sexta-feira, 30 de agosto de 2013

DEAD FLOWERS

The Rolling Stones

Dead Flowers (Live) - OFFICIAL



FOTOS


No jardim da Dona Zefa






Fotografias de Ricardo Silva

MANOEL DE BARROS

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.

ALEX GREY






quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CABEÇA DE PEDRA


Limpeza


O piso do box do banheiro estava inundado. O banheiro também. Havia sujeira retirada por um desentupidor destes de cabo comprido e ventosa de borracha preta. Não tinha adiantado nada. O telefone tocou e eu fui atender. É minha profissão. Faço o serviço sujo. O pior é limpar fossas. O mais leve é como este, ainda mais numa mansão assim. Condomínio de bacanas, construções enormes, quintais pequenos, pisos aquecidos, mármore até no piso da entrada, decoração cara, mas duvidosa. Liguei a sonda. Enfiei no buraco. Ele penetrou fundo. Quando tirei, a água começou a escoar. Notei, entretanto, na ponta da coisa que entrou no escuro, algo estranho. Era uma joia. Um anel com um grande diamante. Chamei a dona da casa. Lavei antes a peça. Ela não quis receber. Primeiro disse que não era dela. Mas começou a chorar. Era como se algo ruim tivesse saído daquele buraco. Então, ela perguntou: "E o dedo? Achou o dedo?"



MIRAN





segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CHARLES BUKOWSKI


"Cidadãos do mundo
eu renuncio a vocês.

 

eu renunciei
há muito tempo.
mas isto é uma notificação
formal
eu contra
vocês
uma ordem de
restrição.

fodam-se
ressequem
desapareçam.

não venham até
minha porta
com pizza
bucetas
ou ofertas de
paz.

é tarde demais.

a música
congelou no
ar
castrada pela
ausência de sua
presença."

ANTIGOS POSTAIS ERÓTICOS





domingo, 25 de agosto de 2013

ARTHUR RIMBAUD

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
        Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
           O dever
           É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
       Ao sol.


FONTE:http://www.elsonfroes.com.br/rimbaud.htm

FOTOS



Fotografias de Ricardo Silva

sábado, 24 de agosto de 2013

NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA


NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (Annie Hall, 1977, United Artists, 93min) Direção: Woody Allen. Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman. Fotografia: Gordon Willis. Montagem: Wendy Greene Bricmont, Ralph Rosenblum. Figurino: Ruth Morley. Direção de arte/cenários: Mel Bourne/Robert Drumheller, Justin Scoppa Jr. Casting: Juliet Taylor. Produção executiva: Robert Greenhut. Produção: Charles H. Joffe, Jack Rollins. Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Shelley Duvall, Colleen Drewhurst, Christopher Walken. Estreia: 20/4/77

5 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Woody Allen), Ator (Woody Allen), Atriz (Diane Keaton), Roteiro Original

Vencedor de 4 Oscar: Melhor Filme, Diretor (Woody Allen), Atriz (Diane Keaton), Roteiro Original

Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz/Comédia ou Musical (Diane Keaton)

Quando lançou "Noivo neurótico, noiva nervosa", em 1977, Woody Allen já não era nenhum iniciante. Já havia lançado sete filmes, todos comédias bastante elogiadas pela crítica, mas relegadas à espécie de limbo que é reservado ao gênero. Foi preciso que o mais neurótico dos cineastas nova-iorquinos incluísse toques de romantismo em sua obra para finalmente levar pra casa o Oscar de melhor filme, direção e roteiro. Mesmo que tenha fugido do padrão de sua obra até então, normalmente direcionada a um público específico, "Noivo neurótico" talvez seja o filme que melhor define sua carreira a partir daí. Já estão presentes em sua deliciosa comédia romântica (sim, ele também tem uma alma romântica) todos os elementos que que o cineasta iria amadurecer em seus inúmeros trabalhos posteriores, em maior ou menor grau: o humor geralmente judeu, neurótico, erudito e sofisticado que angariou tanto fãs fiéis quando detratores ferozes.

Basicamente “Noivo neurótico, noiva nervosa” é uma história de amor, sem tirar nem pôr. O protagonista Alvyn Singer (o próprio Allen praticamente inaugurando sua persona mundialmente conhecida) é um humorista infeliz com sua carreira na TV que se apaixona pela levemente neurótica Annie Hall (Diane Keaton, que viveu um romance com o diretor, inspirou a personagem e levou o Oscar de melhor atriz), que tenta tornar-se cantora. O romance dos dois evolui à medida em que eles passam a se conhecer melhor, mas as diferenças entre os dois começam a tornar-se empecilhos no caminho de sua felicidade. Nesse meio tempo, ela conhece um empresário musical (vivido pelo cantor Paul Simon) e ele tenta reconhecer em seus relacionamentos passados os sinais que o levaram à crise.

O que diferencia “Annie Hall” (o título original soa infinitamente melhor do que o nome equivocado da versão nacional, uma vez que os protagonistas nunca foram noivos) das outras comédias românticas é o fato de que, além de Allen estar anos-luz da imagem do galã dos tradicionais exemplares do gênero, suas personagens enfrentam problemas mais próximos da realidade do que seus congêneres. Nada de tramas rocambolescas ou vilões estereotipados (apesar do primeiro esboço do roteiro falar sobre um crime em primeiro lugar e deixar o romance em segundo plano). O que leva o romance de Alvyn e Annie à exaustão é a própria vida, com seus caminhos às vezes tão complicados. E a dor do fim de um relacionamento também pode servir como motivo de criação, a exemplo do protagonista, que escreve uma peça de teatro tentando resolver sua conflituosa e ao mesmo tempo carinhosa relação com sua amada - o que de certa forma também foi feito por Woody, uma vez que Annie, sua protagonista feminina é claramente inspirada em Diane Keaton (cujo nome verdadeiro é Diane Hall e tem o apelido de Annie). Keaton, inclusive, utiliza de suas próprias roupas em cena (e seu figurino foi bastante imitado na época, diga-se de passagem).

A criatividade do roteiro de Allen fica evidente em momentos de grandes ideias, como o desenho animado que defende as madrastas das histórias infantis, as legendas explicando os pensamentos das personagens enquanto travam sua primeira conversa e a cena em que Annie está literalmente com o pensamento longe de sua transa com o namorado. Isso sem falar em alguns das tiradas mais inspiradas e engraçadas da carreira do diretor ("Em Los Angeles eles não jogam o lixo fora, eles reciclam em forma de programas de televisão", vocifera Alvyn quando obrigado a visitar a Califórnia).

Anos depois de seu lançamento, “Noivo neurótico, noiva nervosa” pode ter perdido parte de seu frescor e de seu senso de novidade, mas os diálogos espertos escritos por Woody Allen e a bela homenagem feita à Diane, em um papel sob medida continuam tão atuais quanto em sua estreia.

FONTE: http://clenio-umfilmepordia.blogspot.com.br/2010/05/noivo-neurotico-noiva-nervosa.html

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

JANIS JOPLIN

Little Girl Blue (This is Tom Jones, 1969)


O bêbado e as cantoras

O repórter Larry Rohter, do  ’New York Times’, comparou a baiana Ivete Sangalo com as cantoras americanas Tina Turner e Janis Joplin em reportagem publicada sábado passado no jornalão. Rohter é aquele jornalista que chamou o então presidente Lula de pinguço e quase foi expulso do país. Pelo jeito quem está bêbado agora é o repórter.

FONTE: http://jornalenoticias.com.br/zebeto/?p=197819

terça-feira, 20 de agosto de 2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013

FERNANDO PESSOA

    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.


    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.


    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.


    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.


    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.


    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.


    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas.)


    Álvaro de Campos, 21-10-1935

VIÚVA NEGRA

RD 350 

A RD 350 (Race Developed) foi lançada em 1973 nas cores "candy red" e "Racing Green". A RD 350 inaugurou o uso do Torque Induction, a palheta de torque, um mecanismo que veda o retorno da mistura ar/combustível/óleo 2 tempos para ocarburador, proporcionando melhor torque em baixas rotações e economia de combustível, um ponto crítico do Motor 2 Tempos. 
Também foram introduzidos os freios a disco dianteiro com pastilhas de dupla ação (dois cilindros), caixa de mudanças passou a ter com 6 marchas, o bloco do motor obteve novas tampas laterais com formato oval, Os mostradores (velocímetro e tacômetro) foram fixados em um painel onde também tinham as luzes de monitoramento dos piscas (Flash) independentes para cada direção, neutro e farol alto. 
A extrema potencia do motor exigia muita atenção e habilidade na pilotagem, pois era praticamente uma motocicleta de competição trafegando na rua. Foi assim que a moto ganhou o apelido de "Viúva Negra". A RD 350 vinha com um acessório fixado por baixo da mesa inferior, que funcionava como amortecedor de direção, estranhamente muitas Rd's eram vendidas sem este componente.


FONTE: Wikipédia

DISCOTECA BÁSICA

John Lee Hooker & Canned Heat

Hooker 'n Heat (1971)



(Edição 75,Outubro de 1991) 

Aqui o blues não tem os tradicionais doze compassos. Trata-se de uma levada mântrica, hipnótica, que flui livremente ao sabor dos riffs de guitarra e das profundas modulações vocais de John Lee Hooker. 
O inventor do boogie "de-uma-nota-só" foi para o blues de Detroit o que Muddy Waters e Howlin' Wolf representaram para o de Chicago. Como eles, vindo do Mississippi, Hooker partiu das raízes rurais para iniciar-se no processo de eletrificação do estilo que originaria o rock'n'roll. A essncia da coisa toda já estava na interpretação/guitarra/footstomp e na expressividade da voz de Hooker sempre temperada com as tiradas sacanas das letras e os impagáveis "hey, heys" e "yac, yacs". 
Não é à toa que suas canções foram revisitadas por tantos: dos Stones e dos Animals até Nick Cave e Cowboy Junkies. A aproximação de Hooker com o rock veio desde 59, quando se apresentou pela primeira vez no festival folk de Newport. Foi seu passaporte para ser reverenciado por toda uma geração de músicos americanos e ingleses. Durante os sixties, ele expandiu sua influência pela Europa, com várias excursões e ocasionais gravações. Mas o ápice desta associação viria em 70, seu antológico registro com o quinteto californiano Canned Heat. 
Encabeçado pelo gaitista/vocalista Bob "Bear" Hite e pelo multiinstrumentista Alan "Blind Owl" Wilson, o grupo era um "estranho no ninho" na cena psicodélica de Los Angeles. A começar pelas figuras de seus frontmen, chamados de "Urso" (pela obesidade) e "Coruja Cega" (pelos óculos fundo-de-garrafa que usava). Mas era o som o que os diferenciavam das bandas psicodélicas: um blues rock básico, de uma eficiência à toda prova, muito mais para bourbon do que para ácido lisérgico. Sob estas condições, projetaram-se com louvor nos festivais de Monterey (67) e Woodstock (69). 
Com uma posição consolidada em 70, o grupo foi encontrar Hooker vivendo na Califórnia, na época sem excursionar. Foi daí que surgiu a idéia de gravarem juntos. O espírito no qual rolaram estas sessões foi perfeitamente expresso nas liner notes da capa interna de "Hooker'n'Heat", o álbum duplo lançado no ano seguinte: "Uma vez no estúdio, experimentamos cerca de oito amplificadores antigos, até encontrarmos o som real de Hooker - um som que não se ouvia em seus discos havia muito, muito tempo... Um microfone no amplificador, outro para a voz e um para captar as batidas de seu pé - ele nunca pára de batê-los! Não muito longe, uma garrafa de Chivas Regal e um copo d'água para torná-lo mais suave." 
A partir deste esquema, Hooker gravou sozinho o primeiro disco do álbum: uma sucessão de clássicos como "Messin' With The Hook", "The Feelin' Is Gone", "You Talk To Much" e "Bottle Up And Go", envoltos em interpretações emocionadas. Como bons discípulos, os membros do Canned Heat foram aparecendo aos poucos só no outro disco: das discretas intervenções do piano e da guitarra de Alan Wilson em "The World Today" e "I Got My Eyes On You", respectivamente, até sua gaita comandando o resto do grupo para acompanhar o mestre na catarse de "Boogie Chillen Nr. 2". 
O álbum também foi o epitáfio musical de Wilson, que morreu de overdose pouco depois de gravá-lo. Em 81 surgiu um disco homônimo, documentando novo encontro (ao vivo) de Hooker e o Canned Heat, já nas mãos de Bob Hite. Um belo registro, claro que sem a genialidade do anterior, mas igualmente fatídico: Hite sofreria um ataque cardíaco mortal no mesmo ano. Triste sina a da conjunção "Hooker N' Heat". 



Celso Pucci

FONTE: http://rateyourmusic.com/list/Mhrr/discoteca_basica_revista_bizz/2/

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

sábado, 10 de agosto de 2013

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

BUKOWSKI

é o modo como você joga o jogo


chame-a de amor
coloque-a de pé sob a luz
imperfeita
ponha-lhe um vestido
reze cante implore chore ria
apague as luzes
ligue o rádio
acrescente-lhe enfeites:
manteiga, ovos crus, jornais
de
ontem;
um cadarço novo, e então
páprica, açúcar, sal,
pimenta,
ligue para sua tia velha e
bêbada em
Calexico;
chame-a de amor,
espeta-a bem, adicione
repolho e molho de maçã,
então a esquente primeiro
no lado esquerdo,
depois no
direito,
ponha-a numa caixa
livre-se dela
deixe-a nos degraus de uma
porta
vomitando como você fará
nas
hortênsias.


(Charles Bukowski)

FONTE: http://cronicadeumamorlouco.wordpress.com/category/charles-bukowski-poemas-e-textos/

SOLDA

CÁUSTICO


SOLDA CÁUSTICO: http://cartunistasolda.com.br/

CABEÇA DE PEDRA

Acordes


Rabeca, banjo, viola caipira. A ponte do Sul do Mundo até os grotões do Império. Cego Aderaldo e o menino do filme Deliverance. Enfia-se no meio o bandolim do Jacob Bittencourt e está feito o arco-iris para se cavalgar com os olhos fechados por pétalas, poeira, espinhos, romances, rupturas, epopeias, combates, embates. Tudo sem machucar, porque cerdas nas cordas, flechas certeiras. Ouvir para viver. Tocar para sentir. Acordes. Acordo. 

CABEÇA DE PEDRA: http://cabecadepedra1.blogspot.com.br/

CINE CENA

Deliverance  (1972)