O dr. Mabuse arrancou minha alma e me deixou vagando com os pés descalços. Não há ninguém nesta cidade. Só carros circulando sem parar – e vazios. O silêncio, denso, poderia ser cortado em fatias e passar manteiga nelas. Frase do Raymond Chandler em a Dama do Lago. O que ficou? Colagens de milhões de palavras escritas e lidas enfiadas no liquidificador da cabeça. Valei-me Waly Salomão! Não esqueci nada, mas o coração empedrou e, depois de enterrado na curva do rio, foi levado para dentro do iceberg que cortou o casco do Titanic. Represado, o choro irriga por dentro e se dilui no sangue negro que envolve a solidão. Uma agulha corta o céu, mas não preciso de insulina. Ela espeta um alvo giratório no circo da vida. Não há ninguém preso ali. Não há ninguém em lugar nenhum. Olho os meus pés. Estou na areia. O olhar se perde na poeira desta estrada triste, como sentiu Erasmo, não o de Roterdã – mas sempre cabe sempre um elogio à loucura. Que é vida.
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