Foi no Viaduto do Chá. Não sei explicar como fui parar lá, mas tomei aquele de lírio selvagem e a vi. A cigana. Vestia uma roupa igual à do Hendrix. Estiquei o braço direito e abri a mão sem ela pedir. Os olhos da mulher se arregalaram igual aos quadros daquela pintora que virou filme normal do Tim Burton. Mais que grandes! Não tem linhas, ela gritou. Um carro lá embaixo, no Vale do Anhangabaú, freou. Outro, atrás, bateu – e mais outro, outro, outro e outro. Marcelo Tas apareceu de óculos vermelhos como o repórter Ernesto Varela. Subiu num capô e levou um safanão de um craquelento que comandava o exército de esfarrapados que veio da Estação da Luz. Alguém lembrou de Michael Jackson e começou a cantar e dançar Thriller. A mulher que não desgrudou da minha mão deu um riso fantasmagórico. Não tinha dentes. Sem futuro, ela disse. Olhei em volta e concordei.
quarta-feira, 28 de junho de 2017
ZÉ DA SILVA
Foi no Viaduto do Chá. Não sei explicar como fui parar lá, mas tomei aquele de lírio selvagem e a vi. A cigana. Vestia uma roupa igual à do Hendrix. Estiquei o braço direito e abri a mão sem ela pedir. Os olhos da mulher se arregalaram igual aos quadros daquela pintora que virou filme normal do Tim Burton. Mais que grandes! Não tem linhas, ela gritou. Um carro lá embaixo, no Vale do Anhangabaú, freou. Outro, atrás, bateu – e mais outro, outro, outro e outro. Marcelo Tas apareceu de óculos vermelhos como o repórter Ernesto Varela. Subiu num capô e levou um safanão de um craquelento que comandava o exército de esfarrapados que veio da Estação da Luz. Alguém lembrou de Michael Jackson e começou a cantar e dançar Thriller. A mulher que não desgrudou da minha mão deu um riso fantasmagórico. Não tinha dentes. Sem futuro, ela disse. Olhei em volta e concordei.
Nenhum comentário :
Postar um comentário