quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O SALÁRIO DO MEDO

(Le Salaire de La Peur) de Henri-George Clouzot (1953)

Homens perdidos diante de situações precárias, de risco extremo de morte, é um tema propicio a reflexões existencialistas. A França de 1953 estava imersa no clima existencialista, do pós-guerra, com Jean-Paul Sartre e Marcel Camus.

O próprio romance de Georges Arnoud continha tal espírito existencialista. E Clouzot não poderia fugir do espírito do seu tempo. Talvez O Salário do Medo seja apenas a metáfora da condição humana. Mas a precariedade em O Salário do medo é a precariedade do trabalho estranhado. Aliás, é através dele que torna-se apreensível, em sua plena intensidade, tal condição humana.

Por exemplo, neste filme, é através desta empreitada de risco, convocada por uma corporação capitalista, multinacional do petróleo, que homens despossuidos e desterritorialziados num país miserável, se encontram diante do medo e da desafetivação pessoal. E a morte é a desafetivação suprema dos homens.

Quatro homens desempregados e miseráveis, que vivem em condições quase desumanas em um pequeno vilarejo da Guatemala, aceitam uma perigosa e desafiadora missão: transportar uma carga altamente explosiva de nitroglicerina em caminhões sem nenhuma estrutura para tanto, ao longo de estradas em péssimas condições, até um incêndio que está acontecendo em um poço de petróleo de uma extratora estadunidense. Filme vencedor da Palma de Ouro e do Urso de Ouro, respectivamente, prêmios dados no festival de Cannes e de Berlin.

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