domingo, 11 de outubro de 2009

CORRIDA CONTRA O DESTINO

(VANISHING POINT, 1971)
SINOPSE O motorista Kowalsky (Barry Newman) recebe como tarefa levar um Dodge Challenger branco do Colorado até São Francisco, na Califórnia, e ele aposta que poderá fazer a viagem em menos de 15 horas. Inicia a correria, e não demora muito para Kowalsky estar sendo perseguido por motos, carros e helicópteros da polícia, em poeirentas estradas estadunidenses. Durante a perseguição, o protagonista é guiado pelo DJ cego Super Soul (Cleavon Little), que possui uma escuta da polícia.
CORRIDA CONTRA O DESTINO, dirigido por Richard C. Sarafian em 1971, é um clássico road movie dos anos 1970 com todas as características do gênero: trilha sonora com muito rock, um carrão envenenado, um anti-herói que ganha a simpatia popular em sua viagem e, ao final, “se ferra”. Sua inspiração básica é o primeiro grande road movie Americano, SEM DESTINO (1969), porém aqui temos um rebelde solitário no volante de um dos grandes muscle cars da época – um Dodge Challenger 1970. Assim, não é de admirar que a grande ênfase do filme - que indiscutivelmente deixou um legado no gênero – seja as perseguições motorizadas, porém com um tempero de algo muito em voga na época - a rebeldia e contestação ao “Sistema”. Assim, podem ser considerados descendentes diretos de CORRIDA CONTRA O DESTINO produções como LOUCA ESCAPADA (1974, de Steven Spielberg) e FUGA ALUCINADA (1974, com o mesmo Peter Fonda de SEM DESTINO) e até mesmo a série de TV OS GATÕES (1979, que virou filme em 2005). Em 1997 foi lançada uma esquecível refilmagem para a TV estrelada por Viggo Mortensen, com uma história completamente diferente.
Muitos elementos do filme hoje estão datados, como a mensagem “paz, amor e drogas” (esta perfeitamente representada pela motoqueira nua interpretada pela desconhecida Gilda Texter, que numa pausa no meio do deserto oferece a Kowalsky sexo e pílulas), a representação caricatural do casal de assaltantes gays a quem o protagonista dá carona, e até mesmo a determinação de Kowalsky em, a partir de certo ponto, quebrar todas as regras (dica: ele é um veterano do Vietnã...). No entanto, tais elementos colaboram para dar ao filme um sabor único, típico de sua época, e hoje ao revê-lo me senti transportado de volta ao velho e abafado cinema onde assisti CORRIDA CONTRA O DESTINO pela primeira vez, há trinta e tantos anos. À época o filme mostrou cenas de perseguição bem mais sensacionais do que as vistas em BULLIT (1968) e OPERAÇÃO FRANÇA (1971), que sublinhadas por um acompanhamento musical mesclando country e rhythm & blues, sem dúvida ainda hoje fazem valer a pena embarcar nessa viagem. A interpretação do elenco é quase minimalista, a começar pelo próprio Barry Newman, destacando-se apenas Cleavon Little no papel de Super Soul, que via rádio dedica conselhos e músicas ao fugitivo das estradas (qualquer semelhança do personagem com a DJ sem rosto de WARRIORS – OS SELVAGENS DA NOITE, de Walter Hill, não é mera coincidência).
A trilha musical de CORRIDA CONTRA O DESTINO foi produzida pelo veterano compositor e músico Jimmy Bowen, que além de incluir canções de músicos country e rhythm & blues como Bobby Doyle, Doug Dillard Expedition, Delaney & Bonny & Friends, Mountain e Kim Carnes, compôs e interpretou com seu grupo The J. B. Pickers algumas faixas instrumentais, com destaque para “Freedom of Expression”, muito conhecida aqui no Brasil por ser utilizada como tema do programa jornalístico GLOBO REPÓRTER, da Rede Globo. No filme esta música vibrante, quase um jazz rock, é ouvida durante uma veloz perseguição ao Challenger de Kowalsky.

texto: Jorge Saldanha

Um comentário :

Cristiano disse...

so pra completar: inspirado nesse filme, foi o clip do audioslave com cornell num dodge igualzinho a esse, o dj dando as dicas as cobras no cesto e o fim tragico dando de cara com os tratores na pista. Abraço