Com ele não tinha essa de nhenhenhém. Talvez por ter passado a maior parte do tempo encolhido, dentro da toca da cabeça dele, envolvido pelas quatro paredes do quarto. Um dia abriu as porteiras do mundão – e foi. Quando gostava, se entregava feito bebê procurando o leite no peito da mãe. Se não, ficava na dele, mas como geralmente tentavam pisar no seu calo, a pancada, de qualquer forma, era violenta. E se não pudesse fazer isso, guardava no departamento da vingança. Às vezes esperava anos até surgir a chance do golpe a ser desferido – e ele era como o de Kyuzo, o mestre espadachim do filme “Os 7 Samurais”. Não entendia bem como isso funcionava, mas não se importava. Porque carregava tatuado no peito a inscrição que pouca gente conheceu, porque um dia sumiu de tudo e de todos: “Lapide a lápide como quiser; foto, nome, frase bonita e o escambau – no final das contas, nada restará”.
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