domingo, 19 de maio de 2013

SHEIK YERBOUTI (1979)

FRANK ZAPPA



por Tiago Ferreira

Este foi o primeiro disco do músico pelo seu selo independente, Zappa Records, depois de compraruma briga feia contra a Warner Bros após eles terem lançado, sem a sua autorização, os álbunsStudio Tan (1978) e Sleep Dirt (1979).
O que vemos aqui é um Zappa efetivo como bandleader e sem barreira alguma para chamar o ouvinte de ‘babaca’ na divertida “Broken Hearts Are for Assholes” ou quebrar o encanto de ‘princesas judias’ ao afirmar que elas devem ser ‘congratuladas com suas próprias opus especiais’ em “Jewish Princess” – canção que evoca o ridículo com uma marchinha lúdica na voz zombeteira de Frank Zappa. Uma liga de antidifamação chegou a afirmar que Zappa estaria utilizando termos antissemitas na canção, mas ele rebateu dizendo que eles queriam manter um estereótipo dos judeus.
Há um mix de letras esfuziantes, divertidas e polêmicas. E há também uma sincronia instrumental muito forte entre os solos espaciais na guitarra de Zappa com a bateria pesada de Terry Bozio, como em “Rat Tamago”. O baixista Patrick O’Hearn se impõe com leves referências funky em “The Sheik Yerbouti Tango”, enquanto os tecladistas Tommy Mars e Peter Wolf passeiam em referências orientais em companhia da guitarra sólida de Zappa.
O amor soa quase como uma pilhéria em todo o disco Sheik Yerbouti. “I Have Been In You” simula o ato sexual com Zappa falando ‘estou em você, de novo’. Ele repete tantas vezes a frase, que vemos o músico atingir o orgasmo quando toca um solo meio glam rock que joga purpurinas depois do ato consumado.
Neste disco, inclusive, há muitas variações do rock. Em “I’m So Cute”, Zappa parte para o punk, mas injeta uma breguice intrépida com os vocais de Adrian Belew e Davey Moire. Na mesma canção, ele viaja em uma espaçonave que o leva direto ao rock futurista. Em “Jones Crusher”, reina o rock progressivo.
Já “Bobby Brown Goes Down” é uma balada sarcástica que fala do encontro de um garoto misógino (‘o mais cool da cidade’) com a lésbica Freddie, engajada no movimento feminista. Nessa conversa, Bobby acaba descobrindo que é gay e não cansa de afirmar que faz parte do ‘sonho americano’. Ironia ou não do destino, o single só ganhou notoriedade em alguns países europeus, que não tinham o inglês como língua nativa.
“Dancin’ Fool” poderia ser tocada em qualquer festa de aniversário, pois não tem pudor algum ao falar do ‘suicídio social’ que qualquer um pode cometer ao se entregar à dança. Chegou, inclusive, a ser nomeada ao Grammy no ano seguinte.
Todas as canções de Sheik Yerbouti foram gravadas entre 1977 e 1978, e permanecem como o tiro inicial certeiro de sua carreira independente. Zappa rocks!

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