sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ARTHUR RIMBAUD


No Cabaré-Verde
 às cinco horas da tarde 


Depois de oito dias, larguei as botinas 
Pelo caminho. Eu entrei em Charleroi. 
— No Cabaré-Verde: pedi torradas finas, 
Manteiga e presunto, que é frio o lugar. 

 Feliz, estiquei as pernas sob a mesa 
Verde: e contemplei os toscos motivos 
Da tapeçaria. — E foi uma beleza 
Quando a vi, enormes tetas, olhos vivos, 

 É ela! Não é um beijo que a apavora! 
Risonha, trouxe a refeição na hora, 
O presunto tostado, num belo prato, 

 O presunto róseo e branco perfumado 
Pelo alho — e encheu-me o copo ávido 
De espuma brilhante como um raio de sol. 

 Outubro de 1870

FONTE: http://www.elsonfroes.com.br/rimbaud.htm

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