sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A VOLÚPIA DO PODER ou...

O que estão fazendo de ti, Brasil?!


 por Célio Heitor Guimarães


Abro o jornal, ligo a TV, ouço o rádio ou acesso a internet e caio em depressão. Ou sinto uma bruta aflição, angústia e desesperança. Ou me dá uma raiva danada, seguida de uma vontade quase incontrolável de vomitar. O que estão fazendo com o Brasil?! Ou, melhor, o que o atual PT, instalado a gosto e sem cerimônia no poder, está fazendo com o Brasil?!
A cada mês, a cada semana, a cada dia, é um novo escândalo. Escabroso, amedrontador, profundamente lamentável, que nos humilha como brasileiros e macula o Brasil internacionalmente como antro da safadeza. “Nunca antes na história deste país” viu-se coisa igual. É surpreendente a criatividade dos malfeitores, patifes de todos os naipes, graus e matizes, que surgem do nada ou de onde menos se espera. E a impressão que fica é que não há mais ninguém decente e honrado na administração pública nacional. A impressão, claro, é falsa, mas se sobressai.
Nem bem o Supremo Tribunal Federal havia dado um inédito corretivo nos bandidos do “mensalão” do Zé Dirceu e eis que a briosa Polícia Federal traz à luz a chamada Operação Porto Seguro, denunciando a existência de uma quadrilha instalada desde a sede paulista da Presidência da República e especializada no tráfico de influência, na distribuição de quadrilheiros em postos-chaves do poder, na elaboração de falsos pareceres jurídicos e no atendimento a trambiqueiros travestidos de empresários sérios. E o bando estendia os seus tentáculos às agências reguladoras e à Advocacia-Geral da União. Coisa de louco! Na coordenação do crime, uma jovem senhora, ex-secretária, em cujo currículo constava apenas uma destacada intimidade com Luiz Inácio Lula da Silva. Este, como de costume, não sabia de nada. Ou, quando muito, declarou-se, uma vez mais, “apunhalado pelas costas”. E, para escapar do burburinho, embarcou para Paris, Berlim, Barcelona e arredores. Desta vez, sem a companhia de dona Rosemary Nóvoa de Noronha.
O PT foi o único partido político que nasceu da base, sedimentando-se aos poucos, com muita luta e debaixo de muita pancada. Trazia no âmago as reivindicações populares, as carências da ninguenzada, dos excluídos da casa-grande. E Luiz Inácio tinha tudo para mudar o centenário estado de coisas. Sofrera na pele a dor da discriminação e os efeitos do capitalismo desalmado. Por isso, tinha a admiração de todos nós. E recebeu o nosso voto. Era o contraponto ao “coronel” Sarney, aos asseclas de Collor de Mello e aos enfatuados vendilhões do Estado de FHC. Mas bastou subir a rampa do Planalto para revelar-se muito pouco diferente dos demais. O poder enlouquece. Ou é alguma coisa que tem na água do cerrado brasiliense.
E, de repente, as repúblicas do Maranhão, de Alagoas e da Sorbonne viraram coisas de amadores. E lembrar que Collor foi defenestrado por causa de uma Fiat Palio!… Maluf, então, passou a ser mero trombadinha, enquanto no Inferno PC Farias deve estar morrendo, outra vez, de rir… Que saudade dos capiaus da República de Juiz de Fora!
A verdade é que o Partido dos Trabalhadores perdeu a mão. Não estava preparado para exercer o mando. Chegou com tanta gana ao pote de mel que lambuzou-se todo. Passou a fazer churrasco no Alvorada e nomeações absurdas, tornou-se amigo de infância do rebotalho brasiliense, distribuiu passaportes diplomáticos para a familiagem, dona Marisa Letícia começou a ir ao cabeleireiro paulista em avião oficial e o Grande Guia a singrar os céus do mundo ao lado da “companheira” Rose… Coisas pequeninas, mas de grande significado. E a companheirada foi se infiltrando, aparelhando ministérios, diretorias, gabinetes, estatais, agências reguladoras, universidades… Com a mesma rapidez com que Lula foi perdendo a aura de defensor dos oprimidos, porta-voz dos amordaçados e condutor do povo a um novo Brasil.
A coisa anda tão feia que ex-petistas de carteirinha, ex-amigos da cozinha e ex-intransigentes defensores da estrela vermelha estão assustados. O jornalista Ricardo Kotcho, que foi assessor de imprensa de Lula e fiel escudeiro do ex-metalúrgico, está exigindo uma rápida explicação de Luiz Inácio. Até o outrora festejado jornalista Mino Carta, editor da revista Carta Capital, desceu à planície para lamentar “o deprimente espetáculo que o PT proporciona hoje”, como se viu na transcrição aqui feita, dias atrás, pelo nosso Zé Beto.
Mino diz que nunca foi filiado ao partido, mas privou como poucos da intimidade dos petistas e, em especial, de Lula, a serviço de quem colocou, durante todo o tempo, o seu inegável talento jornalístico. Hoje, tem outra visão:  “O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu o seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles partidos que nunca foram”.
E mais: “O PT não é o que prometia ser. Foi envolvidos antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes”.
Nunca é tarde para se enxergar a realidade.
Elio Gaspari, da Folha, é conclusivo: “Ou o PT acaba com seus esquemas ou esses esquemas acabam com o PT”.
E a companheira Dilma, a criatura-poste que se tem revelado melhor que o seu criador (e que recebeu Rosemary como legado de seu antecessor)? Continua fiel e obediente a ele, é certo. Mas até quando? Ou até quando conseguirá sustentar uma pseudo ação moralizadora de seu governo? Quando a infecção se generaliza, não há quem dê jeito no paciente.


FONTE: http://jornale.com.br/zebeto/2012/12/06/a-volupia-do-poder-ou-o-que-estao-fazendo-de-ti-brasil/

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