Capricórnio
Não havia espaço na rua. Todos as quinquilharias possíveis estavam
ali, na principal da Vila. Os compradores passavam por cima, mas nada
era quebrado. As cores faziam as construções desparecerem da visão. Ele
estava dentro de um carro, numa rua que terminava ali. Era uma subida.
Alguém o acompanhava. Ele lembrava mais ou menos quem. O coração
apertava a garganta. Tinha que fugir, mas não sabia de quê. Acelerou sem
medo de atropelar alguém ou acabar com aquela feira monumental e
caleidoscópica. Ao chegar bem perto um outro carro surgiu. DKW quatro
portas. Derrapando, atravessando. Olhou o motorista. Também conhecia.
Parou. O outro veículo desapareceu da mesma forma que surgiu. Sem
explicação. Nada tinha explicação. A lembrança do nome do acompanhante e
do atravessante veio. Dois fotógrafos. De repente ele já está olhando a
agenda velha. Encontra os números dos dois. Disca um. Fala. Disca
outro. Fala. Há surpresa do outro lado da linha. Concordam depois de
gargalhadas que estão bem. Combinam um encontro. Na vila. Para andar no
DKW que um deles tem em coleção.
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