por Célio Heitor Guimarães
Sabem quem está de aniversário nesta terça-feira 17 de julho?
Joaquín Lavado, o grande Quino, um dos maiores talentos dos quadrinhos e
do cartum dos últimos oitenta anos. Aliás, 80 anos é a idade que o pai
da incomparável Mafalda está completando hoje. É um dos poucos gênios
ainda vivos, graças aos deuses do Olimpo.
Joaquín Salvador Lavado, filho de imigrantes espanhóis, andaluzes,
nasceu na cidade argentina de Mendonza, em 17 de julho de 1932, embora
nos registros oficiais conste 17 de agosto. Como tinha um tio também
chamado Joaquín, pintor e desenhista publicitário, passou a ser chamado
desde logo de Quino. Foi com o tio, aliás, que o pequeno Joaquín
descobriu a sua vocação. Tinha, então, três anos de idade.
Aos quadrinhos, Quino passou a dedicar-se em 1948, quando deixou
a Faculdade de Belas Artes depois do falecimento do pai. A mãe ele
havia perdido três anos antes.
Em 1962, fez a primeira exposição artística em Londres e em 1963 publicou o primeiro livro de cartuns. Em 1964, nascia Mafalda.
Segundo relato do autor ao quadrinheiro brasileiro Álvaro de Moya,
“corria o ano de 1962 e o diretor de uma agência de publicidade pediu
que eu criasse uma historieta para uma série de anúncios da firma de
eletrodomésticos Mansfiel, com as primeiras letras lembrando o nome da
firma. Ma. Mafalda. Os desenhos deveriam ser algo do Dagwood (o marido
de Blondie) e de Peanuts (de Schulz). A agência não aprovou e os
desenhos foram engavetados por dois anos. Um dia, o extinto jornal
Primera Plana pediu-me algo de diferente e eu apresentei Mafalda”.
Primeiro era uma página semanal, a partir de 29 de setembro de 1964. Em
março de 1965, passou a ser publicada em tiras diárias pelo jornal El
Mundo. Com o fechamento do jornal, em dezembro de 1967, a pequenina
Mafalda, de seis anos e todas as questões do planeta na cabeça, começou a
sair em formato de livros, pelo editor Jorge Alvarez, de Buenos Aires,
ganhando o mundo em seis diferentes línguas.
As histórias de Mafalda foram publicadas até 1975, auge da sua
popularidade. Quino “matou-a” por puro cansaço. Conta a lenda que na
última tira, para acabar de vez com a personagem, o autor desnudou-a,
revelando ser ela… um menino.
Depois, com a mesma genialidade, Quino se dedicou por inteiro aos
cartuns, sem personagem fixo, nos quais mantém o estilo simples, mas de
especial criatividade. Continua até hoje um pessimista com a política e
com os políticos, especialmente os da América Latina.
Em reportagem incluída no livro “Quino: Dez Anos com Mafalda”, o
cartunista se confessa um amargurado: “Sou alguém que dramatiza tudo,
que pensa que as coisas vão sair sempre mal, que espera sempre uma
tragédia…”
Não é isso que o mundo pensa dele. Feliz aniversário, grande Quino!
Obrigado pelos momentos de alegria e pura inteligência que nos deu.
Saúde e vida longa, mestre.
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