quinta-feira, 12 de março de 2015

CABEÇA DE PEDRA


Um grito

Me pagam para bagunçar o coreto. Sou profissional em transformar manifestações em atos violentos, de preferência com mortes de inocentes. Tudo por uma causa. A minha é o dinheiro, porque me lixo para quem está pagando e para quem está morrendo. Faço isso desde os tempos dos gorilas. Cheguei à essência de dar apenas um grito no meio da multidão para tudo se transformar num inferno. Os queimados são os que vão atrás das palavras. Multidão é monstro sem cabeça. A cabeça sou eu. Do mal. Depois fico vendo na tv o estrago que causei. Gosto de fazer isso contando o dinheiro. Sempre peço em dólares. Dinheiro brasileiro é pobre como o povo. Este mesmo que é tudo maria vai com as outras e fica aceitando palpite de bandalhos piores do que eu. Esquerda e Direita são vermes da mesma espécie. Quem me paga está pairando acima disso tudo e sabe onde o estrago vai dar. Caras pintadas que respeito são aqueles fardados que baixam o porrete oficial para aumentar o estrago. Polícia. Não me meto com eles. Sei que há infiltrados no povão, mas conheço todos pelo comportamento. São policiais até se se vestissem de padre. Por isso sei onde me colocar. Sei quem são os que precisam apenas do grito. E eu grito. Depois vou descansar.




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