The Gold Rush (1925)
Por Magno Martins
Depois de Casamento ou Luxo, um dos maiores sucessos da carreira de Chaplin certamente é o filme Em Busca do Ouro (The Gold Rush). O filme, que foi lançado em 1925, supriu e muito a saudade dos fãs de Chaplin no cinema, já que em Casamento ou Luxo o famoso vagabundo ficou de fora, dando espaço para o primeiro drama escrito, produzido e dirigido por Charles Chaplin.
Em Busca do Ouro foi digirido pelo próprio Chaplin. Como sempre, ele buscou aperfeiçoar ainda mais o seu olhar cinematográfico, trazendo de volta para as telas o famoso vagabundo. Porém, como nos demais filmes lançados, Chaplin buscou mais uma vez um olhar sobre a sociedade, fazendo uma crítica em torno dos valores sociais impostos na época. Pelo próprio nome do filme, percebe-se uma crítica de que todas as pessoas, para se sentirem felizes e realizadas, necessitam de dinheiro e bens materiais. Porém, no próprio filme, Chaplin mostra tudo isso ao contrário.
Em síntese, Em Busca do Ouro conta a história do Vagabundo que, assim como demais garimpeiros, partem rumo ao Alaska em busca do material precioso para sobreviverem ao injusto mundo em que pertenciam. No meio do caminho, acontece uma tempestade e o Vagabundo se perde dos demais homens e acaba encontrando uma cabana para se proteger. Porém, ele descobre que a cabana já está ocupada por Big Jim McKay (Mack Swain) com uma peculiariedade: ele era bandido e também estava em busca de ouro na região. Os dois começam a disputar pelo espaço e pela sobrevivência e, ao salvar a vida do Vagabundo, eles se tornam amigos. No desenrolar da comédia, Chaplin se apaixona por Georgia (Georgia Hale), uma mulher que é apaixonada por um homem mulherengo e grosseiro que frequenta o café onde ela trabalha.
O filme possui algumas das cenas épicas produzidas por Charles Chaplin: no Reveillon abordado no filme, o Vagabundo espeta dois garfos em dois pãezinhos e faz a famosa dança dos pãezinhos; o bandido Big Jim MCkay delira de fome e visualiza o Vagabundo como uma galinha gigante e tenta matá-lo para saciar sua fome e a cena mais lembrada de todas, onde o Vagabundo e seu amigo bandido cozinham um par de botinas e comem como se fosse um delicioso banquete.
Em todo o filme, é possível ver todas as críticas sociais que Charles Chaplin implementa em sua obra: os valores materiais, a miséria e a fome. Porém, com um olhar otimista, Chaplin buscou mostrar que, mesmo com todos os problemas que as pessoas são submetidas, elas podem construir amizades independente do que as pessoas são, mostra o companheirismo, a importância do trabalho em equipe, enfim, muitas e muitas visões que fazem Em Busca do Ouro ser assistido, que vai além da proposta inicial: ser um filme de comédia.
Chaplin, como sempre, surpreendeu e muito no filme: com uma produção cotada em US$ 923 mil, os 2.500 garimpeiros mostrados no filme eram moradores de rua que toparam em participar do filme por um dia de salário. Além disso, a famosa dança dos pãezinhos ficou tão famosa que, após a exibição do filme, alguns cinemas passavam novamente a cena para o público. O filme foi tão recebido pela crítica e pelo público que, em 1942, após a reedição de Em Busca do Ouro, Charles Chaplin recebeu dois Oscars, o de Melhor Trilha Sonora e Melhor Som.
Em Busca do Ouro é um grande marco na carreira de sucesso de Charles Chaplin, mostrando ainda a importância de ter uma linguagem cinematográfica voltada para o público que sempre apreciou o vagabundo em condições parecidas de suas vidas. Chaplin sempre foi direto e coerente em suas produções, mostrando um lado do cinema que nenhum diretor na época queria registrar: o das pessoas comuns, o lado humano de ser, revelando cada vez mais não só o seu talento como diretor mas principalmente, seu talento em compreender os problemas sociais ao seu redor.
FONTE: http://cinemascope.com.br/especiais/chaplin/em-busca-do-ouro/
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