domingo, 30 de setembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
HORÓSCOPO
por Zé da Silva
Áries
Na mira telescópica ela surgiu exuberante. Os sol lhe dava um contorno como aura. Peito estufado, olhar atento ao entorno. Ele destravou a arma, inspirou profundamente e foi soltando o ar devagar, como aprendera nos tempos de farda. Sabia a hora certa de disparar – era quando todo o pulmão estivesse vazio e o corpo totalmente imóvel. Esse tempo se alongou, como se tudo tivesse perdido referência. Não havia mais ponteiros, mas sim aquele telhado à frente e na rua de terra um grupo de garotos munidos de estilingues, setras, atiradeiras. Estavam à caça de pardais, mas quem conseguisse acertar e matar pombas, ah, era o herói das tardes depois das aulas. Os projéteis eram bolas de barro feitas com esmero, redondinhas, secadas sob o mesmo sol de agora. Ele piscou. Voltou a atenção para o alvo. Penas brancas que, às vezes, se movimentavam ao sabor do vento. Ele olhou e previu a bala, na verdade um chumbinho, entrando no corpo, rasgando pele, ossos, músculos. A pomba olhou em sua direção, mas não voou. Ficou ali, como se quisesse aumentar a luta interna daquele matador. Ele encostou o dedo no gatilho, mas logo tirou e viu a ave voar. Olhou então uma janela na vizinhança e notou que alguém acompanhava aquela cena. Viu então um sorriso. Sorriu também.
FONTE: http://jornale.com.br/zebeto/2012/09/26/horoscopo-346/
Áries
Na mira telescópica ela surgiu exuberante. Os sol lhe dava um contorno como aura. Peito estufado, olhar atento ao entorno. Ele destravou a arma, inspirou profundamente e foi soltando o ar devagar, como aprendera nos tempos de farda. Sabia a hora certa de disparar – era quando todo o pulmão estivesse vazio e o corpo totalmente imóvel. Esse tempo se alongou, como se tudo tivesse perdido referência. Não havia mais ponteiros, mas sim aquele telhado à frente e na rua de terra um grupo de garotos munidos de estilingues, setras, atiradeiras. Estavam à caça de pardais, mas quem conseguisse acertar e matar pombas, ah, era o herói das tardes depois das aulas. Os projéteis eram bolas de barro feitas com esmero, redondinhas, secadas sob o mesmo sol de agora. Ele piscou. Voltou a atenção para o alvo. Penas brancas que, às vezes, se movimentavam ao sabor do vento. Ele olhou e previu a bala, na verdade um chumbinho, entrando no corpo, rasgando pele, ossos, músculos. A pomba olhou em sua direção, mas não voou. Ficou ali, como se quisesse aumentar a luta interna daquele matador. Ele encostou o dedo no gatilho, mas logo tirou e viu a ave voar. Olhou então uma janela na vizinhança e notou que alguém acompanhava aquela cena. Viu então um sorriso. Sorriu também.
FONTE: http://jornale.com.br/zebeto/2012/09/26/horoscopo-346/
terça-feira, 25 de setembro de 2012
RYOHEI HASE
Ryohei Hase é um artista japonês,
formado na Tama Art University, em Tokio, Japão. Mesmo local onde
reside. Com experiência na indústria dos video games, atualmente é um ilustrador freelancer, o que lhe permite criar obras nos
mais variados segmentos, como para revistas, cds, jogos, sites, blogs (internet em geral) e filmes.
Nas
horas vagas gosta de fazer pinturas que, como ele mesmo define,
expressam a escuridão da mente, onde tudo é frio e sombrio ao mesmo
tempo em que a força e a beleza são absolutas. São obras são verdadeiras
artes realistas da fantasia.
Mais ilustações e informações deste artista estão reunidas no site oficial do mesmo:
http://ryoheihase.com/ é só clicar e aproveitar!
domingo, 23 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
JOHNNY WINTER
RAISIN' CAIN
Lançado em 1980, Raisin' Cain é mais um clássico de Johnny Boy.
Como falei nos discos anteriores, o cara é mais um daqueles que você reconhece de cara ao escutar.
Este disco não tem a mesma pegada dos anteriores, pois é mais "soft", mas nem por isso ruim ou enjoativo.
O mais legal dele é que aqui houve uma inovação: Uma gaita. Não sei se é de boca ou das normais, mas há uma gaita (pelo menos o som é semelhante) em várias músicas, misturada à guitarra de Johnny e aos demais instrumentos.
Escute as músicas "Rollin' and Tumblin' " ou "Mother-In-Law Blues" e comprove. Eu, sinceramente, gostei muito do experimento. Não há muito o que falar mais não, o "albino" é o cara!
Como falei nos discos anteriores, o cara é mais um daqueles que você reconhece de cara ao escutar.
Este disco não tem a mesma pegada dos anteriores, pois é mais "soft", mas nem por isso ruim ou enjoativo.
O mais legal dele é que aqui houve uma inovação: Uma gaita. Não sei se é de boca ou das normais, mas há uma gaita (pelo menos o som é semelhante) em várias músicas, misturada à guitarra de Johnny e aos demais instrumentos.
Escute as músicas "Rollin' and Tumblin' " ou "Mother-In-Law Blues" e comprove. Eu, sinceramente, gostei muito do experimento. Não há muito o que falar mais não, o "albino" é o cara!
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
KIRK WEST
Iggy Pop, 1979
Big Mama Thornton, 1985
Wendy O Williams (Plasmatics), 1980
Willie Dixon, 1980
Koko Taylor, 1979
Tom Waits, 1979
Clarence Gatemouth Brown, 1980
FOTOS DE KIRK WEST
Fonte: http://floresdelfango.blogspot.com.br/2012/09/kirk-west.html
HORÓSCOPO
por Zé da Silva
Peixes
Trauma de água. Em grandes quantidades. Chuveiro, encarava. Banheira,
jamais. Piscina, passava longe. Rio, lagoa e mar, não gostava de ver
nem em foto. Um dia alguém convidou para o passeio. Foi. Dopado. Dormiu.
Acordou e se viu cercado de água. Quis fugir. Para onde. Subiu uma
escada. O sol forte lhe cegou momentaneamente. Viu um corredor. Foi,
cego. De repente, cadê o piso? No ar, feito menino passarinho. Lembrou
do Luis Vieira, mesmo porque tinha um amigo muito parecido. Não cantou. A
queda, vertinosa, desengonçada, parecia em super-câmera lenta para ele.
O corpo adernou para um lado. Passou na mente um Tupolev no ar e com
uma asa partida. A explosão foi sentida no lado direito do rosto e no
lado do fígado. Afundou. Lá embaixo a cena de um bebê escorregando numa
banheira de plástico azul. A mãe, longe, o gosto de sabonete Johnson
entrando goela abaixo como espuma da água. Emergiu. O sol não lhe cegou.
Sentiu paz. Olhou em volta. Flutuava como o barco. Sorriu para quem
sorria ali de cima. Tinha se livrado de mais um dos demônios.
Por afogamento.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
domingo, 16 de setembro de 2012
FERNANDO PESSOA
Ricardo Reis
Solene Passa
Solene Passa
A branca, inútil nuvem fugidia,
Que um negro instante de entre os campos ergue
Um sopro arrefecido.
Tal me alta na alma a lenta idéia voa
E me enegrece a mente, mas já torno,
Como a si mesmo o mesmo campo, ao dia
Da imperfeita vida.
Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/fp370.html
sábado, 15 de setembro de 2012
EDER JOFRE x ELOY SANCHES
Eder Jofre x Eloy Sanchez
Luta realizada em 18/11/1960 no Olimpic Auditorium em Los Angeles. Nessa luta Eder Jofre conquistou o Título Mundial dos Galos. Narração de Flávio Araujo para a Rádio Bandeirantes.
HORÓSCOPO
por Zé da Silva
Virgem
Tinha o abacateiro centenário e a casa de barro ao lado. Um terreiro
de chão batido, uma estradinha na frente e o som dos carros de boi
suspensos no ar. Grãos de milhos voavam. Pintainhos eram protegidos por
enormes asas. Alguém na casa de farinha cantava, suava e o fogo queimava
a madeira enquanto a prensa rangia ao espremer a mandioca. Uma luz
brilhava na faca da mulher que descascava a raiz. Aquela cor marrom da
casca que, em lascas, caía no vestido puído, mas de flores discretas,
combinava com a cor dos olhos, atentos. Alguém aboiou ao longe. Um galo
de campina olhou. Seu topete vermelho fez lembrar a cabeleira da música.
Alguém tomou água na caneca de alumínio amassada. A moringa descansa
sobre o rendado. Retratos pintados dos antepassados tomam conta de tudo
de dentro das molduras ovaladas. Uma jaca caiu do galho. A crina do
cavalo espantou a mosca. Ao longe, na paisagem, algumas casas antigas da
cidade sobem o pé do morro. Entre a casa e a cidade um cemitério todo
pintado de branco. Ali descansam eles. Os que nasceram, foram, voltaram e
ficaram para sempre. Na terra. Na origem. Para espalhar o que é
indizível.