segunda-feira, 31 de agosto de 2015

domingo, 23 de agosto de 2015

O HOMEM DE KIEV

The Fixer (1968)
John Frankenheimer
Passado na Rússia Czarista, na viragem do século 19 para o século 20, e baseado numa história real de um camponês russo judeu, Yakov Bog, que foi preso injustamente pelo crime mais improvável - o ritual assassinato de uma criança em Kiev. Seguimos os detalhes implacáveis da vida do camponês na prisão, e vê-mo-lo ganhar em dignidade as tentativas para humilhá-lo, e fazê-lo confessar o crime que não cometeu.
Muitos dos filmes de Frankenheimer lidam com a luta pela justiça social, e pela compaixão humana, e este é definitivamente um filme que cai nessa categoria. Em "The Fixer", Frankenheimer e o argumentista Dalton Trumbo não perdem tempo para nos atirar com discursos dizendo-nos o que está a acontecer e o que isso quer dizer. A vítima (interpretada com grande sensibilidade por Alan Bates), não é apenas uma figura cristã, como também não se cansa de dizer que o é.
A experiência de Frankenheimer a dirigir muitas das peças da idade de ouro da televisão, como "Playhouse 90", demonstram perfeitamente que ele pode dominar close-ups e melhorar o diálogo. Poucos filmes americanos podem ser corajosos o suficiente para falar de idéias sem ter sempre que recorrer à ação. Já sabemos que Frankenheimer é um especialista em ação, basta lembrar "The Train", ou um filme posterior chamado "Ronin", mas aqui temos de dar-lhe créditos por abraçar um campo diferente, com um enorme sentido de introspecção.
A atmosfera claustrofóbica da prisão é tão intensa que a cena final é uma das mais interessantes da carreira do realizador. Os créditos também vão para Trumbo, por ter criado um herói que não é inteiramente perfeito. Yakov Bok não só traiu a sua herança, trabalhando para os anti-semitas, mas também, como sabemos depois, está de relações cortadas com a sua família.
Um destaque especial para os atores. Alan Bates conseguiu aqui a sua única nomeação para o Óscar de melhor ator, e, no papel de advogado, Dirk Bogarde também está muito bem. Hoje em dia é um filme muito esquecido no tempo, apenas teve uma edição muito rara em DVD.

FONTE:

NE ME QUITTE PAS

Ayo, Iggy Pop & Fabrice Eulry

sábado, 22 de agosto de 2015

BORBOLETANDO

No quintal de Dona Zefa.



Fotografias de Ricardo Silva

SOLDA, 63 YEARS OLD

Fotografia de Roberto José da Silva

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 40 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido, não tem graça."

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

GAHAN WILSON


CABEÇA DE PEDRA

Dinheiro

Nunca vi o dinheiro dele. O dinheiro da carteira. Quando pedia uns trocados, ele puxava a dita, virava de costas para mim, tirava as notas menores - e me dava. Sei que era um sacrifício, porque aquele dinheirinho ele suava muito para ganhar. Talvez por isso tenha me transformado no inverso. Se pudesse - e tivesse, distribuiria entre os filhos, netos, parentes, amigos que estivessem precisando, etc. A cena do filme me influenciou muito também. Japonês, preto e branco, cinema de arte, tela pequena e o motorista circulando pelas ruas de Tóquio, sozinho, com uma pacoteira de notas no banco do carona. Jogava as notas pela janela - rindo. A cena longa, sem trilha sonora, sem nada. Alguém escreveu que ali se mostrava toda a personalidade do personagem. Era ele. Era eu.


MOVIE STAR

BELA LUGOSI


MARCOS PRADO


a primeira cicatriz a gente nunca esquece

ponha um band-aid no buraco da bala
e pare de se fazer de vítima
perdeu uma perna use a outra
e vê se te manca
justiça de cego é olho por olho
e de banguela é dente por dente

nem tudo que vi acreditei
nem todo crime depende da lei
procure a felicidade perdida num tiro certo
e prove que você é um alvo esperto


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

O Dia Mundial da Fotografia comemora-se anualmente a 19 de agosto.

Origem da data

A celebração da data tem origem na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre em 1837.

Mais tarde, em janeiro de 1839, a Academia Francesa de Ciências anunciou a invenção do daguerreótipo e a 19 de agosto do mesmo ano o governo francês considerou a invenção de Daguerre como um presente "grátis para o mundo".

Outro processo fotográfico - o calótipo, inventado também em 1839 por William Fox Talbot, fez com que o ano de 1839 fosse considerado o ano da invenção da fotografia.

Comemoração da data

No dia Mundial da Fotografia decorrem várias iniciativas para celebrar a data, como por exemplo, workshops, maratonas de fotografia, concursos e palestras. O Dia Mundial da Fotografia consiste na celebração da arte de fotografar. Desde o fotógrafo amador ao profissional, neste dia o objetivo é reviver o amor pela fotografia. A fotografia serve para eternizar momentos, para guardar recordações, para contar histórias em imagens, sem palavras, para mostrar um modo pessoal de ver o mundo ou simplesmente para dar prazer ao fotógrafo.

Henri Cartier-Bresson, German Woman Crying on a Heap of Ruins, 1945

terça-feira, 18 de agosto de 2015

DRAN





POEMA DO AVISO FINAL


É preciso que haja alguma coisa
alimentando o meu povo;
uma vontade
uma certeza
uma qualquer esperança.
É preciso que alguma coisa atraia
a vida
ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
a abrirá caminhos.
É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.


Torquato Neto

SOLDA CÁUSTICOhttp://cartunistasolda.com.br 

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

SOLDA

CÁUSTICO


SOLDA CÁUSTICO: http://cartunistasolda.com.br/

PAULO LEMINSKI

Marginal é quem escreve à margem

Marginal é quem escreve à margem, 
deixando branca a página 
para que a paisagem passe 
e deixe tudo claro à sua passagem. 

Marginal, escrever na entrelinha, 
sem nunca saber direito 
quem veio primeiro, 

RAIMUNDO FAGNER

III FESTIVAL DE INVERNO DE MAR VERMELHO/AL







 Fotografias de Ricardo Silva

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Jimi Hendrix live at Rainbow Bridge


DISCOTECA BÁSICA

Ramones
Rocket to Russia (1977)

(Edição 77,Dezembro de 1991) 

É duro ser um garoto de doze anos afundado até o queixo no lodoso tédio urbano. Todo mundo dá palpite na sua vida. O status em casa e na rua, a voz e até o corpo ainda são de criança - mas os instintos são de homem, e as garotas, todas ficando peitudas, não estão nem aí com você. Escrotas. Piranhas. 
A única saída é dar uma de muito mais durão do que você realmente é. Começar a beber, fumar, bater punheta direto. E estar pronto para sacrificar qualquer ciosa por alguns momentos de diversão adrenal. 
Mas dá mesmo para sacrificar? É difícil. Nem todo mundo é durão de verdade. Dá até para afetar a cara de mau, mas no fundo você gosta é de ver sessão da tarde... jogar fliperama, tomar milkshake, ouvir rock altão no seu quarto só para zoar a mãe, pegar uma praia, passear ao crepúsculo de mãos dadas com sua baby (quem dera)... 
Dá para jogar tudo para o alto só por um pouco de alegria? Vale a pena matar aula o tempo inteiro, não estar nem aí com a escola? Sem, se isso garantir a admiração das minas e o respeito dos colegas. Mas e se depois você acaba tomando pau por causa disso? Cheirar cola é gostoso... mas faz mal! Mas... qual é o problema de fazer mal? No fundo você vai acabar morrendo mesmo! 
Viver é uma confusão desgraçada - e nunca isso fica claro na vida de um homem do que quando começam a aparecer os primeiros pêlos na cara. 
O absurdo é que quatro nova-iorquinos broncos tenham capturado com tanta precisão este estado de espírito púbere que-se-foda. Sem intelectualismo nem autoparódia e em plena hegemonia Yes-Zep, os Ramones inventaram o som da adolescência. Puro, sem misturas, sem gelo. 
As bases já existiam, claro. O rock de garagem dos anos 60, a surf music, o bubblegum, Stooges, os Stones do começo, New York Dolls. O próprio Joey Ramone começou a cantar numa banda glam (o Sniper). 
Mas os Ramones levaram a coisa um passo adiante, indo direto ao esqueleto do negócio: músicas de dois minutos, refrãos simples e riffs primários, letras que viam a dor e a delícia de ser teenager através do rayban da cultura popular mais acessível e rastaqüera. 
Tudo tão rápido, pesado e pegajoso quanto possível. Urgente como um comercial de TV. Punk rock, mesmo - se você pensar que punk originalmente significa vagabundo de rua, tranqueira, cara inútil para a sociedade. 
Rocket To Russia pegou o que já era perfeito - os dois primeiros discos do grupo, Ramones e Leave Home, ambos de 76 - e elevou à categoria de transcendental. Tem duas covers, "Do You Wanna Dance?" e "Surfin' Bird", que dispensam comentários. E outras doze faixas originais essenciais, escritas com senso de humor, produzidas com capricho minimalista e executadas com a fúria e o tesão de quem está se divertindo pra cacete - contra tudo e todos. Entre "Rockaway Beach" e Teenage Lobotomy" está tudo o que você precisa saber sobre rock. 
Também tem "Sheena Is A Punk Rocker", "Cretin Hop", "I Wanna Be Well" - mas escute, não é isso o que importa. Não importa que Johnny Rotten e Joe Strummer e esse bando todo de ingleses tenham se inspirado e imitado os Ramones, nem que grande parte da new wave, do punk e todo o hardcore deva as calças ao quarteto. Não importa a famosa cena do CBGB, nem o Blondie, nem os Talking Heads. Se discos futuros seriam irregulares, se eles bebiam ou se drogavam, se eles se repetiram, se Dee Dee compunha melhor que Johnny, se Marky isso e aquilo - naaaada disso importa. 
O que importa é Joey Ramone cantando "I don't care about this world/I don't care about that girl... I don't care". Eu não tô nem aí, não tô nem aqui e quero que tudo mais vá pro inferno. I just wanna have some fun. 
Ramones, a melhor banda de rock'n'roll da história - provavelmente. 

por André Forastieri

CABEÇA DE PEDRA


Preso

Eles entraram arrombando a porta. Um helicóptero pairava sob o terraço do prédio. Alguns desceram dele, deslizando em cordas. Homens de preto. Só os olhos de fora. Alucinados. Armas modernas apontando e gritos histéricos inundando o ambiente. O café ainda estava quente na xícara. Não consegui dar um único gole. Não me apavorei. Esperava isso. Sentado, ergui os dois braços e espalmei as mãos. Dois gorilas as seguraram, colocaram para trás e me algemaram. Não leram meus direitos. Isso é coisa de filme americano. Desci pelo elevador cercado por dez. A rua em frente ao prédio estava com o trânsito interrompido. Mais policiais, armas, cães mostrando os dentes. Me colocaram no banco de trás da barca. Era assim que a gente chamava as viaturas no tempo de colégio e maconha. Foi a primeira vez que fui transportado assim. Ao chegar na dependência policial havia um batalhão de carniceiros. Tom Wolfe rotulou assim os repórteres em seu clássico "Os Eleitos". Sorri para os que conhecia. O delegado mandou tirar as algemas. Meu advogado chegou em seguida. Estava com o terno Armani que gosta. O perfume não identifiquei. Ele cochichou algo para o manda-chuva. Ele me mandou sair pelos fundos. Voltei para casa. Tive de fazer um café novo.

CINEMA EM CARTAZ

 STAR WARS






terça-feira, 4 de agosto de 2015

SOLDA

CÁUSTICO



SOLDA CÁUSTICO: http://cartunistasolda.com.br/

NÃO MAIS TÃO BELA

por Yuri Vasconcelos Silva

Apreciar a ópera Parsifal com ouvidos ignorantes e se deleitar com a beleza da composição de Richard Wagner. Observar telas de uma exposição e, sem nada saber sobre arte, sentir o espírito elevado com a beleza revelada. O objetivo máximo da criação artística é que seja válida para todos, independente de sua erudição ou conhecimento. O que é belo deve transcender. Uma experiência que não se explica, individual e não compartilhada. Mais que um ato de fé. Uma revelação.

O problema é que boa parte da arte atual necessita de um manual ao seu lado. Um texto verborrágico, embasado em filosofia, referências do passado e um bla-bla-bla sem sentido. No fim do dia, a obra em si simplesmente não provoca nada, a não ser estranhamento. Ou revolta. A arte se tornou uma forma de rebeldia, uma comunicação não-verbal de um protesto visceral. O museu deixou de ser uma catedral de deleite silencioso para ser um lugar cheio de fúria e mágoas. Seria esse o principal papel da arte? Ou, mais simples, não há tantos artistas sensíveis ou com o talento de outrora o suficiente para produzir a beleza pura? Muitos dizem que a arte serve ao propósito de empurrar as fronteiras, de incomodar e provocar a reflexão sobre um bocado de assuntos. O artista, para este objetivo, precisa lançar mão de situações e objetos da vida cotidiana. Desta maneira, o artista deve reproduzir em sua criação uma linguagem que conecta a obra à realidade na qual ele protesta ou enfatiza. No entanto, a obra deixa de estar associada a uma esfera além de nossa percepção para ser mais um objeto cotidiano que pretende significar além. Andy Warhol era mestre nesta manipulação. Vik Muniz ou Andriana Varejão, os artistas contemporâneos mais cultuados por aqui, são discípulos desta escola. As obras refletem o desejo pelo poder nutrido globalmente pelo mercado. O desejo de ter, de comprar, de descartar e de ter outro novamente, num ciclo sem fim. A arte é produzida em série e qualquer objeto é elevado à categoria de sublime, podendo de importantes coleções e acervos. A roda do capitalismo ajuda este mercado surreal, onde uma tela comprada numa pequena galeria por quatrocentos reais poderá valer mil vezes mais no ano seguinte, quando o artista estiver nos catálogos das grandes casas de leilão, produzindo a mesma coisa por todo o resto da vida.

Esta expressão artística não mostra a menor fadiga ou espaço para algum outro movimento tomar conta, como aconteceu com o Modernismo no começo do século passado. O público em geral, este que ocupa boa parte do planeta e teve uma educação mediana pra baixo, encontra uma barreira entre ele e a obra. A arte parece ser produzida apenas para um seleto grupo de críticos, eruditos, iniciados e mercado de arte, que se fecham numa casca de ovo de auto-bajulação ou aniquilação. Uma obra de arte deveria aprazer não apenas um intelectual, mas também o vigilante do museu e uma criança de 5 anos, pois a beleza é de fato universal.

Wagner, o compositor de Parsifal, escreveu em forma de música a arte que é bela por si só. Mas em sua genialidade, também criou as justificativas de sua obra, a estória ali contada, as referências buscadas em lendas, e tudo mais que os eruditos louvam. Ele compôs uma obra de arte capaz de atingir a todos, sem distinção, em muitas camadas. Wagner buscava a obra de arte total, ao tentar abarcar todas as expressões artísticas para destruí-las e transformar a experiência dramática de uma ópera na representação total do que é ser humano. Nesse sentido, o trabalho de Wagner é considerado precursor do que viria a ser o Modernismo. Hoje, não há qualquer sinal de que um artista acenda a faísca para uma explosão de renovação em todos os lugares onde arte é pronunciada. Enquanto isso, os museus continuam exibindo lixo e entranhas vivas para elevar a alma de seus visitantes. Melhor ir rezar na igreja.

BORBOLETANDO

No quintal de Dona Zefa.




Fotografias de Ricardo Silva

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A CADELA

La chienne (1931)
Jean Renoir

Maurice Legrand, humilde funcionário de uma empresa de tecidos, é um homem tímido e sem amigos. Infeliz em seu casamento com Adèle, uma mulher controladora e autoritária, viúva de um herói de guerra, ele encontra alívio na arte de pintar.

Certo dia, ao ver uma mulher na rua sendo espancada por um homem, ele enfrenta o agressor em defesa da jovem agredida. Ela se chama Lucienne Pelletier, mas é conhecida pelo apelido de Lulu. Na verdade, trata-se de uma prostituta que vive sendo explorada por um cafetão de nome André Govain, mais conhecido como Dédé.
Desconhecendo a vida que ela leva, principalmente que o homem que a agredira é seu cafetão, Legrand logo se apaixona pela jovem. Seu amor é tão grande que ele chega a roubar o patrão para atender aos seus caprichos, sem imaginar que todo o dinheiro que ela consegue arrancar dele acaba nas mãos do cafetão.

Lulu diz admirar as pinturas de Legrand e, por consequência, ele lhe presenteia com diversas telas. No entanto, persuadida por Dédé, ela consegue vendê-las a um negociante de artes que se impressiona com o trabalho. Ao descobrir o que está realmente acontecendo, o apaixonado Legrand a perdoa.
Algum tempo depois, o primeiro marido da Sra. Legrand, que se acreditava morto no campo de batalha, reaparece. Feliz, Legrand sai de casa para se juntar à Lulu. Ele a encontra nos braços de Dédé, descobrindo toda a verdade sobre a prostituta e o cafetão. No dia seguinte, transtornado, volta a procurá-la e, num acesso de raiva, a mata brutalmente. No entanto, o crime é atribuído a Dédé, que termina condenado e executado.
Legrand torna-se um vagabundo, enquanto seus quadros circulam a altos preços.

Baseado num romance de Georges de La Fouchardière, “A Cadela” é um excelente filme do grande cineasta francês Jean Renoir, que também co-assina o roteiro. Sua trama gira em torno de um triângulo amoroso marcado por ciúmes e tragédia.
Partindo de um roteiro coeso, Renoir conduz o filme com maestria do início ao fim, mantendo o espectador atento aos mínimos detalhes. Assim, ele mostra por que viria a se tornar um dos grandes expoentes do cinema mundial.
No elenco, Michel Simon está muito bem no papel de Legrand, mas o grande destaque fica por conta de Georges Flamant, no papel do cafetão Dédé.