terça-feira, 31 de agosto de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O RESTO IMORTAL

de Paulo Leminski

Queria não morrer de todo. Não o meu melhor. Que o melhor de mim ficasse, já que sobre o além sou todo dúvida. Queria deixar aqui neste planeta não apenas um testemunho da minha passagem, pirâmide, obelisco, verbetes numa obscura enciclopédia, campos onde não crescem mais capim.

Queria deixar meu processo de pensamento, minha máquina de pensar, a máquina que processa meu pensamento, meu pensar transformado em máquina objetiva, fora de mim, sobrevivendo a mim.

Durante muito tempo, cultivei esse sonho desesperado. Um dia, intui. Essa máquina era possível.

Tinha que ser um livro.

Tinha que ser um texto. Um texto que não fosse apenas, como os demais, um texto pensado. Eu precisava de um texto pensante. Um texto que tivesse memória, produzisse imagens, raciocinasse.

Sobretudo, um texto que sentisse como eu.

Ao partir, eu deixaria esse texto como um astronauta solitário deixa um relógio na superfície de um planeta deserto.

Claro que eu poderia ter escolhido um ser humano para ser essa máquina que pensasse como eu penso. Bastava conseguir um aluno. Mas pessoas não são previsíveis. Um texto é.

A impressão do meu processo de pensamento não poderia estar na escolha das palavras nem no rol dos eventos narrados. Teria que estar inscrito no próprio movimento do texto, nos fluxos da sua dinâmica, traduzido para o jogo de suas manhas e marés.

Um texto assim não poderia ser fabricado nem forjado. Só poderia ser desejado. Ele mesmo escolheria, se quisesse, a hora de seu advento.

Tudo o que eu poderia fazer nessa direção era estar atento a todos os impulsos, mesmo os mais cegos, nunca sabendo se o texto estava vindo ou não.

Era óbvio, um texto assim teria, no mínimo, que levar uma vida humana inteira. Na melhor das hipóteses.

Uma questão colocou-se desde o início. A tensão da espera de um tal texto poderia ser o maior obstáculo para seu surgimento. Quanto a isto, não havia solução. A questão teria que ser vivida em nível de enigma e conflito, sigilo e dissimulação.

Evidentemente que o texto que resultasse desse estado deveria, por força, reproduzí-lo em sua essencial perplexidade. A máquina-texto que surgisse não seria um todo harmonioso, já que a harmonia só convém às coisas mortas. O que eu pretendia era uma coisa viva, uma vida que me sobrevivesse. E a vida é contraditória.

Não sei mais de esse texto virá. Ou se já veio.

Tudo o que quero é que, se vier, se lembre de mim tanto quanto eu soube desejá-lo.

fonte: http://jornale.com.br/zebeto/

domingo, 22 de agosto de 2010

TÚMULO DOS VAGALUMES

HOTARU NO HAKA, 1988




Por  Raffael Zabbot

Há filmes que nos deixam pertubados, com um nó na garganta e a mais profunda sensação de miséria. Essa sensação incômoda é uma constante no cinema de guerra, principalmente quando ele se utiliza das possibilidades gráficas inerentes ao gênero. É um feito e tanto que O Túmulo dos Vagalumes, o anime clássico de Isao Takahata, consiga ser ainda mais inquietante e visceral que O Resgate do Soldado Ryan e A Lista de Schindler juntos, e apenas com uma carga mínima e necessária de violência. Não, o poder de O Túmulo dos Vagalumes não reside em ferimentos expostos ou numa polarização explícita de bem contra o mal. O drama, aqui, não se constrói nesses termos.
Kobe, Japão, 1945. Seita é um pré-adolescente responsável, que ajuda a mãe nos afazeres domésticos (enquanto o pai, um marinheiro, luta no front) e, principalmente, toma conta de sua irmã mais nova, a pequena Setsuko. Quando a cidade – já então uma das maiores do Japão – é atacada por bombardeiros americanos, a mãe deles é brutalmente carbonizada e não resiste. Para desespero ainda maior dos novos órfãos, sua residência foi dizimada a pó, e, sem teto, são obrigados a pedir abrigo a uma tia paterna distante (aparentemente, o único parente que eles têm na cidade). O tratamento dickensiano dado pela tia (“Não aguento mais essa menina chorando na minha casa!”), aliado com o grande senso de orgulho do rapaz, culmina numa situação insustentável, onde é preferível arriscar a liberdade do que se submeter a tal acolhimento opressor.
Claro que, a princípio, Seita nem se dá conta da inconsequência dessa sua atitude. Ostentando feliz a trouxinha que carrega sobre os ombros (e que contém seus paupérrimos pertences), símbolo da recém-adquirida liberdade, o garoto acaba por descobrir, numa estrada um pouco distante da cidade, um pequeno lugar “paradisíaco” que tem perfeitas condições de alojar ele e sua irmã. Trata-se de um abrigo anti-bombas abandonado, encravado numa caverna e rodeado por uma natureza exuberante, com alguns pomares e um riacho. Os únicos habitantes desse abrigo são alguns vagalumes, que iluminam a noite para os dois irmãos. Ali, Seita e Setsuko, levam uma vida despreocupada, idílica, que remete aos ideais de Rousseau sobre o “bom selvagem”, mas que é gravemente fora de compasso com a realidade bélica e destrutiva que procede a não muitos quilômetros desse Jardim do Éden.
Quando finalmente seus recursos acabam, resta aos irmãos saírem de seu redoma e procurar um novo jeito de sobreviver; não é surpresa nenhuma que a destruição da cidade não foi só física – foi moral, também: tão escassa quanto a comida é a compaixão humana. Para resistir, resta se apegarem àquilo que têm de mais precioso: a fraternidade, o amor que sentem um pelo outro e que os tornará inseparáveis para sempre. É essa dimensão humana que torna O Túmulo dos Vagalumes tão especial, mas ao mesmo tempo tão sombrio e pertubador: o choque de ver pessoas morrendo e lares sendo queimados é consideravelmente menor que o espanto de testemunhar o egoísmo, a abominável inclinação individualista do caráter humano, florescer num contexto que suplica por partilha e carinho.
Certamente O Túmulo… não é o primeiro filme a mostrar o lado da “vítima entre as vítimas”, mas ele o faz de maneira tão singular, contrastando o peso de sua história com a leveza de seus traços e, como disse lá em cima, omissão de excessos gráficos, que o resultado é nada abaixo de espetacular. É a maior bola dentro do Studio Ghibli, que nunca mais se aventuraria por águas tão escuras, devido à repercussão inicial negativa ao filme.
Explica-se: no seu lançamento, Túmulo fazia parte de uma sessão dupla com Meu Amigo Totoro, de Hayao Miyazaki, numa espécie de “pague um, leve dois” da Ghibli. Totoro, o “lado A”, é um filme de enorme apelo infantil e que se tornou um dos maiores ícones da história do Japão, desencadeando vendas até hoje gigantescas em produtos licenciados e gerando inúmeras imitações (o monstrinho Totoro virou o mascote do Studio Ghibli, então não é exagero dizer que ele é o Mickey Mouse do Japão! Aliás, fica a dica de Meu Amigo Totoro para um próximo post.). O “lado B”, Túmulo dos Vagalumes, por outro lado, foi considerado deprimente demais e era muito comum as pessoas irem embora no meio de sua projeção. De fato, foi uma decisão bizarra juntar dois filmes tão diferentes, mas o tempo foi mais do que justo com essa obra-prima, e hoje O Túmulo dos Vagalumes é devidamente reconhecido como não só um dos melhores animes já feitos, mas um dos maiores filmes de guerra, também.

NEIL YOUNG, the crazy horse

Neil Young nasceu no dia 12 de novembro de 1945, em Toronto no Canadá. Ainda jovem, por ocasião da separação de seus pais, mudou-se para Winnipeg, naquele mesmo país. Começou sua carreira ainda na adolescência tocando folk e rock music em bandas colegiais como The Squires e The Stardusters. A mais bem sucedida foi com certeza o The Squires que chegou a fazer um relativo sucesso na região, entre 1963 e 1965.

Quando o The Squires encerrou suas atividades, no verão de 1965, Young continuou a se apresentar como artista solo no circuito local de bares de folk music, onde conheceu entre outros a cantora Joni Mitchell e Stephen Stills. Ainda nesse ano Young resolve voltar para Toronto, onde, em 1966, se juntou a The Mynah Birds, banda de Rick James (que viria a ficar famoso no final dos anos 70 com o sucesso "Superfreak") e que contava em sua formação original com o baixista Bruce Palmer, futuro Bufallo Springfield, e o tecladista Goldy McJohn, que integraria anos depois o Steppenwolf. A banda lançou alguns compactos e chegou a gravar um álbum pela gravadora Motown, que nunca chegou a ser lançado oficialmente. Após mais este insucesso Young convenceu o baixista Bruce Palmer a ir tentar a sorte em Los Angeles. Em L.A. Young reencontrou Stephen Stills, que estava montando uma banda com Richie Furay. Young topou a parada e trouxe junto com ele o baixista Bruce Palmer. Para completar a formação da banda, Stills chamou o amigo Dewey Martin para bateria. Juntos formaram o The Bufallo Springfield, nome de um veículo agrícola, que logo se tornou conhecida na cena local pelo seu folk-rock psicodélico. De carreira efêmera a banda gravou apenas três álbuns (Bufallo Springfield de 1967, Bufallo Springfield Again também de 1967 e Last Time Around de 1968). Nessa época Young compôs algumas de suas composições mais marcantes, como "Mr. Soul" e "Broken Arrow", ambas do disco Again. Apesar do sucesso a banda se separou após o terceiro álbum, devido a vários desentendimentos entre Young e Stills. Era muito difícil chegar a algum consenso tendo três compositores (e egos) tão antagônicos como Young, Stills e Furay numa mesma banda. Stills foi se juntar a David Crosby dos The Byrds e Graham Nash dos The Hollies no Crosby, Stills and Nash, Furray montou o Poco e Neil Young seguiu carreira solo.

Com ajuda do sucesso do Bufallo Springfield, não foi difícil para Young conseguir um contrato com a Reprise Records, iniciando uma duradoura colaboração que durou mais de dez anos. Seu primeiro álbum solo foi lançado em janeiro de 1969, chamado simplesmente de Neil Young, e produzido por seu amigo Jack Nitzsche. No entanto é um álbum em vários aspectos decepcionante, prejudicado pela produção deficiente e pela indefinição musical. Nessa mesma época, Young começou a tocar com uma banda chamada de The Rockets, da qual faziam parte: Danny Whytten (guitarra), Billy Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria), que eram amigos do produtor Jack. Neil Young sugeriu que mudassem o nome para Crazy Horse. Então quatro meses após o do lançamento de seu primeiro álbum e dois meses depois de começar a tocar com a Crazy Horse, Neil Young surpreende a todos e lança seu segundo disco solo chamado Everybody Knows This is Nowhere. Um verdadeiro marco em sua carreira. O álbum traz algumas das melhores composições de Young, como "Cinnamon Girl", "Down by the River" e "Cowgirl in the sand". Gravado em apenas duas semanas, no estúdio do próprio Neil, em Topanga, Califórnia o álbum selava o encontro definitivo entre Young e a banda que se tornaria o melhor veículo para sua música. Apesar do sucesso de crítica e a boa aceitação popular, Young resolve dar um tempo em sua carreira solo e tirar o resto do ano de 69 para participar do super grupo formado pelos seus amigos Crosby, Stills e Nash, que ficou conhecido como CSN&Y. A banda faz sua estréia com Young em Woodstock, onde tocam para mais de 400 mil pessoas. No ano seguinte lançam o disco Deja Vu, grande sucesso de público e crítica. O álbum entrou em primeiro lugar na parada dos mais vendidos. Mas após uma turnê "sold-out" durante o verão americano a banda resolve se dissolver. Em 1971, é lançado um álbum duplo ao vivo desta tour, chamado Four Way Street, que também atinge o primeiro lugar nas paradas. A coletânea de 1972 So far seguiu o mesmo caminho, marcando três estréias seguidas em primeiro lugar na parada.

Crosby, Stills, Nash and Young

Ainda em 1970, mais precisamente em agosto, Young lança outro disco com a Crazy Horse, After the Gold Rush. Um álbum acústico no qual Young flertava com uma sonoridade mais rebuscada e melodiosa. O álbum tem a participação do jovem guitarrista Nils Lofgren, que se tornaria um colaborador assíduo de Young. Em 1972 lança o disco Harvest, que o alça definitivamente ao status de super-star. Esse disco foi gravado em Nashville com a banda Stray Gators, além de contar com as participações especiais de James Taylor e Linda Ronstadt. Entre os sucessos desse disco, estão "Heart of Gold" e "Neddle & the Damage Done". O álbum mesclava o material gravado em Nashiville, de clara orientação folk/country, com gravações ao vivo e duas faixas gravadas com a Orquestra Sinfônica de Londres, produzidas por Jack Nitzsche. Apesar de ser um disco pouco coeso e não representar o melhor trabalho de Young, Harvest foi o álbum mais vendido de 1972, e Heart of Gold o single número nos Estados Unidos por várias semanas. Mas seu projeto seguinte o obscuro filme Journey Through the Past, lançado nove meses depois de Harvest, que como nome indica era uma espécie de documentário, uma viagem pelo passado do músico, foi um retumbante fracasso. Tanto o filme como sua trilha sonora, um álbum duplo que continha versões ao vivo de qualidade duvidosa que misturava músicas do Bufallo Springfield e CSN&Y com sucessos e de sua carreira solo, incluindo e uma versão de Words do álbum Harvest de 16 minutos, receberam críticas negativas do público e crítica. Além disso ainda nesse ano o guitarrista do Crazy Horse Danny Whitten, morre de overdose de heroína, seguido logo depois por Bruce Berry seu roadie e grande amigo. Essas duas mortes abalaram bastante o músico, Neil Young iniciaria um dos períodos mais obscuros de sua carreira. Muitas de suas letras a partir daí serão relacionadas a temas como perda, morte, vício e loucura. Marca também a entrada de Young no álcool e nas drogas. O primeiro álbum dessa fase é Times Fade Away (1973), um álbum gravado ao vivo, apenas com material inédito, acompanhado da Stray Gators. Só que ao invés do apuro técnico e melodioso de Harvest, Neil Young investia, exatamente, numa direção contrária, com uma sonoridade ríspida e crua, várias vezes desleixada, que o manteve distante do grande público. O projeto seguinte de Young foi gravar um álbum em homenagem Danny Whitten e Bruce Berry, que também serviria como uma maneira de expurgar os recentes reveses de sua carreira e vida pessoal. Acompanhado dos remanescente da Crazy Horse, mais Nils Lofgren, e do guitarrista Ben Keith. Gravado em agosto de 1973, praticamente ao vivo, sem overdubs ou qualquer polimento de estúdio, esse material que mais tarde se tornaria o álbum Tonight's the Night (1975), foi abortado no último momento pelo próprio Young. Mesmo assim o músico saiu numa desastrosa em turnê onde tocava músicas desse álbum, marcada por bebedeiras homéricas, apresentações caóticas, críticas negativas e platéias hostis.

Ainda nesse ano Young teve que conviver com o estrondoso sucesso de "Sweet Home Alabama" do Lynyrd Skynyrd, que era uma resposta a duas músicas do canadense: Sotherman e Alabama, dos álbuns After Gold Rush e Harvest respectivamente, que versavam contra a segregação racial naquele estado americano. No seu álbum seguinte, On the Beach (1974), gravou uma resposta para essa música (na faixa "Walk on", que abre o disco). Nesse álbum Young, agora acompanhado por músicos da The Band, Rick Danko e Levon Helm e além de David Crosby e Ben Keith, prossegue no mesmo clima depressivo de seus álbuns anteriores. O tom de desesperança e abandono das letras e a produção totalmente desleixada do álbum pareciam refletir os abusos alcóolicos cometidos nos últimos dois anos. Encerrando de forma derradeira esse período é finalmente lançado em 1975, Tonight's The Night, que teve a ordem original das faixas alteradas. Além de trazer uma faixa ao vivo com a Crazy Horse no Fillmore East em 70 com Danny Whitten nos vocais. O álbum era dedicado a "Danny Whitten e Bruce Berry, que viveram e morreram pelo Rock'n'Roll". E refletia as condições adversas em que fora gravado e espirito de desolação dos músicos. É no entanto um dos melhores álbuns de Young e talvez seu trabalho mais pungente. Na época de seu lançamento Young já estava sóbrio o bastante, e começava a colocar sua carreira de volta nos trilhos, retornando sua colaboração como a Crazy Horse, agora com Frank Sampedro na guitarra. Com essa formação eles gravam Zuma (também lançado em 1975), que pode ser visto como o album em que Neil Young faz as pazes com público e crítica. Seguindo o clima reconciliação com seu passado, Young retomou a sua parceria com Stephen Stills no álbum Long May You Run (1976), creditado a Still-Young Band. No qual dividiam irmamente as composições do disco. Mas a dupla não durou muito tempo: Neil Young abandonou pela metade a tour de promoção do álbum, sem maiores explicações.Em 1977, lança American Stars'n'Bars, que ele gravou acompanhado da banda country The Bullets e da Crazy Horse. Além de contar com auxílio luxuoso nos vocais de Linda Ronstadt, Emmylou Harris e Nicolette Larson. O destaque do álbum ficava com o lado B, que trazia uma série de gravações não aproveitadas com a Crazy Horse, que abrangiam um período de 1974 até 1976. Incluído a versão de estúdio para Like a Hurricane. No final do ano seria lançada a coletânea tripla Decade organizada pessoalmente pelo músico, e que continha cinco faixas inéditas. No começo de 1978 Neil Young grava Comes a Time, seu segundo álbum a alcançar o Top Ten. Um disco que procurava reencontrar a receita de sucesso de Harvest, o que de certa forma conseguiu. Destaque para as duas únicas composições do disco gravadas com a Crazy Horse: Lookout My Love e Lotta Love. Ainda em 1978 influenciado pelo punk e pela cena new wave, ele sai em turnê pelos Estados Unidos com o concerto Rust Never Sleeps, fazendo parte do show acústico, e parte elétrica com a Crazy Horse em cena. O disco de estúdio resultante dessa turnê, também chamado Rust Never Sleeps, sai nesse mesmo ano. Como o show que lhe deu origem, é um disco divido em dois lados distintos: um acústico, e outro mais rock'n'roll, com músicas bem mais pesadas. É considerado seu melhor trabalho desde Tonight's The Night. Quatro meses depois, é lançado um disco duplo ao vivo chamado Live Rust, e um filme com shows dessa turnê, também com o nome Rust Never Sleeps. E para aumentar a confusão, Young queria que o álbum ao vivo também se chamasse Rust Never Sleeps, mas a gravadora Reprise vetou a idéia. Apesar de totalmente compreensível, essa atitude minou o relacionamento entre Young e sua gravadora, que começou a procurar uma nova gravadora já nessa época, apesar de estar amarrado a um contrato de exclusividade por mais dois anos. A deterioração na relação entre Young e sua gravadora, pode ser verificada no desinteresse do músico por seus dois álbuns seguintes, os igualmente medíocres Hawks and Doves (1980) - que tinha menos de 30 minutos de música - e RE*AC*TOR (1981) com a Crazy Horse. Ambos parecem mostrar que Young estava apenas cumprindo uma obrigação, e pouco ou nada acrescentam à discografia do músico. Em 1982, trocou a Reprise pela Geffen Records, que lhe ofereceu um ótimo contrato em termos financeiros, além de garantir liberdade total e irrestrita de criação para Young, que foi um dos primeiros artistas a ter esse tipo de cláusula incluída no contrato. Mal sabiam os executivos da Geffen com quem estavam se metendo. Young levou realmente a sério essa história de liberdade total de criação, e o curto período em que gravou pela Geffen, cinco anos, é marcado por obras esdrúxulas, exercícios de estilos impensáveis e nenhum sucesso comercial.O primeiro álbum de Young pela Geffen, Trans (1982) é seu disco mais pretensioso e frustante, com elementos techno e minimalistas, inspirado em bandas como Devo e Kraftwerk. Além disso, Young usou um vocoder, um aparelho que sintetiza a voz humana, em cinco das nove faixas do disco, o que tornava a maioria das letras do álbum praticamente inteligíveis. Seguindo a fase de obras sem fundamento, em 1983 lança Everybody's Rockin', um álbum de Rockabilly com a banda The Shocking Pinks. O álbum, que era uma espécie de piada inocente, que durava menos de vinte e cinco minutos, pode ser considerado o maior fracasso comercial da carreira do cantor. Como resultado de suas últimas investidas musicais, Neil Young fica dois anos sem gravar, voltando somente em 1985 com Old Ways, um álbum bastante voltado as suas raízes country, incluindo um dueto com Willie Nelson. No ano seguinte, lança Landing on Water, outro álbum obscuro com uma produção indistinta que colocava a bateria e os sintetizadores em primeiro plano.

Em 1987, Young grava o disco Life, que marca a volta da colaboração com a Crazy Horse, depois de um hiato de mais de seis anos. Life é seu melhor álbum pela gravadora Geffen. Mesmo não estando a altura de seus trabalhos mais importantes, pelo menos traz uma grande música, que foi incluída no repertório de shows do cantor: a hilária "Prisioners of Rock'n'Roll". Esse foi também o último disco de Young pela Geffen, que devido ao insucesso de sua passagem pela gravadora, resolveu não renovar seu contrato. Em 1988, surpreendentemente, ele volta para a Reprise. Seu primeiro disco na volta para a Reprise foi This Note's For You, de 1988, que traz algumas das melhores composições de Young na década de 80. Nesse álbum ele toca acompanhado da banda The Bluenotes. O disco é um passeio pelo blues e pelo jazz, e de todos seus exercícios de estilo nos anos 80 é o mais bem sucedido. Interessante lembrar que a música que deu o título ao disco tem um clipe bastante polêmico, que apesar de ter tido sua exibição na MTV proibida, ganhou o prêmio de melhor clipe do ano no Video Music Award. Ainda em 1988 ele se junta novamente ao CSN&Y para a gravação do disco American Dream. Em 1989 lança Freedom, sua grande volta por cima, abandonando de vez os experimentalismos da época da gravadora Geffen. Nesse disco está a música "Rockin' in the Free World", bastante utilizada pelo Pearl Jam para fechar seus shows. Em seguida, em 1990, lança o excelente Ragged Glory, com seus velhos companheiros do Crazy Horse. Em outubro de 1991 ele lança o EP Arc e o disco ao vivo Weld, gravados com o suporte do Crazy Horse. No ano seguinte, sai Harvest Moon, a tão esperada seqüência de Harvest de 1972, além de marcar o aniversário de vinte anos deste álbum. Em Harvest Moon, Young volta a tocar com a banda Stray Gators, e assim como o original, esse é um álbum essencialmente acústico e de forte influência folk. Foi um dos discos recentes de Young de maior vendagem. Nesse mesmo ano, ele grava um show acústico especial para a MTV, que é lançado em disco no ano seguinte. Ainda em 1993, a sua ex-gravadora, Geffen, lança um disco chamado Lucky Thirteen, contendo material de Neil gravado entre 1982 e 1988. São músicas ao vivo, raridades e demos. No final do ano, participa do Concerto em homenagem aos 30 anos de carreira de Bob Dylan, onde interpreta as músicas Just like Tombstone Blues e All Along The Watchower, acompanhado da seminal banda de soul music dos anos 60 Booker T. & The MG's. O resultado foi tão bom que Young começa a fazer planos para um disco em conjunto, que foram abruptamente interrompidos até segunda ordem, pois o baixista Donald "The Duck" Dunn sofreu um ataque cardíaco e teve que se afastar da música por um longo período. Mais ou menos nessa época, o começo da década de 90, estava acontecendo a explosão do grunge e do rock alternativo (que já tinha inclusive rendido um disco tributo a Young, chamado "The Bridge", em 1989, tendo Dinosaur Jr, Pixies, Nick Cave e Sonic Youth em seu tracklist, e uma continuação em 1999). O interesse no velho canadense parece voltar a crescer também, em parte, devido aos seus últimos bons discos que apagaram a má impressão da década de 80, e também a influência e admiração que boa parte das novas bandas publicamente reverenciam a Neil Young.

Em 1994, ele participa da trilha sonora do premiado Philadelphia (de Jonathan Demme, filme que rendeu o primeiro oscar de Tom Hanks). Em agosto lança o disco Sleep With Angels, com o Crazy Horse, que traz uma homenagem ao recém falecido líder do Nirvana, Kurt Cobain (na épica Change Your Mind, de 14 minutos). No verão do ano seguinte, lança Mirrorball, tendo o suporte do Pearl Jam, que por motivos contratuais, não é creditado no disco. O disco, altamente inspirado, segue a linha roqueira de álbuns recentes como Zuma e Ragged Glory. Ainda no prolífico ano de 1995, Neil Young volta a participar de uma trilha sonora para o cinema, compondo toda a música do filme Dead Man (de Jim Jarmusch, estrelado por Johnny Depp).

No verão de 1996, Neil lança o disco Broken Arrow com o Crazy Horse e participa de uma mini-turnê, que é gravada e lançada em forma de disco e filme, em 1997, ambos chamados de The Year of the Horse, sendo o filme dirigido por Jim Jarmusch. Já nesta época, Neil vive recluso, no norte da Califórnia, se negando a dar entrevistas à revistas e televisões. Ele dirige junto com sua mulher, Peg, a Bridge School for Handicapped Children, uma associação de ajuda a crianças deficientes, idéia que nasceu no nascimento de seu filho Ben, que possui um problema no cérebro. Periodicamente ele financia concertos em benefício dessa associação, sempre com a participação de importantes nomes da música mundial. Já participaram do Bridge School Benefit Concert: Patti Smith, Pearl Jam, Elvis Costello, David Bowie, REM, Ben Harper, Smashing Pumpkins, entre outros. Em 1999 Neil Young convoca os velhos amigos do CSN&Y para a gravação de um novo álbum, que sai sob o título de Looking Forward e no ano seguinte, novo trabalho solo, Silver & Gold. Este último é mais voltado às suas raízes, formato violão-gaita-voz, deixando um pouco de lado as guitarras, muito presentes na maioria dos seus discos lançados na década de 90. Tanto Looking Forward quanto Silver & Gold têm excelente recepção por parte de público e crítica.Completada a turnê de Silver & Gold, Neil lança mais um álbum ao vivo, Vol. 1 - Road Rock, que conta com 8 faixas de variadas épocas de sua carreira e também recebe a companhia de um DVD com mais de 20 músicas, sendo ambos lançados no fim de 2000. No começo do ano seguinte, Neil Young vem ao Brasil para se apresentar no Rock in Rio 3, ao lado do Crazy Horse. Os velhinhos protagonizam uma apresentação histórica. Em 2002, foi lançado Are You Passionate?, que finalmente põe em prática a parceria de Neil com o Broker T. & The MG's. O resultado da parceria com uma das principais bandas da Stax (uma das mais conceituadas gravadoras de black e soul music dos EUA) ecoa as influências da soul music, e é o disco mais variado de Neil Young desde This Note's For You, de 1988. A Crazy Horse contribui na faixa "Goin' Home" (não por acaso, a mais pesada do álbum). Are You Passionate? conta ainda com uma composição feita logo após o desastre das torres gêmeas, "Let's Roll".

Em 2003, novo disco: Greendale foi lançado como um álbum conceitual, junto com um filme dirigido pelo próprio Neil Young. Antes do lançamento do disco, Neil já estava em turnê tocando e contando a história da fictícia cidade de Greendale ao redor do mundo. No ano seguinte, a Reprise resolveu lançar a coletânea Greatest Hits. Resumir mais de duas décadas de uma carreira como a de Neil Young não é tarefa fácil - sejamos justos, é impossível. Ainda assim, dentro dos limites de uma coletânea desse porte, foi até bem vista aos olhos dos fãs.

Em 2005, um susto. Young é submetido às pressas a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma, em Nova York. Cirurgia feita e bem sucedida, o velho mestre volta às gravações de um novo disco. Prairie Wind é lançado em setembro e imediatamente muito bem recebido por público e crítica, considerado até por alguns, como sua obra-prima definitiva. Novamente de estrutura acústica, o álbum evoca memórias nostálgicas e versa bastante sobre família e a passagem do tempo, com belíssimas melodias e o clima bucólico de seus melhores trabalhos. No mesmo ano, novo projeto cinematográfico: ao lado de Jonathan Demme, Neil Young grava o musical Heart of Gold em Nashville, que conta com a participação de sua esposa Peg, da antiga colaboradora Emmylou Harris, Ben Keith (guitarrista e produtor de Prairie Wind), entre outros.

fonte: http://v1.dyingdays.net/Neil_Young/index.html

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

FRANK FRAZETTA

(BROOKLIN, 09 DE FEVEREIRO DE 1928/ FORT MYERS, 10 DE MAIO DE 2010)
autorretratoNasceu em Nova York, no dia 9 de Feveriero de 1928. Cursou aulas na escola Brooklin Academy of Fine Arts. Aos 16 anos já trabalhava profissionalmente. Ele trabalhava como auxiliar do desenhista John Giunta. Um dos seus primeiros personagens publicados foi SNOWOMAN, publicado na revista Tally-Ho Comics, onde teve a ajuda de Giunta para conseguir publicar este personagem. Em 1948 publicou uma história chamada Judy of the Jungle, pela Exiting Comics. Em 1952 publicou Thunda, King of the Congo. Já em 1954 Frazetta começou a trabalhar com All Capp, fazendo tiras diárias e dominicais para o Lil Abner. Por volta de 1962 Frazetta começa a se dedicar a ilustração. E foi através destas ilustrações para revistas, livros que ele acabou sendo conhecido mundialmente. Atualmente ele se dedica apenas a republicar o seu material como ilustrações para revistas, gibis e livros que ele fez. Sua esposa é quem esta cuidando da publicação destes materiais. Um dos últimos livros publicados é o livro Icon: A retrospective by the Grand Master of Fantastic Art. Este é um excelente livro que contém muitas informações a respeito da vida e obra deste grande artista. Frazetta morreu aos 82 anos, vítima de um acidente vascular cerebral, em um hospital perto de sua casa. Curiosidade: Durante os anos que Frank Frazetta foi assistente anônimo (um “ghost”, como se diz em inglês) de Al Capp em LI’L ABNER, ele introduziu a figura de um motoqueiro chamado “Frankie”, que na realidade era o próprio Frazetta. (Luiz Antônio Sampaio, revista “Calafrio” nº 20, 1983) Bibliografia: www.lambiek.net/artists/f/frazetta.htm fonte:http://www.guiadosquadrinhos.com/artistabio.aspx?cod_art=1578

domingo, 15 de agosto de 2010