segunda-feira, 30 de maio de 2016

PERCY LAU

Autodidata, Percy Lau, com seus conceitos e pontos de vista próprios, desenvolveu uma carreira de sucesso nacional. Nasceu em Arequipa, Peru, em 16 de outubro de 1903, filho caçula de Bruno Law e Sofia Schon Law, cultivadores de cana-de-açúcar. Após sofrer um acidente na escada de sua casa, que afetou sua coluna vertebral, a família viajou para a Alemanha, terra de seus ancestrais, em busca de tratamento para o garoto, que é interrompido devido ao início da I Guerra Mundial. Foram para os Estados Unidos, mas por dificuldades financeiras chegaram ao Brasil em 1921, fixando residência em Olinda-PE. A adaptação do menino foi tão imediata que aprendeu o português com facilidade e sem sotaque, e o Law virou Lau. A natureza do lugar motivou os primeiros traços, surgindo os desenhos de coqueirais e mocambos com seus tipos humanos da região. Esses trabalhos (em grafite, nanquim e aquarela) estavam na primeira Exposição de Belas Artes de Pernambuco.
Em 1933 se associa a Augusto Rodrigues para criar um atelier comercial, criando trabalhos decorativos para restaurantes, formaturas, publicidade, letreiros artísticos, tabuletas, anúncios luminosos, retratos a óleo, etc. Em pouco tempo o lugar se tornou um ponto de encontro da sociedade cultural local. Segundo Augusto Rodrigues: “Trabalhávamos o dia inteiro e nos reuníamos à noite em torno de uma mesa ou no atelier para desenhar. O Percy Lau tinha parentes na Alemanha e recebia de lá uma quantidade muito grande de livros e revistas. Assim, tomamos conhecimento do movimento expressionista alemão. Recebíamos reproduções e revistas do Rio. Lembro-me de uma revista que se chamava Base, em que havia reproduções de Guignard, Di Cavalcanti, Portinari, e tivemos conhecimento também do Fujita”. Nesse tempo começa um namoro com Ismênia, vizinha do atelier. Trabalha no Diário de Pernambuco fazendo pequenas ilustrações. 
Em 1938 se muda para o Rio de Janeiro, trabalhando durante um ano para a Central do Brasil confeccionando maquetes para gares ferroviárias. Conhece e se relaciona com grandes nomes da arte brasileira como Di Cavalcanti, Guignard, Pancetti, Heitor dos Prazeres, entre muitos outros, estimulando seu ingresso no Liceu de Artes e Ofícios para estudar gravura, tendo assim um estudo sistemático da arte pela primeira vez. Volta ao Recife no ano seguinte e, depois de casar com Ismênia, retorna ao Rio. Recebe convite para integrar a equipe de desenhista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que ilustrava a série Tipos e Aspectos do Brasil da Revista Brasileira de Geografia (RBG), permanecendo aí até os últimos dias de sua vida. 
Com sua aposentadoria do IBGE em 1967, chega ao fim sua fase de pontilhados à nanquim e surge o pintor cinquentão à mão livre, com composições líricas de paisagens do Rio de Janeiro, mulheres na praia e nus femininos. Em 12 de janeiro de 1972 morre de um mal cardíaco, depois de um período de internamento, interrompendo essa breve fase de pintor e encerrando a carreira de maior documentarista/artista, que dividiu com o gaúcho José Wasth Rodrigues e o paulista José Lanzellotti.


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