quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CABEÇA DE PEDRA


Limpeza


O piso do box do banheiro estava inundado. O banheiro também. Havia sujeira retirada por um desentupidor destes de cabo comprido e ventosa de borracha preta. Não tinha adiantado nada. O telefone tocou e eu fui atender. É minha profissão. Faço o serviço sujo. O pior é limpar fossas. O mais leve é como este, ainda mais numa mansão assim. Condomínio de bacanas, construções enormes, quintais pequenos, pisos aquecidos, mármore até no piso da entrada, decoração cara, mas duvidosa. Liguei a sonda. Enfiei no buraco. Ele penetrou fundo. Quando tirei, a água começou a escoar. Notei, entretanto, na ponta da coisa que entrou no escuro, algo estranho. Era uma joia. Um anel com um grande diamante. Chamei a dona da casa. Lavei antes a peça. Ela não quis receber. Primeiro disse que não era dela. Mas começou a chorar. Era como se algo ruim tivesse saído daquele buraco. Então, ela perguntou: "E o dedo? Achou o dedo?"



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