quarta-feira, 30 de setembro de 2015

GRANDES ÁLBUNS

FRANK ZAPPA

HOT RATS (1969)


por TIAGO FERREIRA

Frank Zappa foi o músico mais inventivo que já existiu. Já transitou por tudo que é ritmo, desde rock, passando por blues, avant-garde, música erudita, jazz, fusion, até música eletrônica. É difícil definir os pontos altos e baixos de uma discografia de 79 álbuns de estúdio, contando inúmeros outros que produziu ou ajudou a formatar.

Hot Rats é apenas um pequeno retalho da carreira de um grandioso artista (que também se aventurou no cinema e era um verdadeiro entertainer, como disse Marcio Gaspar). O álbum é como se fosse uma versão experimental do que viria a ser o fusion jazz, que Miles Davis ainda estava começando a inventar naquele ano de 1969 com o seu antológico In A Silent Way.

Mas ao invés de ir pela corrente do bebop, Zappa fez uma verdadeira mescla de sonoridades distintas, incluindo música celta (como se vê na primeira faixa, “Peaches En Regalia”). De fato, como sempre, Zappa estava com uma pulga atrás da orelha após lançar diversos álbuns com letras satíricas e bastante críticas. Todas as faixas de Hot Rats são instrumentais, com exceção de “Willie The Pimp”, que é introduzida pelos vocais deCaptain Beefheart – que naquele ano lançara, com produção do próprio Zappa, o seu mais que conceituado Trout Mask Replica, clássico absoluto da música experimental (logo esse álbum vem parar nesta seção também, aguardem).

Na própria “Willie The Pimp”, Zappa exibe seu vibrante virtuosismo na guitarra, com um solo de 9 minutos acompanhados pela bateria jazzística de John Guerin, que já trabalhou com músicos do porte de George Harrison e Thelonious Monk. A síncope lembra bastante a performance de uma big band desvairada, como se todos resolvessem tocar após uma festa estrondosa, dopados dos mais variados psicotrópicos.

O legal de Zappa é que essa impressão é norteada por uma lucidez sem precedentes. Tocar com um dos maiores gênios (e malucos) musicais não era tão fácil: ele exigia habilidade, técnica, síncope, ritmo… Ouça “Son of Mr. Green Genes” e constate: como o saxofone de Ian Underwood casa tão perfeitamente com os solos de Zappa e a ácida bateria de Paul Humphrey? Pode-se dizer que é o improvável exemplo de um ‘psychofusion’, se é que pode-se utilizar essa expressão. Talvez seja a resposta do músico à lisergia sonora que já estava se desgastando com a onda pós-67, o áureo período dos grupos californianos.

A influência do soft jazz e do esquema de composição da música clássica se faz presente em “Peaches En Regallia” e também na harmônica “Little Umbrellas”, fazendo uma interessante simbiose entre o som característico de John Coltrane junto ao órgão de Underwood (o outro multiinstrumentista do grupo). Sem falar no deleite sonoro dos quase 17 minutos de pura revelia instrumental de “The Gumbo Variations”.

“It Must Be a Camel”, que encerra o disco, pode ser considerada a faixa mais experimental por inovar na sonoridade ambiente e nos estranhos arranjos, que atingem o clímax na curta presença do saxofone e conta com uma virada espetacular de velocidade no baixo executado por Zappa e nos solos de bateria de John Guerin.

PABLO PICASSO

Sobre a fotografia: 

''Quando vemos o que pode ser expresso pela foto, nos damos conta de que tudo aquilo não pode mais ser preocupação da pintura... Por que o artista insistiria em realizar aquilo que, com a ajuda da objetiva, pode ser tão bem feito? Seria uma loucura, não? A fotografia chegou na hora certa para liberar a pintura de qualquer literatura, anedota e arte do tema. Em todo caso, um certo aspecto do tema pertence, daqui por diante, ao campo da fotografia...
Não deveriam os pintores aproveitar sua liberdade reconquistada para fazer outra coisa? Seria muito curioso fixar fotograficamente, não as etapas de um quadro, mas suas metamorfoses. Talvez percebêssemos por quais caminhos o cérebro envereda para a concretização de seus sonhos. Entretanto, é realmente muito curioso observar que, no fundo, o quadro não muda, que a visão inicial permanece quase intacta, apesar das aparências. Muitas vezes vejo uma luz e uma sombra que pus no meu quadro e empenho-me em quebrá-las, acrescentando uma cor que crie um efeito contrário. Quando essa obra é fotografada, percebo que aquilo que havia introduzido para corrigir minha primeira visão desaparece, e que, definitivamente, a imagem dada pela fotografia corresponde a minha primeira visão, antes das transformações trazidas contra minha vontade.''

sábado, 26 de setembro de 2015

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

CABEÇA DE PEDRA

Capítulo final

Não quero uma casa no campo. Quero o campo na minha casa. Que ele seja do tamanho do que resta da floresta amazônica e que meu vizinho mais próximo esteja a milhares de quilômetros. Não suporto mais seres humanos, a começar por mim mesmo, este poço de certezas das dúvidas. Me disseram que era uma aventura, mas qual? O resumo já foi dito e não se foge disso: nascer, foder, morrer. O menino dentro do ônibus abandonado no meio do nada, morrendo e olhando para o céu, naquela história real onde ele foi procurar o que não existe, esse também é um resumo. Filmaram - e aí já virou merda vendida por Hollywood. Tudo é engolido e expelido pelo grande ânus. Lembram-se da geração paz e amor? Até hoje se fatura em cima dos incautos. E quem ganha é o que? Ah, os ricos se divertem mais, enquanto os pobres não conseguem nem pensar e muito menos sair dando tiros e furando e massacrando porque é isso aí mesmo. Minha casa no campo... onde não vou compor nem escrever, nem fazer porra nenhuma. Espero a invasão dos bichos para servir de alimento. Pelo menos serei útil no capítulo final.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

VENUS

Ruud van Empel


MILLÔR

ESPELHO

Algumas mulheres se acham tão lindas que, quando se olham no espelho, não se reconhecem.

SOLDA

CÁUSTICO

SOLDA CÁUSTICO: http://cartunistasolda.com.br/

terça-feira, 22 de setembro de 2015

OBRAS DE ARTE

 Auguste Renoir

 Claude Monet

 Edouard Manet

 Eugène Boudin

Paul Cézanne

FONTE: https://images.nga.gov/en/page/show_home_page.html

RADUAN NASSAR

Sobre o tempo

O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo, nessa mesa antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu finalmente uma prancha nodosa e dura trabalhada pelas mãos de um artesão dia após dia; existe tempo nas cadeiras onde nos sentamos, nos outros móveis da família, nas paredes da nossa casa, na água que bebemos, na terra que fecunda, na semente que germina, nos frutos que colhemos, no pão em cima da mesa, na massa fértil dos nossos corpos, na luz que nos ilumina, nas coisas que nos passam pela cabeça, no pó que dissemina, assim como em tudo que nos rodeia; rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é; por isso ninguém em nossa casa a de dar o passo mais largo que a perna: dar o passo mais largo qu a perna é o mesmo que suprimir o tempo necessário à nossa iniciativa; e ninguém em nossa casa a de colocar o carro a frente dos bois: colocar o carro a frente dos bois é o mesmo que retirar a quantidade de tempo que um empreendimento exige; e ninguém ainda em nossa casa há de começar nunca as coisas pelo teto: começar as coisas pelo teto é o mesmo que eliminar o tempo que se levaria para erguer os alicerces e as paredes de uma casa; aquele que exorbita no uso do tempo, precipitando-se de modo afoito, cheio de pressa e ansiedade, não será jamais recompensado, pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas, não bebendo do vinho quem esvazia num só gole a taça cheia; mas fica a salvo do malogro e livre da decepção quem alcançar aquele equilíbrio, é no manejo mágico de uma balança que está guardada toda a matemática dos sábios, num dos pratos a massa tosca, modelável, no outro, a quantidade de tempo a exigir de cada um o requinte do cálculo, o olhar pronto, a intervenção ágil ao mais sutil desnível; são sábias as mãos rudes do peixeiro pesando sua pesca de cheiro forte: firmes, controladas, arrancam de dois pratos pendentes, através do cálculo conciso, o repouso absoluto, a imobilidade e sua perfeição; só chega a este raro resultado aquele que não deixa que um tremor maligno tome conta de suas mãos, e nem que esse tremor suba corrompendo a santa força dos braços, e nem circule e se estenda pelas áreas limpas do corpo, e nem intumesça de pestilências a cabeça, cobrindo os olhos de alvoroço e muitas trevas; não é na bigorna que calçamos os estribos, nem é inflamável a fibra com que tecemos as tranças de nossas rédeas, pode responder a que parte vai quem monta, por que é célere, um potro xucro? O mundo das paixões é o mundo do desequilíbrio, é contra ele que devemos esticar o arame das nossas cercas, e com as farpas de tantas fiadas tecer um crivo estreito, e sobre este crivo emaranhar uma sebe viva, cerrada e pujante, que divida e proteja a luz calma e clara da nossa casa, que cubra e esconda dos nossos olhos as trevas que ardem do outro lado; e nenhum entre nós há de transgredir esta divisa, nenhum entre nós há de estender sobre ela sequer a vista, nenhum entre nós há de cair jamais na fervura desta caldeira insana, onde uma química frívola tenta dssolver e recriar o tempo; não se profana impunemente ao tempo a substância que só ele pode empregar nas transformações, não lança contra ele o desafio quem não receba de volta o golpe implacável do seu castigo; ai de quem brinca com fogo: terá as mãos cheias de cinza; ai daquele que se deixa arrastar pelo calor de tanta chama: terá a insônia como estigma; ai daquele que deita as costas nas achas desta lenha escusa: há de purgar todos os dias; ai daquele que cair e nessa queda se largar: há de arder em carne viva; ai daquele que queima a garganta com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue; ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um branco frio, ou quem sabe sepulcral, mas sempre a negação de tanta intensidade e tantas cores: acaba por nada ver, de tanto que quer ver; acaba por nada sentir, de tanto que quer sentir; acaba só por expiar, de tanto que quer viver; cuidem-se os apaixonados, afastando dos olhos a poeira ruiva que lhes turva a vista, arrancando dos ouvidos os escaravelhos que provocam turbilhões confusos, expurgando do humor das glândulas o visgo peçonhento e maldito; erguer uma cerca ou guardar simplesmente o corpo, são esses os artifícios que devemos usar para impedir que as trevas de um lado invadam e contaminem a luz do outro, afinal, que força tem o redemoinho que varre o chão e rodopia doidamente e ronda a casa feito fantasma, se não expomos nossos olhos à sua poeira? é através do recolhimento que escapamos ao perigo das paixões, mas ninguém no seu entendimento há de achar que devamos sempre cruzar os braços, pois em terras ociosas é que viceja a erva daninha: ninguém em nossa casa há de cruzar os braços quando existe a terra para lavrar, ninguém em nossa casa há de cruzar os braços quando existe a parede para erguer, ninguém ainda em nossa casa há de cruzar os braços quando existe o irmão para socorrer; caprichoso como uma criança, não se deve contudo retrair-se no trato do tempo, bastando que sejamos humildes e dóceis diante de sua vontade, abstendo-nos de agir quando ele exigir de nós a contemplação, e só agirmos quando ele exigir de nós a ação, que o tempo sabe ser bom, o tempo é largo, o tempo é grande, o tempo é generoso, o tempo é farto é sempre abundante em suas entregas: amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor aos torturados, traz a luz aos que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o relaxamento aos que se contorcem, a serenidade aos inquietos, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranqüilos, a umidade às almas secas; satisfaz os apetites moderados, sacia a sede aos sedentos, a fome aos famintos, dá a seiva aos que necessitam dela, é capaz ainda de distrair a todos com seus brinquedos; em tudo ele nos atende, mas as dores da nossa vontade só chegarão ao santo alívio seguindo esta lei inexorável: a obediência absoluta à soberania incontestável do tempo, não se erguendo jamais o gesto neste culto raro; é através da paciência que nos purificamos, em águas mansas é que devemos nos banhar, encharcando nossos corpos de instantes apaziguados, fruindo religiosamente a embriaguez da espera no consumo sem descanso desse fruto universal, inesgotável, sorvendo até a exaustão o caldo contido em cada bago, pois só nesse exercício é que amadurecemos, construindo com disciplina a nossa própria imortalidade, forjando, se formos sábios, um paraíso de brandas fantasias onde teria sido um reino penoso de expectativas e suas dores(..)`

* Trecho de Lavoura Arcaica

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

DIA DA ÁRVORE




Fotografias de Ricardo Silva

HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Virgem

Ele foi mais que Henry Chinaski porque era real, não personagem do Bukowski.
Estava na Vila Rica, que não era a mineira, mas um subúrbio da megalópole paulistana. Achar o caminho de volta para casa, depois dos porres com cachaça barata no Centro podre da cidade era muito mais que qualquer aventura descrita pelo poeta de cara amarrotada. Isso porque entre o viver o descrever, o céu é o limite da invenção. A cabeça rachada no meio-fio numa queda em cima de vômito foi pouco. O sol da manhã acordando o adolescente na porta cerrada do bar, a cama uma poça do próprio mijo, os documentos e o dinheiro perdido, olhares curiosos, penosos, furibundos em cima, isso ele viveu e ninguém sabe. É desse tempo a certeza, descoberta só muito tempo depois, quando ficou loucamente sóbrio, de que o “poço tem fundo – e não mata, humilha”.



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

JIMI HENDRIX

HEAR MY TRAIN A COMIN'

FERNANDO PESSOA

É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

DISCOTECA BÁSICA

Hüsker Dü

Warehouse: Songs and Stories (1990)


(Edição 144,Julho de 1997) 

Uma grande banda que acaba antes da decadência e ainda faz uma obra-prima no último disco.Sonho de roqueiro obsessivo? Não,existiu o Hüsker Dü. Warehouse: Songs And Histories saiu em 1987. O Dü foi para turnê, o empresário (David Savoy, um daqueles caras que colocam a tranqueira no furgão) se matou, o trio de Saint Paul (Estados Unidos) descobriu que não se topava mais e o óbito chegou. Mas em Warehouse, eles mandam bala naquilo que, os Pixies souberam trabalhar depois - e que o Nirvana incorporou para se tornar a maior banda do mundo(em 1991,Bob Mould recusou o convite do então verdinho Kurt Cobain para produzir nevermind.Sobrou para Butch Vig). 
Desde 1979, o Dü capitaneava a legião “vamos-lá-na-raça" do rock, independente.Os primeiros discos do trio formado por Bob Mould (guitarra, vocais), Grant Hart (bateria, vocais) e Greg Norton (baixo) não passavam de coices hardcore - em Land Speed Record (1981), seu álbum de estréia, eles executam dezessete canções em meros 26 minutos. Um dia o trio estalou que podia juntar barulho com sacada pop, coisa que outros nem sabiam (por preconceito, rebeldia ou falta de talento) que era possível. E acabou por entrar definitivamente na história do punk rock americano. 
O Hüsker Dü foi uma das primeiras bandas pós-punk americanas dos anos 80 a assinar com uma grande gravadora - o império Warner o capturou em 1986. Depois de soltarem o belo (e surpreendentemente otimista) Candy Apple Grey, Mould e Hart, abriram o registro para jorrar Warehouse. 
O som do LP, segundo álbum duplo da carreira do Hüsker Dü (o primeiro foi a obra de barulheira conceitual Zen Arcade), é de chorar, Paredes de guitarra mouldiana como reboco da cozinha firme de Norton e Hart, vocais humanos (de urros a sussurros) com harmonias bastardas dos Beatles. E coloridos de ritmo em que convivem valsa-punk ("She Floated Away"), 1-2-3-4 ramonesístico (a suprema "Could Vou Be The One") e rockabilly desnorteado (" Actual Condiction"). 
As letras seguram ainda mais. O Dü montou um mosaico da vida corriqueira: ansiedades, paixões em desenvolvimento e/ou mal resolvidas ("Could Vou Be The One", "Standing In The Rain", "Ice Cold Ice"), responsabilidades assumidas ("Charity, Chastity, Prudence And Hope"; desmoronamentos emocionais ("She Floated Away"), pequenas alegrias ("These Important Years"). 
Mould, homossexual discreto que se recusa a levantar bandeiras, tem sensibilidade para escrever feridas abertas que se aplicam a heteros, homos e pessoas que assistem a comerciais de facas Ginsu de madrugada. Basta prestar atenção no cenário descrito em "Standing In The Rain", que narra o fora levado por Mould num encontro - quem não passou por uma situação dessas? Hart não fica atrás. Com compositores desses, como a banda acabou? 

Como? Não sei. Acabou. Mould formou e separou o Sugar no meio de sua carreira solo. Hart montou uma banda, Nova Mob, que entrou em parafuso e está só também. O bigodudo Greg Norton hoje é um mero chefe de cozinha depois que o Hüsker Dü passou a ter começo, meio e fim. 

Marcelo Orozco




PÉROLAS DO VESTIBULAR


* Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.

* O nervo ótico transmite idéias luminosas.

* A principal função da raiz é se enterrar.

* As aves têm na boca um dente chamado bico.

* Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado.

* As múmias tinham um profundo conhecimento de Anatomia.

* Na Grécia, a democracia funcionava muito bem, porque os que não estavam de acordo, se envenenavam.

* Os crustáceos fora d’água respiram como podem.

* O Ateísmo é uma religião anônima.

* O Brasil é um país abastardo com um futuro promissório.

* A Terra é um dos planetas mais conhecidos no mundo.





sábado, 5 de setembro de 2015

HAPPY

Keith Richards and the X-Pensive Winos

FOTOS

SEM SAIR DE CASA







Fotografias de Ricardo Silva

MANUEL BANDEIRA

A Espada de Ouro

Excelentíssimo General
Henrique Duffles Teixeira Lott,
A espada de ouro que, por escote,
Os seus cupinchas lhe vão brindar,
Não vale nada (não leve a mal
Que assim lhe fale) se comparada
Com a velha espada
De aço forjada,
Como as demais.

Espadas estas
Que a Pátria pobre, de mãos honestas,
Dá a seus soldados e generais.
Seu aço limpo vem das raízes
Batalhadoras da nossa história:
Aço que fala dos que, felizes,
Tombaram puros no chão da glória!
O ouro da outra é ouro tirado,
Ouro raspado
Pelas mãos sujas da pelegada
Do bolso gordo dos salafrários
Do bolso raso dos operários.
É ouro sinistro,
Ouro mareado:

Mancha o Ministro,
Mancha o Soldado.



Texto extraído do livro "Antologia de Humorismo e Sátira", seleção de R. Magalhães Júnior, Editora Civilização Brasilleira - Rio de Janeiro,1957, pág. 257.

RICHARD CORBEN




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

CABEÇA DE PEDRA

Atrás da foto

Descobri porque sempre tive medo. O motivo estava ali, naquela foto amarelecida. Apontaram a lente e fizeram o clique no corredor ao lado da casa grande. Eu devia ter entre dois e três anos. A mãe me arrumou bonitinho, de sapatinho e tudo. A fotografia confirmou que a cabeça sempre destoou do corpo. Grande, achatada atrás. Mas na imagem ali estava o buraco com uma grade. Devia ser o respiradouro do porão. Mas não havia outras entradas e não dava para ver nada lá. Mas eu via dentro da minha cabeçorra. Eram os monstros sem formas, a violência latente, o descontrole da natureza, o desastre em várias formas pensadas. Um dia gritei para tudo aquilo ir embora. Agora lembro. Não foram. Parece que se entranharam ainda mais em mim. Carrego-os até hoje. Foi ali. Estava ali. Está ali na foto que, agora, digitalizada, abro de vez em quando. Não para me ver, mas sim para tentar decifrar o que há por trás da imagem.