Estava
escrito que o sucesso de Romy na tela seria proporcional à desgraça
que ela colheu na vida pessoal: o filho morto num acidente, o marido que
se suicidou, tudo isso a induziu à morte. Romy ainda era uma garota
quando foi escolhida para viver o papel de Sissy numa série sobre
a imperatriz Elizabeth, da Áustria. Os três filmes da série
esculpiram para ela uma imagem rósea. Romy rebelou-se. Criou papéis
que revelaram uma outra mulher: madura, talentosa, sensual. Luchino Visconti
foi o artífice da mudança. Deu a Romy o papel de Pupe em
O Trabalho, episódio de Boccaccio 70. E foi ainda Visconti quem
lhe permitiu exorcizar o mito de Sissy, ao fazer com que interpretasse
a amargurada Elizabeth de Ludwig, a Paixão de Um Rei.
Romy era tão linda, tão talentosa. E tinha aquele sorriso
triste que grandes diretores, de Visconti a Claude Sautet, souberam explorar
tão bem. Foi uma atriz e uma estrela. Nascida na Áustria,
surgiu no cinema alemão. Por isso mesmo, o cineasta Alexandre Astruc
disse um dia que ela foi o mais belo presente da Alemanha para o mundo,
desde a mitológica Marlene Dietrich.
O público fazia longas filas para ver o psicodrama de Costa-Gavras,
o seu mergulho num universo de dor, solidão e morte. Com o tempo,
o culto consolidou-se ainda mais, porque a vida de Romy Schneider confundiu-se
com a de sua personagem. É impressionante vê-la desglamourizada,
envelhecida, expressando toda a dor do mundo no olhar. Seu marido se suicidou,
o filho morreu num trágico acidente e Romy, a doce Sissy dos filmes
adolescentes dos anos 1950, a atriz que consolidou seu talento nos 60
e a quem Luchino Visconti permitiu, nos 70, que exorcizasse a figura da
imperatriz Elizabeth da Áustria (em Ludwig, a Paixão de
Um Rei), iniciou um processo autofágico e destrutivo que culminou
com sua morte. Suicídio ou acidente? Não se sabe.
©
2002 NostalgiaBR - Geraldo de Azevedo
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Um comentário :
eu era criança e lembro de ficar fascinado com a beleza dela no filme SISSY A IMPERATRIZ... mas como sempre, cinema é uma grande ilusão, segundo li em uma matéria ela era triste e depressiva...
http://veja.abril.com.br/280404/p_070.html
JOPZ
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