por Zé da Silva
Escorpião
Lawrence da Arábia baixou.
Mas ele estava de cueca samba-canção e uma camiseta com um buraco na
clavícula direita. Mirou bem. Um peito estufado era o alvo. Pousado na
calha. O som da pressão fez o cachorro latir. O símbolo da paz perdeu o
equilíbrio. Caiu emborcado no piso sujo de óleo. O sangue escorreu, mas
ainda havia vida. Novo chumbo. Novo tiro. De misericórdia. Até aquele
momento ele tinha mirado vários vezes e sem apertar o gatilho. Dessa vez
o arrulho constante irritou demais. Senti prazer em matar. Ele ouviu a
voz de Peter O’Toole e reviu a cena na tela Cinerama. Queria atirar mais. Os pombos desapareceram do lugar.
FONTE: http://cartunistasolda.com.br/
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