(1527 / 1593)
Giuseppe Arcimboldo nasceu em Milão (Itália), no ano de 1527. Era filho do pintor Biagio Arcimboldo. No início, Arcimboldo foi discípulo do pai, com quem colaborou no desenho dos vitrais da catedral de Milão. Em 1551, pintou cinco cotas de armas para Fernando da Boêmia. O duque estava de passagem por Milão, e, provavelmente, alguém lhe falou de Arcimboldo. Isso foi antes de se tornar o Imperador Fernando I. É possível que Arcimboldo tenha sido mais famoso do que julgamos. Não se passariam muitos anos até ceder às repetidas solicitações do Imperador Fernando I para morar em Praga, na Tchecoslováquia, recebendo o convite para ser o artista da corte. Durante vários anos, esteve a serviço dos imperadores Fernando I, Maximiliano II e Rodolfo II.
Em 1562, Arcimboldo deixou a sua terra e entrou na
corte do imperador, onde foi estimado e bem tratado por ele, sendo
recebido com grande amabilidade e obtendo um bom salário. Serviu aos
imperadores como arquiteto, cenógrafo, engenheiro, organizador de
festejos e criador de máscaras e fantasias. Os imperadores adquiriram
objetos, plantas e animais exóticos vindos de todas as partes do mundo
para enriquecer as câmaras de arte e prodígios. Era nessas câmaras que
Arcimboldo estudava cada pormenor de animais e plantas que utilizava em
seus quadros.
Arcimboldo teve uma vida muito preenchida e honrosa
na corte imperial, não só pelo Imperador Fernando I, mas também pela
corte inteira; não só pelos seus quadros, mas também por muitas outras
obras de arte e peças em madeira destinadas a ocasiões como torneios,
jogos, casamentos e coroações. Giuseppe Arcimboldo, nobre e inspirado,
executou um grande número de trabalhos artísticos, raros e delicados,
que causaram um espanto considerável entre todos os ilustres nobres que
se costumavam juntar ali, e o seu senhor e amo, Imperador Fernando I,
estava muito agradecido a ele. Vale a pena mencionar que, quando
Maximiliano sucedeu a seu pai no trono imperial, Arcimboldo nunca
recebeu uma recusa para ver o imperador a qualquer hora do dia, porque
se encontrava entre aqueles que o imperador tinha em especial favor. Foi
capaz de exercer sua influência em Maximiliano devido à extensão dos
próprios conhecimentos. Maximiliano dava tanto apreço às opiniões de
Arcimboldo que não só escutava os seus pontos de vista, como adotou o
próprio gosto do artista. Com auxílio de Arcimboldo, ampliou os seus
gabinetes de arte e raridades, criando, assim, o núcleo de um museu.
Na verdade, a corte austríaca, na sua totalidade,
estimava-o e amava-o pela sua arte, assim como pela sua disposição
impecável. Quando Maximiliano morreu, sucedeu-lhe o seu filho Rodolfo,
que continuou a dispensar a mesma mercê e afeição a Arcimboldo, tal como
fizera seu pai.
Arcimboldo apreciava transformar um rabanete em um
rato? Uma vagem em um inseto? Com certeza ele expandiu a imaginação de
seus contemporâneos e de artistas (e não-artistas) até os dias de hoje.
Por meio de sua visão vegetariana, ele explorou a
relação do homem consigo mesmo e com a natureza. Ele via uma ligação
singular entre seres humanos e outros organismos vivos.
Suas obras mais famosas são as várias cabeças
compostas, que retratam perfis humanos a partir da reunião de bichos,
pessoas, plantas e diversos objetos. Suas telas não eram vistas, na
época, apenas como pinturas: funcionavam como um jogo, uma brincadeira.
Após vinte e seis anos de serviços prestados a esses
grandiosos monarcas e a toda a casa da Áustria, este nobre e honrado
Giuseppe pediu várias vezes ao imperador que lhe fosse concedida,
graciosamente, licença para voltar à sua terra natal para aí desfrutar
da sua velhice. Esse favor foi-lhe finalmente concedido, embora com
muita relutância, porque sua majestade imperial se lhe tornara tão
afeiçoado que se sentia pouco inclinado a privar-se da sua presença.
Arcimboldo morreu em 11 de julho de 1593 e, em pouco
tempo, caiu no esquecimento. Somente no início do século XX, sua obra
voltou a ser valorizada, especialmente pelos surrealistas, que se
inspiraram no aparente desvario de suas telas.
CUNHA, Leo. O inventor de brincadeiras. Arcimboldo. Belo Horizonte: Dimensão, 1996. Coleção arte/vida. |
Fonte: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=840
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