por Zé da Silva
Capricórnio
Olhou a cruz, fez o sinal e quase foi atropelado pelo ônibus. Um
bêbado em estado quase terminal olhou nos seus olhos. Ele não segurou.
Desviou. Viu uma freira na fila do ônibus. Outra numa passarela. Eram
santas? O cavalo na calçada tinha pintura nova. E uma flor vermelha de
plástico na testa. O velho, negro e corcunda atravessou na faixa de
pedestre. Tinha uma mochila nas costas e um sorriso nos lábios. Na
calçada alguém arrastava uma guarda-chuva. A ponta de metal fazia o som
cortar o ar. O dono tinha um chapéu com a aba rasgada e um bigode fino e
mal aparado. Tinha uma tevê ligada na vitrine. Saiu o loro e entrou
brigas ferozes entre meninas estudantes. Ele olhou sentiu uma dor no
coração e arrancou. Um carro alucinado quase passa por cima. Novo sinal
da cruz. No dia normal da cidade grande.
Fonte: http://jornale.com.br/zebeto/
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