Luiz Solda nasceu no dia 22 de agosto de 1952
Por Roberto José da Silva
Luiz Solda nasceu em Itararé e é tão nobre quanto o Barão. Ele
sobreviveu para que eu o encontrasse. Eu posso delirar a vontade. Sem
ele saber, claro. Eu ainda estava na Vila, lá em Sampa, quando olhei seu
traço no Pasquim e ri da desgraça do mundão. O nome completou a liga.
Nunca mais desgrudei. Vim para Curitiba e me perdi de um lado. Ele
estava perdido do outro. Nunca nos encontramos, apesar de amigos comuns,
como a Lina Faria, mãe da nossa Tarsila. Ele se hospedou no Bom Retiro.
Eu, no Pinel. A vida baixou nos dois e um dia nos encontramos. Faz
pouco tempo. Amor ao primeiro silêncio. Solda é muito mais tímido do que
eu era quando a existência para mim era um bloco era um bloco de
concreto maior que o Himalaia pesando na minha alma. Se não rir não tem
graça. Um dia ele me falou ou escreveu algo assim e eu adotei como
filosofia que espalho, assim como digo que Zé Trindade, Costinha e Didi
Mocó são meus gurus, entre outros. Começamos a namorar com o
consentimento da Vera, dele, e da Sonia, minha. Trocamos palavras ao
telefone e mensagens onde vem um cartum e vai uma foto. Desejamos sempre
– e foi ele que começou – um divirta-se, saúde e, paras encerrar, um
sensacional foda-se. Ter um ídolo como amigo é coisa para privilegiados.
E eu invejo o Solda. Inveja boa, como dizem, principalmente porque ele
tem uma perua Fiat Panorama branca de mil novecentos e nada e meu
Santanão é muito mais novo, tem só 17 anos de uso. Combinamos até nos
traços paranoicos. Ele, como todo gênio da raça, é tão seguro quanto um
pudim de leite cavalgando um touro num rodeio. Ele começou a publicar
seus desenhos aqui porque, vejam só!, pediu. Minha alma saiu do corpo e
foi saltitar de felicidade na rua. Solda é um dos maiores cartunistas
do Brasil. Na cidade que adotou luta para manter os sinais exteriores de
pobreza, como diz. Diz e escreve. Além de tudo, o sessentão aí é poeta,
é repentista, é uma coisa! Há um tempo atrás a filha dele telefonou por
algum motivo e foi perfeita como o pai no humor certeiro : “Não sei se
te chamo de madrasta ou padrasto”. Na verdade sou apenas um privilegiado
de ter como companheiro da turma de sobreviventes o aniversariante do
dia. Parabéns e obrigado.
Nenhum comentário :
Postar um comentário