por Zé Beto
Tom Jobim morava num enorme apartamento de frente para o Central Park, em Nova Iorque, era estrela badalada no mundo todo e resolveu voltar para o Brasil. Perguntaram o motivo. “Lá é bom, mas é uma merda. Aqui é uma merda, mas é bom”. Não se sabe se hoje ele responderia a mesma coisa. O país está zuretado, anfetaminado e, por que não dizer, cagado. O famoso samba do crioulo doido poderia ter uma versão atual só com uma colagem das manchetes dos jornais. Ronaldo, aquele, ficou batendo bola com a turma da Fifa e do governo federal até chegar na cara do gol e… e… retornar com a bola dominada para o próprio campo e estufar as redes com a torcida tucana de Aécio Neves rindo como se tivesse comido alpiste com semente de maconha. Na CBF o chefe da delegação é o presidente do Coritiba, Vilson Andrade, que apareceu de repente lá nos chamados altos escalões e começou a dizer que vai ajudar a dar o hexacampeonato ao Brasil. A torcida do Coritiba pensa em comprar uma camisa de força para ele, já que o time que dirige como cartola há bastante tempo não ganha nem lateral no campeonato Brasileiro. No lugar onde está este cartola curitibano o Brasil já teve Paulo Machado de Carvalho, campeão em 58 e 62, quando ganhou a patente de Marechal da Vitória. Andrade talvez pudesse alcançar o posto de cabo, mas só depois de se aposentar por tempo de serviço como soldado raso. Enquanto isso, em Brasília, os índios se misturaram aos aloprados que queriam melar a Copa do Mundo derrubando Coca-Cola em cima e deu cena de faroeste no descampado, só que sem morros e com o estádio Mané Garrincha (cujo avô era índio da tribo Xucuru, de Palmeira dos Índios, Alagoas) ao fundo. Bombas, tiros e flechadas foram disparados. Aqui a coisa está tão feia que ao ver isso nas telinhas de fazer doido ninguém se espantou. Imagina-se a cara dos gringos que estão arrumando as malas para ver os jogos do torneio que não tem segundo turno. Tim Maia resolveu fazer as malas no céu para baixar de volta no pedaço e tomar conta de vez como síndico. É melhor vir rápido. Joana Havelange, filha do Ricardo Teixeira e neta do João Havelange, os dois que ficaram com calos nas mãos de tanto contar o dinheiro alheio, carimbou a senha para que todo mundo deixe pra lá o que já foi roubado nesta Copa do Mundo. Só faltou dizer que o que interessa mesmo é que os juízes roubem para o Brasil dentro de campo, para todo mundo ficar feliz e achar que viver aqui não é uma merda – no máximo é emocionante.
*Publicado no site “A Gralha” (http://agralha.com.br/)
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