Nunca vi o dinheiro dele. O dinheiro da carteira. Quando pedia uns trocados, ele puxava a dita, virava de costas para mim, tirava as notas menores - e me dava. Sei que era um sacrifício, porque aquele dinheirinho ele suava muito para ganhar. Talvez por isso tenha me transformado no inverso. Se pudesse - e tivesse, distribuiria entre os filhos, netos, parentes, amigos que estivessem precisando, etc. A cena do filme me influenciou muito também. Japonês, preto e branco, cinema de arte, tela pequena e o motorista circulando pelas ruas de Tóquio, sozinho, com uma pacoteira de notas no banco do carona. Jogava as notas pela janela - rindo. A cena longa, sem trilha sonora, sem nada. Alguém escreveu que ali se mostrava toda a personalidade do personagem. Era ele. Era eu.
CABEÇA DE PEDRA: http://cabecadepedra1.blogspot.com.br/
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