segunda-feira, 19 de setembro de 2011

NUNCA VIU, CARA DE PAVIU?

 Por ROBERTO JOSÉ DA SILVA
                    Em Paulo Jacinto (Alagoas) – Fotos de Ricardo Silva                    

Assim mesmo, menino, encare e pergunte: “Nunca viu, cara de paviu?”. Isso mesmo, meninos, corram atrás dela, a bola, mágica na simplicidade esférica; disputem, chutem, caiam, levantem, respirem, para levar para sempre isso aí mesmo, lá dentro, para toda vida, como dizia a canção de Milton Nascimento, grande menino, bola de meia, bola de gude. Se um dia ouvirem algum babaca falar em “ópio do povo”, não liguem. Isso sai da boca de alguém que nunca deu um bico e jamais saberá o que é fazer gol no campo e na vida. O jogo é esse! O do campo e fora dele. É preciso ir atrás, disputar sem maldade, mas sem dar moleza, conhecer os mistérios, estudar o que envolve, saber que é possível tudo, até aquele de bicicleta, a jogada de placa, dribla um, dribla dois, dribla três, bola entre as canetas e… Ah, sim chutamos para fora também, aparece o montinho naquela hora da decisão, coração na boca, canto escolhido. Mas o jogo não para nunca. E precisamos sempre da ajuda dos amigos que estão em campo, do incentivo da torcida, etc. Mas, como na vida, o grande problema são os cartolas, os juízes, estes do poder, que se acham mais que vocês, nós, meninos da batalha diária. Há os honestos, sim, mas a maioria… Hummmmmm. Precisamos saber com quem lidamos, para não aceitar ordens absurdas, decisões erradas, apitos fora de hora. Eles sabem quem somos, podem ter certeza. Meninos que amam o simples e absurdo da coisa normal, honestos de pai e mãe, que podem peitar qualquer um porque não devemos nada, só queremos poder seguir com o jogo, que nos dá prazer, que nos dá o sustento, que nos permite olhar o que é. Meninos, o jogo é sério, apesar de eles, aqueles, acharem que tudo tem que continuar sendo levado no vai da valsa, porque assim a gente não presta atenção no que fazem por baixo dos panos, ou naquilo que querem fazer dentro de campo, em benefício próprio. É preciso gritar também, fazer coro com a torcida, expulsar, trocar, se impor. Afinal, o campo é nosso, assim como a bola, e vocês, nós, somos a imensa maioria neste país tão lindo, tão feio, tão alegre, tão triste.

Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/

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