Existiu ou não aquele tapa no rosto? Não. Porque ele nunca me bateu, ele nunca gritou. Nem precisava. Os olhos eram mais que Clint Eastwood.
Furavam como balas de prata e atingiam lá, naquele ponto onde se deflagra o medo do indizível, do que não se sabe, medo que é muito maior do que os monstros que vemos em Godzila ou na esquina de casa.
Passaram-se anos e eu fiquei na dúvida, como tinha também aquela de não ser seu filho; nem dele nem dela, porque vi a foto do casamento e havia um gurizote lá.
Alguém me disse que é difícil saber que feridas carregamos. Podem ser invenções de nós mesmos. Talvez a minha tenha se aberto naquele tapa que não levei.
FONTE: http://cabecadepedra1.blogspot.com.br/2013/06/o-tapa-que-nao-levei.html
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