- por Bernardo Brum
Carpenter, com orçamento limitado,
formato de televisão e um roteiro bastante simplório a nível de história
– porém possuidor umas discussões bastante interessantes a respeito da
criação cinematográfica, faz o espectador perder o fôlego durante uma
hora. A direção, o ritmo e a intensidade imprimidas no filme demonstram
um fôlego que parecia que o diretor tinha perdido desde A Cidade dos Amaldiçoados.
Neste episódio é contado a história de um
endividado dono de cinema especialista em econtrar cópias de filmes
obscuros por quantias módicas.
Certo dia, é contratado por um ricaço
excêntrico para encontrar a única cópia existente do filme mais
perturbador que se tem notícia no universo ficcional da história, uma
película francesa que atende pelo nome O Fim Absoluto do Mundo,
cuja única vez que foi exibido pelo público fez o mesmo matar uns aos
outros e destruir o cinema. O interesse só cresce quando o proprietário
do cinema, seu ex-sogro, o ameaça de morte caso não quite a dívida. No
meio do caminho, envolve-se com o lado barra pesada do mercado negro, o
lado underground e obscuro do cinema e uma série de eventos
sobrenaturais. A própria obsessão do protagonista faz o mesmo lembrar-se
do seu passado que envolve vício em drogas e uma namorada morta,
misturando-se com uma suposta maldição que faz quem procura o filme ver
“queimaduras de cigarro” (aqueles círculos tostados que projetores
velhos fazem em películas expostas ao calor intenso, como também vemos
em determinada cena de Clube da Luta, de David Fincher).
Homenageando tanto o cinema de segundo
escalão quanto a profissão de projecionista (como a sequência em que o
projecionista gordinho do cinema revela manter uma coleção de fotogramas
recortados e roubados das cópias que chegam no cinema de clássicos
filmes de terror), Carpenter mistura efeitos bem toscos com sequências
bem perturbadoras, e também brincando com a própria forma de se montar e
exibir um filme, como quando faz o próprio espectador ver as
“queimaduras de cigarro” que sempre dão alguma reviravolta inexplicável
na história. Afora o lado semiótico do roteiro que discute a
responsabilidade e liberdade dos criadores e responsáveis pelo cinema, o
episódio é uma hora inteira de sangreira, suspense e diversão
ininterruptas, incluindo sequências próximas ao genial – tipo a que
mistura um projetor, película, sangue e tripas. Oh, yeah!
Fonte: http://cinecafe.wordpress.com/tag/cigarette-burns/
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