Falcão ri na cara de todos. Ele é o próprio Brasil. Lindo,
esculhambado e esculhambador. O esculhambador geral nessa terra onde
quem poderia abrir o olho, fecha o… deixa pra lá. Em que rádio tocam o
grande cearense? Na dos intelectuais é que não. Ele é brega? Mas se
algum guru disser que ele é a tropicália em pessoa, vão correndo ouvir. O
que mesmo? A casa do BNH que fica na casa do caralho. O analista
dizendo por favor me coma. O tamanho da lombriga no bucho do menino. O
cearense arquitetou o nó e dançou a dança do jegue, com a estrovenga
balançando a quem interessar possa. Ele e o parceiro Tarciso Matos
escreveram e escrevem recados atravessados, politicamente incorretos
(que delícia!), obras-primas do nonsense gozativo, apelativo, que os
fazem herdeiros de uma tradição cada vez mais soterrada pela babaquice
dos que pensam saber e dos que não sabem nada de música, porque esquecem
o entorno, esquecem este país aloprado e nem sabem que ainda se caga no
mato ali na esquina. Aos que incensam apenas um dim-dom e babam ao
ouvir o cae discorrendo sobre semáforos, Falcão faz lembrar Ary Barroso,
Alvarenga e Ranchinho, Venâncio e Corumba, Zé Limeira, Chacrinha e
tantos mais, para chutar a pança e perguntar onde vocês estão com a
cabeça? No Rock in Rio? No Festival de Jazz? Na Caixa Prego? Ai minha
mãe, minha mãe, atirei o pau no gato e eles nem miou. Ele cantou A
Besteira é a Base da Sabedoria e os abestalhados continuaram ruminando
em outros pastos, com aquela baba viscosa escorrendo sem entender
recados diretos como uma frase de Nelson Rodrigues. Rotulam este senhor
Marcondes Falcão Maia, natural de Pereiro, Ceará, como brega – e fim de
papo. Por isso ele ri. Sempre. Mesmo porque a palavra rima com prega.
Por isso, continua atochando. Quem sabe, um dia.
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