por Zé da Silva
Gêmeos
o filme entrou e ele ficou parado olhando o céu para sempre era aquele do marido que se matava de trabalhar na fazenda com a mulher mandona e ela morreu e ele resolveu nunca mais sair da cama para descansar até o descanso final e criou então uma parafernália em volta do leito que permitia ele não levantar a bunda dali só virar de ladinho e era o cachorro amigo de fé irmão camarada que ia buscar comida e levar dinheiro e toda a comunidade daquele local se solidarizou porque sabia que era um escravo da mulher que àquela altura estava sendo comida pelos vermes e este filme não saiu da cabeça e ele parou também mas ficou sentado de frente para a janela e eram tantas as nuvens e sol e lua e tudo que maravilha nunca tinha notado nos anos de trabalho pesado de pegar ônibus lotado levar comida na marmita esquentar no banho-maria sujar as mãos de dedos finos na graxa e o cheiro entranhado de tudo também do rio que corria na frente da fábrica ai meu deus não quero mais e sentou na poltrona rasgada e assim ficou até ver um disco voador e chamaram a ambulância e ele foi mas levou a poltrona junto.
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