- Se alguém bater um dia à tua porta,
- Dizendo que é um emissário meu,
- Não acredites, nem que seja eu;
- Que o meu vaidoso orgulho não comporta
- Bater sequer à porta irreal do céu.
- Mas se, naturalmente, e sem ouvir
- Alguém bater, fores a porta abrir
- E encontrares alguém como que à espera
- De ousar bater, medita um pouco. Esse era
- Meu emissário e eu e o que comporta
- O meu orgulho do que desespera.
- Abre a quem não bater à tua porta!
Fernando Pessoa, 5-9-1934.
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