Sangrando palavras mórbidas
Corroendo os dentes imóveis
Sussurrando sombras e mistérios
No peito vive a mais espantosa flor
Como se de mantos velhos se cobrisse
Como se abrisse e sumisse
Como se na primavera se abrumasse
Espantos do dia, luzes da noite
Solenes curvas que sobrecarregam o que ainda está por vir
Porvir sem constatações
Cantos sem objeções
No sangue a matéria inconstante
Permanecendo vítima do ritmo moribundo do mundo
Sonhos estranhos
Tamanho o desassossego
Desenho raso de um mar sem cor
O verbo rasgado e usado
Sem dar movimento, estagnado
Urso hibernando
Poema sem vigor
E na pele amaldiçoada
A cinza esparramada
Os olhos trêmulos
O gesto do desamor
Nenhum comentário :
Postar um comentário