ANÔNIMOS, POR ENQUANTO
EP do IA (Foto e arte da capa: Felipe Verlaine)
Por Erivaldo Mattüs
Acordado
por Frank Zappa & R. Silva, nosso fotógrafo ( o Silva, não o
Zappa, quer dizer, vice-versa, eu acho) , abri meus olhos em um quarto
imundo com um lindo objetivo no dia. Dois, na verdade. Alimentar-me e
ver dinossauros oitentistas numa gravação. Oitentistas não pela idade
dos vagabundos, mas em homenagem ao bom som da época. Studio
underground, Concha Acústica, eu acho e belo sistema de gravação. Tinha
ouvido falar somente pela gravação da “Morra Tentando”, e percebido a
qualidade do material produzido pelo estúdio. Deu pra manjar tudo com
detalhes, as gravações da Power of the Nóia nunca me levaram ao luxo de
conhecer um ambiente cheio de requinte para gravações... haha
Felipe Verlaine
Às
14:00 hrs começou a sessão com o Sr. Felipe gravando alguns acordes de guitarra
(e que pela primeira vez tinham um som limpinho, cheirando a post punk). Depois
ainda consegui um flagra em Paul Vitor, guitarrista antisolo deixar seus
rastros na gravação. Tenho aguardado a gravação desse material a anos. Há dez
anos, parece ter se tornado uma questão de honra (ou vergonha) ver esses
malditos tentando fazer a banda andar. Só não ficaram ricos pelo azar de terem
nascido na década errada...
Paulo Vitor
O som me pareceu bastante evoluído, nem ouvi as distorções chiadas. Sujos ao vivo e limpinhos num estúdio, assim caminha a produção... Grandes letras de protesto associadas a um estilo meio perdido na modernidade. O Ep é constituído de quatro hits maturados há quase 10 anos, e que nunca, talvez, atinjam o amadurecimento, pois podem ter desaparecido esquecidos numa gaveta de um quarto qualquer, junto com alguns discos do The Jesus and Mary Chain, Bauhaus e Plebe Rude. A produção visual também vale um destaque, a capa expõe um céu triste daqueles que dão uma linda vontade de nos enchermos de comprimidos com uísque.
Os anônimos, Felipe, Tiago e Paulo Vitor
Dor,
protesto e Raiva! "Por trás do Céu" é um disco que considero “natimorto”, mas não pela
receptividade do público, mas por sua própria natureza peculiar a ouvidos
despreparados. Quarteto em acordes suaves, mostrando o quão sujos estão os
sentimentos, e até onde vai a decadência metafísica, ou seja, música para amar
ou odiar. Uma ótima pedida para refletir na escuridão sobre seus dias tão
artificiais quanto sua alma!
Felipe, Paulo Vitor, Erivaldo Mattüs e Tiago Anônimo
Esse
é também o primeiro trabalho que sai com a marca do Coletivo Escarcéu e
pode ser baixado pelo preço de um tweet ou uma compartilhada. Vale a
pena!
Fotos de Ricardo Silva
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