por Zé da Silva
Capricórnio
Estava sozinho na piscina do hotel. Ouvia o barulho das ondas. Via uma capela no terreno vizinho. Olhou para a copa da árvore ao lado. Uma pedra enorme parecia proteger o local. Um vento fez o sol vazar as folhas verdes. Estava na borda com a água até o peito. O silêncio invadiu tudo. Teve certeza que vivia um momento único e mágico. Foi tomado de uma euforia jamais sentida. O que seria aquilo? Olhou a cruz no topo da capela e ela continuava uma cruz no topo da capela branca. Viu então um menino sentado na escada que levava à porta trancada da igrejinha. Tinha a cabeça enfiada entre os joelhos e a as mãos segurando-a. Pensou em dizer alguma coisa. Não conseguiu. Ficou olhando tudo. Nas janelas dos apartamentos, nada. Era como se o mundo tivesse parado para ele ficar olhando o menino que não mostrava o rosto. Olhou de novo a árvore. As folhas foram sacudidas por um vento forte. Mas o sol não apareceu. Ele voltou a olhar na direção do menino. Não estava mais lá. Então, saiu da água, subiu ao apartamento, ligou o chuveiro e, quando a água tomou conta de tudo, chorou como o mais solitário dos seres da Terra.
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