Os derradeiros anos de Tolstoi
Filme que reflete os últimos anos da vida do
grande escritor e pensador russo, a obra de Michel Hoffman interessa-se
particularmente pela disputa do seu legado, opondo a amada mulher de
Lev (Leo ou Leão), Sofia Tolstoi, ao seu grande amigo e companheiro de
movimento Vladimir Chertkov. Em causa, a passagem dos direitos para a
família ou para o movimento tolstoiano, também eles duas das mais
magníficas obras de Tolstoi...
Da propriedade de Iasnaia Poliana, onde Tolstoi
nasceu e veio a criar uma verdadeira comunidade de camponeses vivendo
sob a sua nova moral – baseada na doutrina cristã mas distante de
qualquer Igreja de então – à remota aldeola de Astapovo, onde acabará
por morrer, o filme debate-se de princípios e razões sobre o mais justo
destino do seu pensamento. Por deste mesmo se tratar, subjacente à
disputa, uma outra questão surge no filme, infelizmente não com o
aprofundamento merecido, que é afinal a essência da vida e labuta do
autor de “Guerra e Paz”, “Infância, Adolescência e Juventude” ou “Anna
Karenina”: a do amor, como princípio e fim de todas as coisas e
relações.
Além da boa direção fotográfica, o filme conta
com um fenomenal elenco, que inclui a reconhecida e premiadíssima Helen
Mirren, no papel de Sofia (mais recentemente galardoada pela sua
prestação magnífica e simultânea como Isabel II e I de Inglaterra em,
respetivamente, cinema e série TV), Christopher Plummer, Paul Giamatti e
James McAvoy.
O argumento, bem estruturado, é gerido com
eficácia quer pelos atores, quer pela realização adequada de Michael
Hoffman. O seu único problema, a maior fragilidade de “Última Estação”,
é não chegar à profundidade que o seu sujeito/objeto pediria.
Acompanhar uma faceta da vida de Tolstoi, ainda
que apenas numa faceta e com toda a evidente correção que pautou a
conceção do filme – de técnica a conteúdo – não pode evitar na maioria
dos espetadores já familiarizados com a sua obra, uma certa sensação de
superficialidade, com uma carga dramática a sobrepôr-se a um
aprofundamento, insuficiente, das suas premissas.
O título do filme faz referência ao local onde Tolstoi morreu, a estação de caminho de ferro de Astapovo.
Fonte: http://www.snpcultura.org/vol_a_ultima_estacao.html
Nenhum comentário :
Postar um comentário