terça-feira, 17 de julho de 2012

QUINO

80 ANOS DE GENIALIDADE

por Célio Heitor Guimarães

Sabem quem está de aniversário nesta terça-feira 17 de julho? Joaquín Lavado, o grande Quino, um dos maiores talentos dos quadrinhos e do cartum dos últimos oitenta anos. Aliás, 80 anos é a idade que o pai da incomparável Mafalda está completando hoje. É um dos poucos gênios ainda vivos, graças aos deuses do Olimpo.
Joaquín Salvador Lavado, filho de imigrantes espanhóis, andaluzes, nasceu na cidade argentina de Mendonza, em 17 de julho de 1932, embora nos registros oficiais conste 17 de agosto. Como tinha um tio também chamado Joaquín, pintor e desenhista publicitário, passou a ser chamado desde logo de Quino. Foi com o tio, aliás, que o pequeno Joaquín descobriu a sua vocação. Tinha, então, três anos de idade.
Aos quadrinhos, Quino passou a dedicar-se em 1948, quando deixou a Faculdade de Belas Artes depois do falecimento do pai. A mãe ele havia perdido três anos antes.
Em 1962, fez a primeira exposição artística em Londres e em 1963 publicou o primeiro livro de cartuns. Em 1964, nascia Mafalda.
Segundo relato do autor ao quadrinheiro brasileiro Álvaro de Moya, “corria o ano de 1962 e o diretor de uma agência de publicidade pediu que eu criasse uma historieta para uma série de anúncios da firma de eletrodomésticos Mansfiel, com as primeiras letras lembrando o nome da firma. Ma. Mafalda. Os desenhos deveriam ser algo do Dagwood (o marido de Blondie) e de Peanuts (de Schulz). A agência não aprovou e os desenhos foram engavetados por dois anos. Um dia, o extinto jornal Primera Plana pediu-me algo de diferente e eu apresentei Mafalda”. Primeiro era uma página semanal, a partir de 29 de setembro de 1964. Em março de 1965, passou a ser publicada em tiras diárias pelo jornal El Mundo. Com o fechamento do jornal, em dezembro de 1967, a pequenina Mafalda, de seis anos e todas as questões do planeta na cabeça, começou a sair em formato de livros, pelo editor Jorge Alvarez, de Buenos Aires, ganhando o mundo em seis diferentes línguas.
As histórias de Mafalda foram publicadas até 1975, auge da sua popularidade. Quino “matou-a” por puro cansaço. Conta a lenda que na última tira, para acabar de vez com a personagem, o autor desnudou-a, revelando ser ela… um menino.
Depois, com a mesma genialidade, Quino se dedicou por inteiro aos cartuns, sem personagem fixo, nos quais mantém o estilo simples, mas de especial criatividade. Continua até hoje um pessimista com a política e com os políticos, especialmente os da América Latina.
Em reportagem incluída no livro “Quino: Dez Anos com Mafalda”, o cartunista se confessa um amargurado: “Sou alguém que dramatiza tudo, que pensa que as coisas vão sair sempre mal, que espera sempre uma tragédia…”
Não é isso que o mundo pensa dele. Feliz aniversário, grande Quino! Obrigado pelos momentos de alegria e pura inteligência que nos deu. Saúde e vida longa, mestre.

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