por Zé da Silva
Sagitário
Fez esforço para não acreditar. Em vão. Estava feliz. Pela primeira vez na vida de meio século. Tudo fazia sentido. Compreendia as atitudes até dos que antes considerava inimigos. Havia sentido na vida. Havia amor no coração. Havia fé. Havia esperança. Nada tinha acontecido para tal. Ou teria? Lembrou apenas que acordou assim. E era uma segunda-feira depois de um final de semana onde a alma penou de tédio, como sempre. Chegou a pensar que tinha morrido e aquilo era o céu. O céu na Terra dos homens de boa vontade. Não era. Tudo real como o ônibus lotado feito lata de sardinha. Ali olhou o rosto dos que conseguiu. E recebeu sorrisos. Ou percebeu sorrisos. E na repartição onde carimbava memorandos, não havia mais peso do ambiente. A cinco anos a aposentadoria, leu o que carimbava. Fazia sentido. Tudo. Inclusive os desenhos das assinaturas. Correu para o espelho e se viu ainda jovem, apesar das entradas e do fios de cabelo branco. Teve vontade de gargalhar. E gargalhou ali. Da janela do outro prédio alguém gritou perguntando se ele estava louco. Ele respondeu que sim. Então voltou a carimbar. Certo de que tinha finalmente atingido a normalidade.
Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/2012/03/01/horoscopo-330/
Sagitário
Fez esforço para não acreditar. Em vão. Estava feliz. Pela primeira vez na vida de meio século. Tudo fazia sentido. Compreendia as atitudes até dos que antes considerava inimigos. Havia sentido na vida. Havia amor no coração. Havia fé. Havia esperança. Nada tinha acontecido para tal. Ou teria? Lembrou apenas que acordou assim. E era uma segunda-feira depois de um final de semana onde a alma penou de tédio, como sempre. Chegou a pensar que tinha morrido e aquilo era o céu. O céu na Terra dos homens de boa vontade. Não era. Tudo real como o ônibus lotado feito lata de sardinha. Ali olhou o rosto dos que conseguiu. E recebeu sorrisos. Ou percebeu sorrisos. E na repartição onde carimbava memorandos, não havia mais peso do ambiente. A cinco anos a aposentadoria, leu o que carimbava. Fazia sentido. Tudo. Inclusive os desenhos das assinaturas. Correu para o espelho e se viu ainda jovem, apesar das entradas e do fios de cabelo branco. Teve vontade de gargalhar. E gargalhou ali. Da janela do outro prédio alguém gritou perguntando se ele estava louco. Ele respondeu que sim. Então voltou a carimbar. Certo de que tinha finalmente atingido a normalidade.
Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/2012/03/01/horoscopo-330/
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