por Fabrício Carpinejar
Não sei se as mulheres sabem trair melhor os homens ou eles são tão ciumentos que não escolhem os verdadeiros indícios.
Certo é que os homens são precipitados, revelam suas escapadas para tentar inclusive salvar o casamento. Ficam engatilhados com o pecado, ansiosos, esperando o primeiro cutucão do silêncio para disparar a confissão (o negócio é deixar a televisão sempre ligada). As mulheres só revelam como um ultimato, quando estão dispostas a terminar de vez com o casamento e não acharam nenhuma maneira cortês de mandá-lo embora.
O homem é corno desde o ventre, quando perde a exclusividade de sua mãe. Depois resta como consolação ser manso ou ativo.
Por prevenção, repasso dicas para se manter atento às investidas dela.
As traições femininas costumam irromper no ambiente de trabalho. Com a falta de tempo, o entusiasmo sexual se revela pela cumplicidade profissional. Não será muito longe do escritório. Ela vai começar a elogiar uma parceria, dedicar-se a um projeto com uma disposição sobrenatural, tomando as horas de lazer e os finais de semana. Não falará de outra coisa e se penalizará diante do término da sexta-feira. Pode esquecer a sesta. Qualquer reclamação de sua parte cairá mal, como ciúme da independência dela. Não há o que palpitar, todo comentário correrá o risco de ser enquadrado como machismo.
Diante da inoperância de sua reação, ela vai elogiar o sujeito daquela parceria, destacar o raro entendimento dos problemas, a afinidade de preferências e escolhas.
Entrou no jogo de insinuações, sem nota fiscal. Tipo assim: você não é aquilo que ele é.
Controle-se, ainda não é oportuno meter o bedelho, apesar de perceber que o cara se tornou assunto obrigatório e referência constante nas conversas. Deve compreender que ele levantou a estima de sua parceira e, por conseqüência, possibilitou sua sonhada liberação para o futebol. É um amigo, coloque na cabeça, não é elegante isolá-la das amizades heterossexuais. Soa como tirania. Precisa confiar. Cuidará antes da úlcera que surgiu, sem explicação nenhuma, na última semana. Volte para academia e tome menos café.
O próximo passo é definitivo. Num jantar prosaico, com o claro objetivo de relaxar, ela criticará abertamente a namorada dele com uma paixão incomum, unicamente vista no início da relação de vocês. Comentará defeitos, exemplificará cenas de descaso e abrirá detalhes estranhos do convívio dos dois. Em seguida, sentirá uma coceira na garganta: “Como ela conhece tanto?” A coceira atinge à úlcera que não teve tempo de curar: “Será que ela confidencia o mesmo de mim?”
Duro aturar o processo, mas permaneça tranqüilo, enfrentou o pior com dignidade; ela não dirá mais nada pela frente. É o momento de procurar ajuda. Ou porque ela está o traindo ou porque você está seriamente paranóico.
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