terça-feira, 31 de março de 2015

THE ROLLING STONES


Gimme Shelter 
(Live on Pop Go The Sixites - 1969)
 

PHILIPPE CAZA








ANTIGOS POSTAIS ERÓTICOS






W.C. FIELDS


Frases

* Certa vez fiquei tantos minutos sem beber que me senti como se alguém tivesse pisado em minha língua com o pé sujo de barro.

* Um homem que detesta crianças e cachorros não pode ser mau de todo.

* Meu peixe favorito? Uma piranha na banheira de minha ex-mulher.

* Este mundo está se tornando tão perigoso que um sujeito pode se dar por feliz se sair dele vivo.

* Sou livre de qualquer preconceito. Odeio todo mundo, indistintamente.

* Não me importo de ser levado a beber. O que me preocupa é ser levado para casa.

* Os ricos não passam de pobres com dinheiro.

* (Ao ser perguntado por que nunca bebia água): Peixes fodem nela.

* Está para nascer o homem que nunca teve o secreto desejo de dar um chute na bunda de um guri.

* Dê a seu bebê uma alimentação à base de cebola. Assim poderá achá-lo mais facilmente no escuro.

* Sorria assim que acordar. Livre-se logo dessa obrigação.



*W. C. Fields (William Claude Dukinfield), foi um dos maiores humoristas americanos, tendo vivido no período de 1879 a 1946. Era conhecido por seu mau humor. Do livro "O melhor do mau humor", Companhia das Letras - São Paulo, 1990, organizado e traduzido por Ruy Castro, págs. diversas, extraímos as frases acima.

MOVIE STAR


JOHN WAYNE






CABEÇA DE PEDRA


O sorvete é...

Enfiou a língua no bola do sorvete e olhou para o céu. A lua começou a derreter e a boca se encheu de poeira. Lunar? Não acreditava na descida do homem lá, porque tudo tinha sido feito num estúdio escondido num deserto. Talvez até atrás daquela montanha do Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Spielberg já filmava? Olhou de novo. Um foguete entrou no olho da lua e o sorvete agora parecia o globo terrestre esperando o Grande Ditador para brincar. Algo estava acontecendo e ele tentou rememorar. Foi a buchada de bode, pensou. Ou a meia garrafa de Pitu, calibrada com doses de Jurubeba. O Expresso 2222 parou perto e ele quis seguir a Procissão. Olha a faca! Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão... O Fino da Bossa agora está no palco do céu, mas João Gilberto ainda faz dim-dom. Ele achou que era hora de dormir. Guardou o sorvete no bolso da camisa e mandou um beijo para São Jorge Benjor.


domingo, 29 de março de 2015

DISCOTECA BÁSICA


NOVOS BAIANOS


CAIA NA ESTRADA E PERIGAS VER (1977)

Músicos: Pepeu Gomes, Jorginho, Baixinho, Didi, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo, Charles, Bola, Riroca

Caia na Estrada e Perigas Ver (1976), da Tapecar, foi o segundo disco dos Novos Baianos sem Moraes Moreira. É um disco onde o rock mais pesado é bastante presente. Barra Lucifer é o maior heavy metal brasileiro feito até hoje na opinião de Charles Gavin. Este álbum nunca foi lançado em CD.

"O som deles está aí para todos sacarem, Não é o resultado de teorias, princípios ou quaisquer outras formas de intelectualismo.
Ele é o fruto da vivência profunda de um grupo cujo fundamento é a escolha do tortuoso caminho da criação e recusa aos vãos atrativos da caretice.

Os Novos Baianos surgidos em meio caos de 69, não são o reflexo desse caos mas, a superação necessária de suas contradições, a abertura dos compartimentos onde estavam encerrados os componentes da resposta ao impasse. Essa superação e resposta só poderiam se dar no plano superior da criação coletiva, heterodóxica onde há lugar para dualismo decorrente da especulação acadêmica dos nefelibatas.Daí a complexidade da concepção musical desse grupo de cantores, instrumentistas, poetas, bailarinos, letristas, compositores e sobretudo gente, gente finíssima mesmo.

Quem tiver olhos, veja. Quem tiver ouvidos ouça.

Rogério Duarte

São Paulo Julho de 1976"



sexta-feira, 27 de março de 2015

HOMEM, UM ANIMAL PERDIDO


Homem: um animal tão perdido na contemplação voluptuosa daquilo que pensa que é, que se esquece de refletir sobre aquilo que deveria ser. A sua atividade principal é o extermínio dos outros animais e da sua própria espécie que, no entanto, se multiplica com tal rapidez que já infesta todo o mundo habitável.

Ambrose Bierce

quinta-feira, 26 de março de 2015

ZÉ BONITINHO


Jorge Rodrigues Loredo 
(Rio de Janeiro, 7 de maio de 1925 - Rio de Janeiro, 26 de março de 2015)

terça-feira, 24 de março de 2015

FERNANDO PESSOA


Sou o Espírito da treva,
A Noite me traz e leva;

Moro à beira irreal da Vida,
Sua onda indefinida

Refresca-me a alma de espuma...
Pra além do mar há a bruma...

E pra aquém? há Cousa ou Fim?
Nunca olhei para trás de mim...


segunda-feira, 23 de março de 2015

sábado, 21 de março de 2015

NOS PRIMÓRDIOS


por  Manoel de Barros



Era só água e sol de primeiro este recanto. Meninos cangavam sapos. Brincavam de primo com prima. Tordo ensinava o brinquedo “primo com prima não faz mal: finca finca”. Não havia instrumento musical. Os homens tocavam gado. As coisas ainda inominadas. Como no começo dos tempos.

Logo se fez a piranha. Em seguida os domingos e feriados. Depois os cuiabanos e os beira-corgos. Por fim o cavalo e o anta batizado.

Nem precisaram dizer crescei e multiplicai. Pois já se faziam filhos e piadas com muita animosidade.

Conhecimentos vinham por infusão pelo faro dos bugres pelos mascates.

O homem havia sido posto ali nos inícios para campear e hortar. Porém só pensava em lombo de cavalo. De forma que só campeava e não hortava.

Daí que campear se fez de preferência por ser atividade livre e andeja. Enquanto que hortar prendia o ente no cabo da enxada. O que não era bom.

No começo contudo enxada teve seu lugar. Prestava para o peão encostar-se nela a fim de prover seu cigarrinho de palha. Depois, com o desaparecimento do cigarro de palha, constatou-se a inutilidade das enxadas.

— O homem tinha mais o que não fazer!

Foi muito soberano mesmo no começo dos tempos este cortado. Burro não entrava em seus pastos. Só porque burro não pega perto.* Porém já hoje há quem trate os burros como cavalo. O que é uma distinção.


*Burro não pega perto é expressão pantaneira. Nas lides de campear o pantaneiro usa o cavalo, que é veloz e alcança a rês desgarrada rapidamente. O cavalo pega perto. Mas o burro, não sendo veloz, alcança longe a rês desgarrada. Por isso se diz que o burro não pega perto. (N. do A.)

quarta-feira, 18 de março de 2015

FEIOS, SUJOS E MALVADOS

Diretores italianos sempre foram peritos em analisar e criticar de forma magistral as questões sociais e políticas da Itália, vide Ladrões de Bicicleta (Vittorio de Sicca); o sufocante Saló – 120 Dias de Sodoma (Pasolini); Rocco e Seus Irmãos (Luchino Visconti); A Grande Guerra (Mario Monicelli); Fellini com seus Noites de Cabíria e A Estrada da Vida. 
Ettore Scola passeou dos dois lados, o dos sonhos desfeitos e ideologias corrompidas (Nós Que Nos Amávamos Tanto) e o do Estado malvado, corrompido, o Estado que gera monstros por conta de seu gene monstruoso na fenomenal tragicomédia Feios, Sujos e Malvados.

Um patriarca corrompido, com várias bocas dependendo dele e vivendo de forma parasitária. Ele tem dinheiro e pode fazer o que quer, eles precisam do dinheiro que o patriarca tem e, corrompidos, tentarão tudo para conseguirem o que pretendem.
Feios é uma crítica para lá de contundente porque aborda a desestruturação da sociedade, sua corrosão de desde o topo até a base. 
Nada é gratuito ou excessivo no filme, nem mesmo o ‘chiqueirinho’ improvisado para as crianças ficarem literalmente presas, enquanto os pais trabalham.

Violência doméstica, costumes corrompidos, fome, o filme passa por incesto, homossexualidade e preconceito, e mais miséria, prostituição, erosão da família e ausência total do Estado, a cena do juiz inquirindo Giacinto é para lá de emblemática. Ela deixa clara a mensagem: Estamos rasgando para vocês, podem se matar, não farão falta.
Claro que inúmeras outras interpretações podem ser feitas, o grande diretor nunca deixa seu filme fechado, com viseiras, ao contrário, abre permite que o público se revele na obra, ponha a cabeça para funcionar e interprete de acordo com o seu conteúdo. Para aqueles que não tem nenhum, o filme serve como uma piada, de mau gosto, mas serve.

É possível rir assistindo o filme, ele foi feito para isso, para rirmos da nossa miséria retratada na situação da Itália naquela década de 70, é época do cada um por si que vinha dos anos pós-guerra, durou muito, e Pier Paolo Pasolini em seus excepcionais artigos (chamados Contos Corsários) acusou de Fascismo de Consumo. 
Mas quem prestar atenção vai segurar o riso. Feios, Sujos e Malvados é uma paulada que só não nos engasga como o Saló de Pasolini porque Scola resolveu pegar mais leve e ironizar, caricaturar para ser contundente como seu colega (assassinado no anterior ao da produção) sem permitir ao público prestar atenção no soco no estômago, salvo quando já é tarde demais.
O final é a cara do mundo, das sociedades, dos políticos, da nossa inércia e do descaso com a inocência. É um terror disfarçado de tragicomédia. 
Quem já assistiu, assiste outra vez, quem não o fez, que o faça já, imediatamente, corre na locadora e tira do seu curriculum cultural a mancha dessa omissão.

terça-feira, 17 de março de 2015

domingo, 15 de março de 2015

MÁRIO QUINTANA


Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


*Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.

sexta-feira, 13 de março de 2015

quinta-feira, 12 de março de 2015

CABEÇA DE PEDRA


Um grito

Me pagam para bagunçar o coreto. Sou profissional em transformar manifestações em atos violentos, de preferência com mortes de inocentes. Tudo por uma causa. A minha é o dinheiro, porque me lixo para quem está pagando e para quem está morrendo. Faço isso desde os tempos dos gorilas. Cheguei à essência de dar apenas um grito no meio da multidão para tudo se transformar num inferno. Os queimados são os que vão atrás das palavras. Multidão é monstro sem cabeça. A cabeça sou eu. Do mal. Depois fico vendo na tv o estrago que causei. Gosto de fazer isso contando o dinheiro. Sempre peço em dólares. Dinheiro brasileiro é pobre como o povo. Este mesmo que é tudo maria vai com as outras e fica aceitando palpite de bandalhos piores do que eu. Esquerda e Direita são vermes da mesma espécie. Quem me paga está pairando acima disso tudo e sabe onde o estrago vai dar. Caras pintadas que respeito são aqueles fardados que baixam o porrete oficial para aumentar o estrago. Polícia. Não me meto com eles. Sei que há infiltrados no povão, mas conheço todos pelo comportamento. São policiais até se se vestissem de padre. Por isso sei onde me colocar. Sei quem são os que precisam apenas do grito. E eu grito. Depois vou descansar.




SOLDA


CÁUSTICO


SOLDA CÁUSTICO: http://cartunistasolda.com.br/

domingo, 8 de março de 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

FERNANDO PESSOA


Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

BORBOLETANDO


No quintal de Dona Zefa




Fotografias de Ricardo Silva

Vou-me embora de Pasárgada


de  Millôr Fernandes


Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei
Aqui eu não sou feliz
A existência é tão dura
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha,
Ainda é mais coerente
Do que os donos do país.

A gente só faz ginástica
Nos velhos trens da Central
Se quer comer todo dia
A polícia baixa o pau
E como já estou cansado
Sem esperança num país

Em que tudo nos revolta
Já comprei ida sem volta
Pra qualquer outro lugar
Aqui não quero ficar.
Vou-me embora de Pasárgada

Pasárgada já não tem nada
Nem mesmo recordação
E nem fome nem doença
Impedem a concepção
Telefone não telefona
Drogas são falsificadas
E prostitutas aidéticas
São as nossas namoradas.

E se hoje acordei alegre
Não pensem que vou ficar
Nosso futuro já era
Nosso presente já foi
Dou boiada pra ir embora
Pra ficar não dou um boi .
Dou quase nada, coisa pouca,
Somente uma vaca louca.