores álbuns produzidos da década de 80 prá cá. Acho que estou escrevendo isso mais para afirmar o quanto “Pássaros na garganta” é um trabalho excepcional. “Sertaneja” de Rennê Bittencourt tem aqui (para mim) sua mais linda versão. Sem dúvida, o melhor álbum de Tetê. Apesar deste disco já ter sido postado em outros blogs (inclusive em minhas outras encarnações), faço questão de tê-lo também aqui. Como sempre, no capricho e completo!


MÚSICAS:

amor e guavira
cunhataiporã
canção dos vagalumes
olhos de jacaré
fio de cabelo
cuiabá
pássaros na garganta
sertaneja
longos prazeres de amor
paisagem fluvial
ibiporã
jaguadarte
galadriel
sertão

OUÇA:




DESESPERANÇA


Por  Manuel Bandeira

Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo.
Como dói um pesar em cada pensamento!
Ah, que penosa lassidão em cada músculo. . .

O silêncio é tão largo, é tão longo, é tão lento
Que dá medo… O ar, parado, incomoda, angustia…
Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento.

Assim deverá ser a natureza um dia,
Quando a vida acabar e, astro apagado,
Rodar sobre si mesma estéril e vazia.

O demônio sutil das nevroses enterra
A sua agulha de aço em meu crânio doído.
Ouço a morte chamar-me e esse apelo me aterra…

Minha respiração se faz como um gemido.
Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.

Por onde alongue o meu olhar de moribundo,
Tudo a meus olhos toma um doloroso aspeto:
E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.

Vejo nele a feição fria de um desafeto.
Temo a monotonia e apreendo a mudança.
Sinto que a minha vida é sem fim, sem objeto…

- Ah, como dói viver quando falta a esperança!


domingo, 3 de abril de 2016

WILLIAM ROBINSON LEIGH




CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

sábado, 2 de abril de 2016

FACES

"Stay With Me"

AMOR BASTANTE


Paulo Leminski

quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante