4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Woody Allen), Roteiro Original, Direção de Arte/Cenários
Vencedor do Oscar de Roteiro Original
Vencedor do Golden Globe de Roteiro
Woody Allen é um cineasta capaz de devolver à plateia a fé no bom cinema. "Meia-noite em Paris", seu longa-metragem vencedor do Oscar de melhor roteiro, é uma pequena obra-prima de delicadeza, romantismo, bom-humor e cultura. Logicamente, não é um filme para o público cuja ideia de comédia é qualquer infâmia com Leandro Hassum e Bruno Mazzeo, mas sim um presente carinhoso a seus fieis espectadores. Ecoando a fantasia de "A rosa púrpura do Cairo" - em que a personagem de Mia Farrow se apaixonava pelo protagonista de um filme, que abandonava a tela para conquistá-la - e a beleza singela de "Manhattan" - que, como o título sugere, é uma homenagem à Nova York - "Meia-noite em Paris" convida a audiência a uma deliciosa viagem a um tempo em que a Cidade-Luz ainda era uma festa, frequentada por gente da estirpe de Ernest Hemingway e Salvador Dalí.
Owen Wilson (surpreendentemente bem e deixando para trás os irritantes trejeitos que lhe deram fama) vive Gil Pender, um roteirista de Hollywood que sonha em ser reconhecido como escritor sério. Em viagem por Paris com sua noiva, a bela Inez (Rachel McAdams imitando Scarlett Johansson), ele sente-se enciumado por sua relação com um antigo professor, Paul (Michael Sheen) e, um pouco bêbado e muito perdido nas ruas da cidade em uma madrugada, acaba indo parar em uma festa um tanto estranha, onde dá de cara com o escritor F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston) e sua esposa Zelda (Alison Pill), além de testemunhar o próprio Cole Porter (Yves Heck) tocando para os convidados. Percebendo que está convivendo com artíficies dos anos 20, como Hemingway (Corey Stoll, ótimo) e Gertrude Stein (Kathy Bates) - a quem pede opiniões sobre seu novo romance - Gil passa a, todas as noites, sair para a farra com seus novos amigos, que incluem o pintor Salvador Dalí (Adrien Brody) e o cineasta Luis Buñuel (Adrien de Van) - a quem dá a ideia de seu filme "O anjo exterminador". Tudo fica complicado quando ele se apaixona pela bela Adriana (Marion Cottilard), musa de artistas como Pablo Picasso e Modigliani e fica tentado a abandonar sua geração para permanecer na segunda década do século XX.
As piadas de "Meia-noite em Paris" são sofisticadas e eruditas, mas jamais soam pedantes ou herméticas. É claro que é preciso uma certa cultura para melhor usufruir de todos os detalhes e homenagens que Allen larga pelo caminho, mas mesmo quem nunca ouviu falar de Toulouse-Lautrec e T.S. Eliot pode se deixar contaminar pelo romantismo derramado que a bela fotografia de Darius Khondji inspira e pela questão que o roteiro levanta: afinal de contas, a época em que sonhamos viver é realmente melhor do que a em que realmente vivemos ou tudo não passa de uma fantasia regada por nossas referências culturais?
Qualquer que seja a resposta, isso é o que menos importa. O que realmente vale dizer é que "Meia-noite em Paris" é Woody Allen em sua melhor forma - o que se refletiu no sucesso inesperado de bilheteria e na indicação ao Oscar de melhor filme e sua merecidíssima premiação na categoria de roteiro original. Sem contra-indicações para quem gosta de Allen em particular e de cinema em geral.
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